quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Medicina da Alma" (Norman Shealy e Dawson Church)

Oi, pessoal! Trago hoje mais um lançamento da Editora Cultrix. Pela sinopse parece ser um livro muito interessante, e atual também, já que todo mundo já percebeu a crise que atinge hoje a medicina convencional.
Aproveito para anunciar que o Grupo Editorial Pensamentoacaba de lançar um novo selo: Jangada.
A nova Editora publica livros de ficção fantástica e histórica voltados para o leitor em geral, especialmente o infanto-juvenil. A primeira aposta do selo Jangada será o livro Nascida à Meia-Noite, o primeiro da nova série de ficção fantástica: a Saga Acampamento Shadow Falls, que narra a história de uma garota enviada a um acampamento para adolescentes dotados de poderes sobrenaturais. Um novo e fascinante mundo paranormal, a imagem de uma heroína e um triângulo amoroso são os elementos que marcam essa série de alta qualidade.
A obra marca a entrada oficial da editora no Brasil, em setembro. Ela também será apresentada na XV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que ocorre entre os dias 1 e 11 de setembro. Em breve maiores informações sobre o selo!


Recentemente a medicina tem se desenvolvido através de caminhos que conduzem a terapias e curas fundamentadas tão somente na biotecnologia e em investigações científicas estritamente técnicas, distanciando esta esfera do saber e sua práxis da concepção primitiva que a registra desde os textos ancestrais como uma arte sagrada.
No livro Medicina da Alma, lançado pela Editora Cultrix, os autores, Norman Shealy, neurocirurgião internacionalmente consagrado, e Dawson Church, escritor e pesquisador no campo da saúde alternativa, defendem que estamos ingressando em um novo tempo para as pesquisas que têm como meta retomar o antigo saber, e também que o incessante confronto entre o conhecimento científico e o sagrado está prestes a ter fim; segundo ambos, é viável o exercício de uma nova medicina.
Aqui os pesquisadores descrevem de que forma as metodologias tradicionais e puramente científicas podem conviver e se relacionar com terapêuticas vistas como “não exatas”, entre elas a oração, a crença, a terapia do toque, a cura energética, a acupressura e outras modalidades alternativas que, muitas vezes, revelam-se mais eficientes do que a medicina tradicional e oferecem uma maior longevidade. Além de tudo, são mais baratas.
Shealy e Church revelam como a consciência e o propósito, em parceria com as metodologias tradicionais, contribuem para a restauração do equilíbrio orgânico, o que advém igualmente com a regulação de nosso sistema energético, e não somente com a ação direta na instabilidade vigente. Para tanto eles se apoiam em dados incontestáveis gerados por inúmeras pesquisas científicas, entrevistas e testemunhos.
Os autores se referem à Medicina da Alma como a totalidade destes elementos, uma visão mais completa da saúde, o que se traduz em maior eficiência, na cura e na preservação do equilíbrio e da longevidade como um todo. Este livro oferece ao leitor um tratado sucinto e um teste de auto apreciação que traz uma lista dos comportamentos positivos mais significativos a serem assumidos para a concretização da cura alternativa.
Entre estas atitudes decisivas estão o perdão, a tolerância, a fé, a instância racional, a esperança, o estímulo positivo, a persistência, o sentimento de comunidade, a alegria, o espírito de agradecimento e o amor. Estes anexos contribuem para que o público possa ir fundo nessa esfera de acepções e investigações inovadoras.
Dr. Norman Shealy é neurocirurgião e presidente fundador da American Holistic Medical Association. Ele administra a Holos University Graduate Seminary, que apresenta um programa de doutorado em medicina energética. Sua tese destaca a alta possibilidade da espiritualidade de regredir qualquer tentativa de prejuízo ao DNA. O médico já publicou mais de 300 artigos e a obra Medicina Intuitiva, lançada no Brasil pela Editora Cultrix.
Dr. é autor e editor de mais de 200 obras, entre as quais se destaca uma antologia que deu início a um intenso debate sobre a medicina mente/corpo. Hoje ele atua no campo da pesquisas sobre a medicina quântica. O escritor defende uma avaliação das investigações mais atuais sobre os resultados da ação da consciência nas moléculas de DNA.

Autor: Norman Shealy  e Dawson Church

ISBN: 978-85-316-1130-8

Assunto: Medicina Complementar/Saúde

294 Páginas

Preço: R$ 44,90

Capa: Brochura

Formato: 16 cm X 23 cm

Editora Cultrix, 2011



  




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Darke Academy - Vidas Secretas" (Gabriella Poole)

Oi Galera! Hoje vou postar uma resenha sobre uma série realmente original. Nada de vamps, lobisomens, anjos ou bruxas. Mas também não posso dizer que criaturas circulam pelas páginas da saga Darke Academy, ou estragaria totalmente as surpresas presentes neste livro. Leiam e descubram!



