quarta-feira, 29 de junho de 2011

"A Batalha do Apocalipse" (Eduardo Spohr)

Oi Pessoal! Desculpem a demora para postar um novo texto, mas tive alguns problemas de saúde na minha família. Agora vou procurar compensar a demora, principalmente compartilhando com vocês a leitura que fiz deste livro genial!


Este livro é uma caixinha de surpresas da qual emergem histórias de diferentes etapas da trajetória humana, as quais se entrelaçam e compõem a narrativa inigualável de Eduardo Spohr sobre o Crepúsculo dos Tempos, conhecido biblicamente como o Apocalipse. Ao longo do enredo ele retrata a ganância, a ambição e a sede de poder de Homens e Anjos.
O autor retoma a tradição dos mitos gregos, que representam os deuses como seres passionais, inclinados a alimentar as mesmas emoções que dominam o coração humano: ira, cólera, ciúme, ódio e paixão, ao lado de ideais sublimes. Ele mescla a esta mitologia ancestral valores cristãos dogmáticos, como Adão e Eva, o Paraíso Perdido, a serpente tentadora, Noé e o Dilúvio, a hierarquia angelical, entre outros; noções modernas do Cristianismo, tais como a evolução do Homem e do Planeta, colônias espirituais, espíritos perdidos na esfera etérea, que não conseguem seguir adiante antes de concretizar seus desejos de vingança; e concepções religiosas orientais, particularmente conceitos panteístas.
Concentrando todo o poder debaixo de suas asas, os poderosos arcanjos, onipotentes e intocáveis, utilizavam a palavra de Deus para justificar sua própria vontade. Revoltados com o amor do Criador para com os seres humanos e movidos por um ciúme intenso,decidiram ir contra as leis do Altíssimo e destruir todo homem que caminhasse sobre a terra, acabando assim com parte da criação do Divino.
A este caldeirão de crenças e fantasias humanas soma-se a ação épica de um herói inesquecível, o querubim Ablon, e seu amor utópico por Shamira, uma poderosa feiticeira humana. A partir do primeiro encontro entre ambos, quando o protagonista salva a moça pela primeira vez, a trama vai acompanhando o percurso humano, desde a era da Antiga Mesopotâmia, quando o rei Nimrod construía a mítica Torre de Babel, até o mundo contemporâneo, passando pela história do Império Romano, com escalas pela Antiga China, passagens pelo deserto no qual hoje estão localizados o Iraque, o Afeganistão e o Irã, sem deixar de lado Jerusalém na época de Jesus e depois na atualidade.
Antes, porém, de retratar a história humana, o autor remonta ao estágio anterior à criação do Universo, quando o Deus da Luz combateu a Deusa das Trevas, Tehom, durante as Batalhas Primevas. Só então, com a derrota da escuridão e do caos, foi possível criar o Cosmo como hoje o conhecemos.
Houve um tempo, muito anterior à aurora do universo, em que o infinito estava dividido em duas províncias, a província das trevas e a província da luz. A escuridão era então governada por uma divindade hedionda, Tehom, a deusa do caos. (...) Seu opositor era o deus da luz, o resplandecente Yahweh. Em determinada ocasião, Yahweh e Tehom entraram em guerra.
O Criador contou então com a ajuda dos Arcanjos, sua primeira criação – Gabriel, Rafael, Uziel e Lúcifer, liderados pelo primogênito, Miguel. Logo depois Ele gerou os anjos, divididos em várias castas, as quais definem sua natureza essencial. Para melhor compreender a história, o leitor precisa entender que as criaturas angélicas são dominadas por suas divindades, poderes especiais. Por exemplo, os querubins são dotados de dons bélicos, o que determina sua personalidade guerreira; já os serafins são diplomatas e burocratas, e alguns, como Sieme, são dotados de talentos mentais, entre eles a telepatia.
Mas anjos e arcanjos não têm uma alma dotada de livre-arbítrio, e alguns deles se deixaram dominar pelo ciúme, pois Deus tinha especial predileção pela raça humana, entre eles Miguel, responsável por executar as Vontades Divinas. Possuído pelo egoísmo e pela ambição de dominar um Universo desprovido de mortais, ele conduz um plano estratégico para destruir a Humanidade.
Todos nós temos um espírito: humanos, deuses, animais e até plantas. O espírito é a energia vital que alimenta os seres viventes, mas espírito e alma são elementos distintos, embora poucos o saibam.É a alma que faz dos terrenos especiais no universo. É a força da alma que os torna conscientes, autônomos, que dá a vocês o livre-arbítrio, a dádiva que foi negada às entidades aladas.
Miguel produz então, com a ajuda de seu séquito, inúmeros cataclismos, entre eles o Dilúvio, do qual Noé sobrevive, contribuindo para preservar a raça humana, e a destruição de Sodoma e Gomorra, a qual é perpetrada especialmente por Apollyon, agente da morte e inimigo milenar de Ablon.

A Destruição de Sodoma e Gomorra
O extermínio dos habitantes destas cidades é o estopim para que o celestial Ablon e seus seguidores se rebelem contra os arcanjos; traído, porém, por Lúcifer, o protagonista e os outros querubins são exilados na Haled, como é denominada a esfera terrena. Materializados na Terra, os dezoito renegados tentam sobreviver na nova realidade, mas passam a ser inclementemente perseguidos tanto pelo Diabo, já expulso do céu após uma revolta pretensamente debelada, quanto por Miguel.

Ablon não era o único a sofrer com as memórias passadas. Orion também tinha seus próprios fantasmas, e talvez fosse a dor que os unisse, a nostalgia inesquecível daqueles dias de glória. Compreendeu, então, mais uma das grandes emoções humanas. A ligação entre demônio e renegado era forte porque compartilhavam das mesmas lembranças. E essas recordações são invioláveis, precisamente porque se transformam em lugares míticos, inalcançáveis, ícones para uma mente sofrida.
Resta a Ablon aguardar o Dia do Ajuste de Contas ou do Juízo Final para retornar ao Plano Etéreo, esfera espiritual mais afastada da Crosta terrestre, e aí ter a oportunidade de finalmente confrontar seu adversário político, Miguel, no maior confronto já protagonizado pelos celestiais, o Armageddon, que terá como cenário o famoso Monte Megiddo, previsto como o palco da batalha final do Apocalipse. Neste momento o querubim terá também, quem sabe, a chance de eliminar seus inimigos pessoais, o Exterminador Apollyon e o Anjo Negro.
Enquanto isso, Ablon e Shamira, que se tornou a bruxa mais poderosa do Planeta, e por esta razão detém o poder da longevidade, vão testemunhar a história da Humanidade, o nascimento e a queda de Impérios e civilizações. Até que o Homem, de posse de armas e tecnologias letais, inicia sua caminhada rumo à destruição. Os Sete Selos estão sendo violados, e logo soarão as Sete Trombetas, marcos da deflagração do Apocalipse.
O tecido da realidade é feito da coletividade da consciência terrena. Representa a capacidade dos homens de acreditar no que é real e negar o impossível. (...) Mas o fim do mundo representará também o fim de todas as instituições, da civilização como a conhecemos. Todos os valores humanos serão trucidados, e o impossível passará a existir. Não haverá mais uma barreira entre o real e o questionável. (...) Tudo em que o Homem sempre acreditou será desmentido. (...) Muitos morrerão, e os que viverem aceitarão uma nova percepção do universo.
O leitor tem o desafio de transpor as 586 páginas deste livro na companhia de Ablon e Shamira, com a ajuda de um glossário que esclarece os termos bíblicos desconhecidos e ajuda a localizar os inúmeros personagens que desfilam por esta obra épica. Adianto, porém, que não é nenhum sacrifício mergulhar nas várias histórias que se unem para compor o mosaico da história humana.
Quanto à descrição do Apocalipse, afirmo que é a narrativa mais eletrizante e cinematográfica já vista nos livros que li até hoje, com suas reviravoltas, mudanças incessantes de cenas, idas e vindas, até culminar em um final completamente imprevisto e criativo. Além disso, a leitura nos oferece reflexões essenciais e meditações que nos acompanham mesmo após a conclusão de sua leitura. Principalmente sobre os descaminhos da Humanidade, suas guerras e os interesses econômicos que as movem.
Foi assim que, pela primeira vez, percebeu os sinais, os indícios que confirmavam os últimos dias da terra. Começou com aquilo que os profetas chamaram de "cavaleiros do Apocalipse". Não houve cavaleiro de fato nem entidades montadas que personificassem a previsão. Mas o renegado podia percebê-los nas guerras no Oriente Médio, nas crianças famintas da África, nas epidemias, nos falsos videntes e em todo lugar onde a morte arrastava seu manto. Depois, a situação mundial se degradou, e isso nada teve a ver com as forças infernais ou celestes.
Muitas passagens nos despertam emoções profundas: raiva, alívio, tristeza – confesso que chorei em vários momentos – e alegria. E em outras o autor alcança, na sua linguagem, momentos de intensa poesia.
Assino em baixo do comentário do escritor José Louzeiro na contracapa desta obra, não há mesmo na literatura de língua portuguesa algo que sequer se assemelhe a este livro; o autor nos conduz por uma saga que pode bem figurar ao lado de clássicos como A Odisséia e A Ilíada, até mesmo por seu caráter mitológico.
A visão dos fantasmas na entrada da trilha secreta confundira sua mente. (...) A busca pela iluminação o deixara catatônico, mas, ao presenciar a materialização das rapinas, o rapaz enfim compreendeu que não existia apenas uma realidade, mas várias. (...) Mas o fato de que, para ele, elas não existiam não queria dizer que não pudessem vir a existir. Acreditar no impossível é a chave para entender os segredos do universo.
Eduardo Sporh nasceu no mês de junho de 1976 no Rio de Janeiro. Ele é jornalista, escritor, professor, blogueiro e podcaster brasileiro, tendo em seu currículo uma atuação no podcast Nerdcast, pertencente ao blog Jovem Nerd. Seu livro esteve entre os mais comercializados no segundo semestre de 2010, ano em que a Editora Record, por meio de seu selo Verus, publicou esta obra. Até dezembro o autor já havia vendido pelo menos 50 mil cópias.