Não é fácil falar sobre este livro sem revelar seus segredos aos leitores – os spoilers são quase inevitáveis. A princípio, quando li a sinopse, acreditei que se tratava de mais uma história de vampiros. Mas pelo menos isso eu posso garantir a quem desejar se aventurar em sua leitura: os famosos sugadores de sangue não estão presentes nesta trama.
Na ficha técnica esta obra está classificada como ficção escocesa. Na Escócia as lendas estão profundamente ligadas ao mundo dos mortos, os quais muitas vezes são cercados por maldições e permanecem sem repouso. A série Darke Academy certamente bebe na fonte dos ancestrais mitos celtas e acrescenta a este caldeirão mágico ingredientes como adolescentes populares, ricos, mimados e poderosos; a jovem marginalizada que deseja acima de tudo integrar a elite do colégio; os romances proibidos, e muito mistério.
Darke Academy é o inusitado colégio que muda de endereço a cada novo semestre. No prólogo, que já promete uma trama eletrizante, os eventos se desenrolam no Camboja. Algum tempo depois, quando a narrativa tem início, a escola se mudou para Paris. É na charmosa e irresistível capital francesa que a protagonista ingressa como bolsista na Academia de Sir Alric Darke.
Um sentimento forte de raiva se formou no estômago de Cassie, e ela segurou sua mala com ainda mais força. A carta. Estava lá. A sua carta. A sua bolsa de estudos. Esse pessoal tinha comprado o lugar deles. Ela tinha conquistado o dela. Ela não ia desistir disso. De forma alguma.
Criada em um abrigo e rejeitada por vários lares transitórios, a rebelde Cassie Bell consegue finalmente se libertar das garras de Jilly Beaton, a supervisora da instituição, ao seguir o conselho do amigo Patrick, encarregado das crianças e adolescentes que aí são temporariamente hospedadas. Ela se candidata a uma bolsa oferecida pelo colégio Darke, um dos melhores da elite mundial.
Surpreendentemente a garota conquista seu lugar na escola e parte para Paris. Logo ao chegar ela percebe o quanto será difícil se enquadrar, pois é imediatamente desprezada por alguns dos integrantes dos Escolhidos, um misterioso grupo no qual somente a elite do colégio pode ingressar.
- Mas, quem são eles?
- Os Escolhidos, eu te disse. Os favoritos de Sir Alric (...)
- Mas eles não parecem dar a mínima para os professores.
- Então. Eles são bem mais importantes que meros professores, Cassie.
- Ah, qual é?
- Sério. Os Escolhidos praticamente administram a escola. Não oficialmente, claro, mas é como realmente acontece. (...)
- Os melhores e mais inteligentes e mais bonitos, oras!
Ela se alia a Isabella, sua colega de quarto, e depois a Jake Johnson, de quem inicialmente desconfia profundamente, por suas atitudes suspeitas; sente uma intensa atração por Ranjit Singh e um desprezo inicial por Richard, sentimento que logo se transforma em seu oposto; os dois, porém, pertencem à comunidade dos Escolhidos.