Editora: Verus

Autor: Eduardo Spohr

ISBN: 9788576860761
Origem: Nacional

Ano: 2011

Edição: 10

Número de páginas: 586

Acabamento: Brochura

Formato: Médio



quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Lua Nova" (Stephenie Meyer)

Oi Pessoal! Finalmente estou dando partida nas resenhas sobre os vampiros. Bom, contrariando todas as expectativas,  não vou começar de Crepúsculo, isso porque tomei contato com esta série através do primeiro filme, e achei tão irresistível que decidi partir logo para a leitura do Lua Nova.
Com tantos livros para ler, Crepúsculo ainda aguarda na pilha. Mas prometo em breve postar a resenha desta leitura aqui no blog. E, se não se importam ... rs rs rs ... Vou começar pelo Lua Nova.



Algumas tramas apenas sugeridas em Crepúsculo despertam com força total em Lua Nova, a eletrizante sequência da saga de Stephenie Meyer, especialmente o tão esperado triângulo amoroso protagonizado por Bella, Jacob e Edward. Outra personagem, que apenas promete seu retorno no primeiro livro, ressurge aqui de forma arrebatadora, deixando atrás de si um rastro de sangue, a vampira Victória.

O tempo começou a passar muito mais rápido do que antes. Escola, trabalho e Jacob (...) criaram um padrão simples e tranquilo a seguir. (...)
Jacob libertou um braço para colocar a mão grande e castanha sob meu queixo e me fazer olhar para ele. (...)
Ele colocou a palma em minha bochecha, para que meu rosto ficasse preso entre suas mãos ardentes.
- Bella - sussurrou ele.
Fiquei paralisada.
(...) Eu o fitava. Ele não era o meu Jacob, mas podia ser. Seu rosto era familiar e adorado. De muitas maneiras verdadeiras, eu o amava. Ele era meu conforto, meu porto seguro. Naquele exato momento, eu preferia que ele me pertencesse.
(...) Talvez fosse ótimo. Talvez não fosse uma traição. Além disso, a quem eu estava traindo, aliás? Só a mim mesma.

Ao contrário do esperado na continuação de uma obra que ocupou por muito tempo o primeiro lugar na lista dos mais vendidos nos mais conceituados veículos literários, Lua Nova é ainda mais eletrizante, hipnótico e sedutor, conquistando o leitor desde as primeiras linhas.É praticamente impossível deixar de navegar por suas páginas até que finalmente se alcance, sem fôlego, as últimas palavras, as quais pairam no ar, na mais fiel tradição de Scherazade, a autora das Mil e Uma Noites, conduzindo inevitavelmente o leitor até o terceiro livro da série, Eclipse.
Em Lua Nova a autora remete seus personagens a um passado longínquo, às origens de sua própria história. Os mitos quileutes apenas esboçados anteriormente ganham forma concreta neste livro. Assim, outras criaturas míticas se somam aos vampiros, levando Jacob a uma jornada sem volta aos segredos que envolvem sua família e seus amigos, especialmente o enigmático Sam Uley.
Rapidamente percebi que não era o sonho de sempre. (...) Aquela era a floresta em volta de La Push - perto da praia, eu tinha certeza disso. (...) E então Jacob estava ali. Ele pegou minha mão, puxando-me de volta para a parte mais escura da floresta. (...)
"Jacob, qual é o problema?", perguntei. Seu rosto era o de um menino assustado (...) ele puxava com toda a força, mas eu resistia; não queria ir para o escuro.  (...) Jacob largou minha mão e gritou. Tremendo e se retorcendo, ele caiu no chão a meus pés.
"Jacob!", gritei, mas ele se fora. Em seu lugar havia um imenso lobo castanho-avermelhado, com olhos escuros e inteligentes (...) Os conhecidos olhos castanho-escuros de Jacob Black.

Por outro lado, Edward também realiza uma viagem rumo ao desconhecido, na mesma direção do destino que marca a relação entre amantes que se veem sem saída, no melhor estilo Romeu e Julieta. Esta história clássica, de repente, parece transportar Bella e seu amado à mesma trajetória de desencontros, mal-entendidos, ameaças e morte. E leva a protagonista a mergulhar sua existência em um estado de completo vazio emocional, um árduo caminho que, através da dor, a conduz inevitavelmente à maturidade.
- Não o invejo por causa da garota... (Julieta) Só pela facilidade do suicídio - esclareceu num tom de provocação. - Para vocês, humanos, é tão fácil! Só o que precisam fazer é engolir um vidrinho de extratos de ervas... (...)
Na primavera passada, quando você estava... quase morta... - (...) É claro que eu tentava me concentrar em encontrar você viva, mas parte de minha mente fazia planos alternativos. (...)
- Bem, eu não ia viver sem você. (...) Mas não tinha certeza de como fazer... Eu sabia que Emmet e Jasper não me ajudariam... Então pensei em talvez ir para a Itália e fazer algo para provocar os Volturi.
Neste contexto aparecem na trama novos e fascinantes vampiros, simultaneamente aterrorizantes e sedutores, a medieval família Volturi, guardiã da cidade de Volterra, localizada na Itália. Seus três integrantes – Caius, Aro e Marcus -, antigos companheiros de Carlisle, líder do clã dos Cullen, acrescentam novos e mais picantes ingredientes à já complexa relação de Bella com Edward.
Alice dissera que havia uma boa possibilidade de que morrêssemos ali. Talvez fosse diferente se ela não estivesse na armadilha que era a luz do sol intensa; só eu estava livre para correr por aquela praça cintilante e abarrotada. E eu não conseguia correr com rapidez suficiente. (...) À medida que o relógio começava a soar a hora, vibrando sob a sola de meus pés lentos, eu sabia que era tarde demais para mim (...)
- O que é um Volturi? - perguntei.
- Os Volturi são uma família - explicou ele, os olhos ainda distantes. - Uma família muito antiga e muito poderosa de nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma família real, imagino. (...)
- De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi (...) A não ser que se queira morrer... Ou o que quer que aconteça conosco.

No segundo livro a protagonista se vê dividida entre dois universos míticos. Seu coração oscila diante de um cruel dilema, escolher entre adversários milenares, amores distintos e intensos, cada um a sua maneira. A amizade e a lealdade são colocadas à prova e Bella tem que optar por um lado. Afinal, como conciliar crenças e interesses tão antagônicos?
Bella, mais que nunca, intensifica seu distanciamento das outras pessoas, particularmente na escola. Como Zoey, a protagonista de Marcada – da série House of Night -, ela tem uma crescente dificuldade de interação com os humanos e se sente constantemente deslocada no seu círculo social. Talvez por isso ambas se sintam tão à vontade junto a criaturas míticas e imortais.
Já fazia semanas, até meses, que Jess deixara de me cumprimentar quando eu passava por ela no corredor. Eu sabia que a havia ofendido com meu comportamento anti-social, e ela estava chateada. Não ia ser fácil falar com ela agora - em especial lhe pedir para me fazer um favor. (...) Eu não ia enfrentar Charlie de novo sem ter alguma interação social para contar.
Stephenie Meyer parece mesmo ter encontrado a fórmula do sucesso, combinando irresistivelmente em Lua Nova as doses certas de romance, fantasia, suspense e o resgate de criaturas míticas com novas vestes, bem mais atraentes e fascinantes. O resultado é um livro de tirar o fôlego, inspirado, segundo a autora, em músicas do circuito alternativo, especialmente em bandas como Muse, Coldplay, Linkin Park, My Chemical Romance, entre outras. E a sequência, Eclipse, promete ainda mais.

Editora: Intrínseca

Autor: Stephenie Meyer

ISBN: 9788598078359

Origem: Nacional

Ano: 2008

Edição: 1

Número de páginas: 480

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Volume:







segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Vita Prada" (Gian Luigi Paracchini)

Oi, Pessoal.
Novamente mais um lançamento de ponta da Editora Seoman. Para quem gosta de moda e também para os outros leitores, pois a narrativa parece ser realmente atraente, como um delicioso romance italiano.


Hoje a marca italiana Prada é conhecida não só no universo da moda, mas em qualquer esfera cultural. Este livro procurar levar ao leitor a história de seus criadores, o casal Miuccia Prada e Patrizio Bertelli, que se impõem no cenário fashion com um raro talento e com a ajuda de seus temperamentos intensos e inesquecíveis.
A Prada é amplamente reconhecida por ser sinônimo de graça e delicadeza, aliadas à simplicidade, e também pela produção de um figurino que, por sua elegância, assemelha-se a uma obra-de-arte extraordinária. Por esta e outras razões ela se converteu em uma grife conhecida em todo o Planeta.
Não é à toa que a “queridinha” do mundo fashion foi eleita por Gian Luigi Paracchini para protagonizar esta bem-humorada contribuição à história da moda. E este é com certeza um dos livros mais desejados do ano no universo da moda. Porém Vita Prada, publicado pela Editora Seoman, irá agradar não somente os adeptos deste mundo glamoroso, mas igualmente os amantes desta esfera, particularmente os que amam a grife, e os demais interessados na trajetória desta marca.
Ao longo da narrativa o autor reserva ao leitor inúmeros casos, bastidores e as histórias por trás das figuras que povoam este universo. A intenção do autor é transcender o âmbito cultural e fashion, trazendo a público histórias divertidas, algumas delas ainda não divulgadas, e assim conquistar as graças do leitor com a força do enredo.