Anualmente o grupo abre uma nova vaga em suas restritas fileiras, e logo Cassie alimenta o desejo de ocupar a disputada posição, pois acredita que esta é uma forma de descobrir os segredos que envolvem a escola e alguns de seus alunos mais sombrios. Através de um contato poderoso estabelecido casualmente em seu primeiro dia no colégio, com a estranha Estelle Azzedine, a protagonista é indicada, passando a competir com sua melhor amiga por esta oportunidade única.
O problema é que tudo fica mais sinistro no interior da Academia. Cassie descobre terríveis segredos sobre o passado do colégio, entre eles a morte suspeita de Jessica Johnson, irmã de Jake, que o leitor testemunha no prólogo do livro. As sombrias Keiko e Katerina hostilizam cada vez mais a bolsista e a deixam intrigada com suas ameaças irracionais. A busca pela verdade se torna obsessiva para a jovem, mas pode também se transformar em uma armadilha fatal.
- Ártemis. A deusa da caça – disse Keiko, parecendo entretida. – O cervo é Acteão, um caçador que ousou espiar Ártemis enquanto ela se banhava. Ártemis o transformou em cervo como castigo. E, então, sua matilha o estraçalhou em pedaços. (...)
A garota deu uma gargalhada irritante.
- Oh, é apenas um mito. Um aviso dos antigos. Os deuses não devem ser tratados com pouco caso, você entende? Não se deve zombar dos deuses. Quero dizer, pegue o exemplo dessa pequena tragédia (...). Esta é Clitemnestra, que assassinou Cassandra quando Agamenon a trouxe de volta de Troia. Cassandra sabia que isso aconteceria, também. Ela se recusou a entrar no palácio, gritava que sentia cheiro de sangue. (...)
- Ninguém acreditou nisso também – Keiko balançou a cabeça simulando uma tristeza. – E então ela entrou no palácio (...) e recebeu o que a esperava.
Ao embarcar nesta leitura o leitor é conduzido por caminhos inexplorados e enigmáticos. Cada personagem parece guardar um segredo essencial para a compreensão da trama. Desvendar esta história significa decifrar cada mistério e juntar as obscuras peças do quebra-cabeça, até culminar em um final surpreendente que nos lega a deixa para o próximo livro da série, Laços de Sangue.
Cassie não é a heroína típica; ela é certamente a antítese da adolescente pura e inocente, pois parece estar disposta a tudo para alcançar o poder sobre aqueles que a humilharam desde o primeiro dia na Darke Academy. E deter seus segredos pode lhe conferir autoridade, influência e a imprescindível capacidade de sobreviver neste ambiente hostil, onde até mesmo as colunas e estátuas podem se tornar ameaçadoras. O que ela não imagina é o quanto o preço a pagar pela realização de seus sonhos pode ser realmente alto, podendo exigir em troca sua própria vida.
Esses escolhidos não eram apenas superficiais, eles eram sinistros. Talvez fosse o momento de partir, afinal. (...) Não. Ela se repreendeu internamente. Afinal de contas, ela sabia exatamente o que estava fazendo ali. Quanto mais via daquela gangue, mais queria saber. Conhecimento é poder, Cassie. E um pouco de poder pode ser algo de que ela venha a precisar por aqui, se não quiser fracassar.
O único problema é compreender onde a autora deseja realmente chegar; só na segunda metade do livro comecei a ter uma ideia do que realmente estava por trás de todos os acontecimentos sombrios ligados à Academia, e confesso que precisei de algum tempo para entender a tese proposta por Gabriella; agora percebo o quanto sua visão está vinculada aos mitos escoceses, aos espíritos ancestrais que pairam sobre a Humanidade. Desconhecer esta mitologia, porém, não impede a compreensão desta narrativa, embora a torne mais rica.

A escritora Gillian Philip assina esta saga com o pseudônimo Gabriella Poole. Ela reside na Escócia ao lado do esposo e de seus dois filhos. Integram também a família o labrador Cluny, dois felinos psicóticos, Ghost e Darkness, além de nove peixes nervosos. Escrever, para a autora, é algo muito divertido, como se ela recebesse a fala dos personagens em sua mente. É fascinante, para Gillian, não saber exatamente como tudo vai terminar.


Autora: Gabriella Poole

ISBN: 978-85-7679-398-4

Assunto: Ficção Sobrenatural

206 Páginas

Preço: R$ 32,90

Capa: Brochura

Formato: Médio

Editora Novo Século, 2011


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"Jogo de Poder" (Valerie Plame Wilson)

Oi, gente, como eu tinha prometido, estou agora postando finalmente a resenha do livro Jogo de Poder. Apesar de não ser uma leitura fácil, afinal não é uma ficção, nem foi escrito neste estilo, é uma obra indispensável para se compreender um pouco melhor o mundo em que vivemos e todos os acontecimentos que estão em jogo nos nossos dias. Vale fazer um esforço, e tenho certeza que o leitor vai ficar tão indignado quanto eu com os fatos que deram origem a esta história!