Paracchini segue narrando a jornada percorrida pela grife, seu desenvolvimento no mundo dos negócios, o êxito nos desfiles e de que forma a Prada marcou não somente o mundo da moda, mas igualmente o universo artístico, a arquitetura e o próprio cinema. A obra também apresenta 40 páginas de fotos deslumbrantes para complementar a trajetória de uma das marcas mais significativas do mundo.
O autor constrói seus personagens como se protagonizassem um intenso enredo italiano. Nesta obra o leitor terá a oportunidade de conhecer melhor a jornada afetiva e profissional deste renomado casal que marcou a história da moda.
Gian Luigi Paracchini nasceu na cidade de Milão, na Itália, no ano de 1947. Ele se graduou em Ciências Políticas e iniciou sua trajetória como repórter no veículo Corriere d’Informazione no período conhecido como os “anos de chumbo”. Em 1978 o escritor foi para o Corriere della Sera.
De quinze anos para cá ele vem escrevendo sobre os acontecimentos atuais, esportes e o cotidiano, mas seu olhar persistente e intrigado sempre recai sobre o universo fashion. Em fins da década de 80 Gian publicou uma obra de crônicas e imagens, People, que retrata suas viagens pelo Planeta.


Autor: Gian Luigi Paracchini
Assunto: Biografia/Moda
 280 páginas (240 + 40 de imagens)
Preço: R$ 34,90
Capa: brochura
Formato: 16 cm x 23,0 cm
Editora Seoman, 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cinema - Indicação do Mês - A Garota da Capa Vermelha



Embora os críticos norte-americanos e os brasileiros tenham, com raras exceções, tecido críticas negativas a esta obra, minha impressão sobre o filme foi bem positiva. Desde o início a atmosfera de paranoia e medo está no ar, prenunciando a eclosão de intolerância e ódio, sentimentos que se instauram a partir do momento em que um caçador de lobisomens declara que o lobo assassino se oculta entre os próprios habitantes do pequeno vilarejo.
O clima de medo e de desconfiança presente na comunidade ecoa o ambiente sufocante do filme A Vila, de M. Night Shyamalan, e o ambiente opressivo do livro Dezesseis Luas, de Kami Garcia e Margaret Stohl. As pessoas moram em casas acima do solo, acessíveis apenas por escadas que, à noite, são recolhidas e escondidas no interior das residências.
A história tem início com Valerie ainda pequena; desde este momento percebe-se que ela é diferente dos demais, pois não se comporta como suas amigas, embora se esforce para ser como os outros. Um espírito de rebeldia domina sua alma, e neste traço de personalidade ela se sintoniza com Peter (Shiloh Fernandez), outra criatura indomável. Os dois elegem a floresta como seu refúgio, onde caçam e matam coelhos.
Apesar de ser um lugarejo pequeno e todos se conhecerem, os vizinhos são discretos e têm sempre disponível um olhar de suspeita reservado ao outro. Há anos eles são ameaçados pelo Lobo, mas um pacto com a fera garante há algum tempo a necessária tranquilidade. A cada noite de lua cheia uma família sacrifica um animal à besta em troca de imunidade aos seus ataques.
Depois de um longo período de trégua, porém, o Lobo volta a fazer uma vítima entre os habitantes do vilarejo, Lucy, a irmã de Valerie, protagonista do enredo, vivida pela atriz Amanda Seyfried. A partir de então a população se enfurece e um grupo se reúne para caçar a fera. Quando os homens se dividem no reduto do animal, ele ataca e é aparentemente morto por um dos homens, não sem antes provocar uma nova morte, a do pai de Henry (Max Irons), jovem prometido a Valerie por uma aliança entre suas famílias.
Todos festejam a morte do Lobo, mas assim que um caçador de lobisomens, interpretado por Gary Oldman, chega ao vilarejo para matar a besta, uma revelação aterradora muda os rumos da história: não se trata de um simples lobo, e sim de um homem-lobo, o qual certamente está presente entre eles.
O matador de lobisomens, um violento e estranho padre, viúvo e pai de duas filhas, acende as chamas da fogueira da intolerância e estimula cada vez mais o ódio e a desconfiança crescentes entre os habitantes do vilarejo. Ele joga sem compaixão um contra o outro e cerca a pequena comunidade, não permitindo que ninguém parta até que se ache o lobisomem. Tomado pela cólera e por uma ilimitada sede de sangue, ele está disposto até mesmo a matar, se for preciso, para conquistar seu troféu.
Enquanto isso, segredos há muito guardados vêm à tona, antigos ressentimentos afloram, e cresce o número de suspeitos: a estranha avó de Valerie, o ferreiro Henry, seu amado Peter, Claude, irmão de uma das amigas da protagonista, o padre local, entre outros.
Todos se olham com medo, raiva e apreensão; as pessoas buscam implacavelmente um bode expiatório, e qualquer um pode ser acusado da prática de magia negra, forte indício para se encontrar um lobisomem. Os diferentes certamente não serão perdoados, o que deixa Valerie e Peter em uma posição delicada e arriscada.
Este longa dirigido por Catherine Hardwicke, a diretora de Crepúsculo e Aos Treze, a partir de uma ideia do ator Leonardo Di Caprio, desenvolvida pelo roteirista David Leslie Johnson, deu início a uma experiência incomum. Quem está habituado a ver obras da literatura convertidas à estética cinematográfica, vai se deparar aqui com o caminho oposto.
Decidida a aprofundar a história nas páginas de um livro, a cineasta propôs a sua amiga Sarah Cartwrigth que transformasse o enredo em um thriller literário. O resultado é surpreendente e o final ainda mais, pois o desfecho da história só será visto na versão do cinema.
Quem analisar o filme apenas a partir do enredo superficial, realmente terá razões para desfiar críticas negativas, pois nele estão presentes o tradicional triângulo amoroso, o amor proibido, as interferências familiares que tudo fazem para separar dois amantes, entre outros elementos clichês.
Mas esta versão da tradicional história da Chapeuzinho Vermelho vai além da trama aparente, compondo uma alegoria do mundo contemporâneo e de suas paranoias típicas, as quais giram basicamente em torno das ameaças engendradas pelo próprio modo de vida pós-moderno.
A direção de arte gera uma estética que ora privilegia a alegria artificial das comemorações, ora destaca o clima de medo e de hostilidade que tomam conta da alma de cada habitante da comunidade. As cores são intensas, contrapondo as tonalidades neutras do figurino feminino aos tons escuros que distinguem o universo masculino, e criando um diferencial em Valerie com sua capa vermelha, símbolo da paixão e das supostas bruxas condenadas à fogueira pela Inquisição, e no Caçador de Lobisomens com suas vestes sacerdotais púrpuras, que intimidam e ameaçam a todos.
 A trilha sonora é simplesmente divina; ela é basicamente composta por composições de Brian Reitzell, autor, entre outras, das trilhas dos filmes Encontros e Desencontros e Mais Estranho que a Ficção, em parceria com Alex Heffes, responsável pelas canções de longas como O Último Rei da Escócia e Intrigas de Estado. Mas também há a presença especial de Fever Ray, pseudônimo da artista sueca de música eletrônica Karin Elisabeth Dreijer Andersson, de Anthony Gonzalez, do grupo eletrônico M83, e da banda inglesa The Big Pink.

Vale realmente dar uma chance a esta produção, e não só o público adolescente, mas todo cinéfilo; basta apenas despir a capa do preconceito e se preparar para mergulhar além das camadas superficiais da trama.

Título Original: Red Riding Hood
Direção: Catherine Hardwicke
Lançamento: EUA/Inglaterra, 2011
Elenco: Amanda Seyfried, Michael Hogan, Shiloh Fernandez, Max Irons, Gary Oldman.