Neste livro a autora faz um retrato cru e realista da administração Bush e revela o grau de distorção, por parte da Casa Branca, das informações coletadas e analisadas pela CIA, de modo a justificar o início da Guerra do Iraque no dia 20 de março de 2003. Valerie Plame era então uma agente desta unidade de inteligência, tinha profunda fé em seu trabalho e alimentava uma lealdade inquestionável ao seu país.
Valerie é filha de um ex-oficial da Força Aérea e seu irmão serviu os Estados Unidos na Guerra do Vietnã, na qual foi quase morto e chegou a perder o braço direito, posteriormente restaurado após inúmeras cirurgias. Na época a família refletiu profundamente sobre a legimitidade deste confronto bélico, o qual se desenrolava sem a autorização oficial do governo norte-americano.
Meu irmão, Robert Plame, 16 anos mais velho do que eu, alistou-se no Corpo de Fuzileiros Navais em 1966 e, imediatamente, foi enviado para o Vietnã. Um dia, em 1967, quando meus pais e eu voltamos das compras para casa, os vizinhos nos disseram que dois Fuzileiros fardados tinham batido à nossa porta. Descobrimos que Bob tinha desaparecido em ação. (...) Suportou anos de operações múltiplas e dolorosas para restaurar pelo menos um pouco do sentido do tato no seu braço. (...)
Mas a experiência contribuiu para uma mudança silenciosa nos pais de Valerie, especialmente seu pai, Samuel Plame, coronel aposentado da Força Aérea e comandante de esquadrão. (...) “meu marido ficou desiludido por causa do Vietnã”, (Diane Plame) inclusive devido ao fato de os Estados Unidos estarem lutando lá sem que o presidente tivesse efetivamente declarado guerra.
A protagonista e narradora desta obra autobiográfica provém de uma linhagem familiar tradicionalmente ligada ao serviço público, e após se graduar na Universidade Estadual da Pensilvânia, ela consegue ingressar nas fileiras da CIA, em uma época na qual seus dirigentes procuravam democratizar o acesso a esta comunidade, à procura não de membros da elite dos Estados Unidos, mas sim de jovens brilhantes que fossem selecionados por seu próprio mérito.
Era a década de 80 e o país estava sob a liderança do Presidente Ronald Reagan, enquanto a CIA era dirigida pelo polêmico William Casey, anticomunista radical em plena Guerra Fria. Apesar de sua ideologia questionável, até hoje muitos o veem como o melhor gestor da comunidade de inteligência.
Valerie era conhecida entre os colegas como Val P. e antes de se tornar uma das melhores agentes da instituição ela passou por um rígido treinamento, primeiro na esfera teórica, depois na prática, que na época transcorria em uma localidade rural denominada Fazenda. Sua primeira missão na DO, Divisão de Operações, para a qual raras mulheres eram destinadas, se deu em Atenas, em um período conturbado e marcado por ataques do grupo terrorista N17 ou 17 de Novembro.
Em alguns casos, como nos dos terroristas, os funcionários do Bloco Oriental (durante a Guerra Fria), (...) indivíduos associados à proliferação de armas de destruição em massa, não havia dúvidas de que convencê-los a fornecer aos Estados Unidos informações privilegiadas era da mais alta importância para nossa segurança nacional.
Após concluir seu trabalho na Grécia ela é chamada de volta pela CIA e estabelecida em sua sede na capital, Washington. É então que Valerie decide se tornar uma NOC, ou seja, uma agente secreta sem imunidade diplomática. Esta modalidade de espionagem exige um desligamento total das funções estatais, uma formação no campo político e a cuidadosa criação de uma fachada empresarial – no caso de Valerie, uma consultoria na área energética.
Depois de passar por todas estas etapas, que inclui dois mestrados, um na Faculdade de Economia e Ciência Política de Londres e outro no Colégio da Europa, em Bruges, na Bélgica, Valerie inicia sua nova carreira de espiã neste país, até ser repentinamente levada de volta para os Estados Unidos em 1997. É quando ela conhece seu futuro marido, o embaixador Joe Wilson.
Joseph C. Wilson IV era ex-embaixador dos Estados Unidos no Gabão, e, agindo como embaixador americano no Iraque, foi o último diplomata americano a se encontrar com Saddam Hussein. (...) Wilson lembra-se da noite em que ele conheceu Plame, na recepção, como uma ocasião encantadora a ponto de ser surreal. (...).
Eu estava de pé de um lado do salão, e literalmente terminando de contornar a sala, cumprimentando as pessoas... quando, olhando para o outro lado, vi aquela loura belíssima... e literalmente, na mesma hora, parei de ouvir o barulho das 300 pessoas falando em torno de mim. Só conseguia ver aquele sorriso imenso; ela atravessou o salão flutuando. (...) a essa altura ele já havia literalmente se apaixonado por ela.
Joe é especialista em países africanos e do Oriente Médio, por seu trabalho exaustivo nestas regiões, principalmente no Gabão e no Iraque. Após o casamento ele se muda para Washington e passa a atuar como consultor do Presidente Clinton em assuntos africanos no Conselho de Segurança Nacional.
Na primeira gestão de Bush o trabalho de Valerie concentra-se contraproliferação de armas de destruição em massa, pois neste período ela integra ainda como agente secreta a CPD, divisão responsável pela investigação dos países considerados fora da lei, os quais se esforçam para deter a tecnologia e o material necessários para a produção de armas nucleares, biológicas e químicas.
No entanto, aquele grupo reduzido e inexperiente tinha a incumbência de acompanhar (censura) pesquisas e compras para armamentos de destruição em massa (ADMs) e desenvolver operações do zero que poderiam abrir uma janela desesperadamente necessária para observação dos programas suspeitos de visarem à produção de ADMs. (...) A tarefa que tínhamos pela frente era monumental, mas o grupo era pequeno, destreinado e anêmico.
Em breve pediram-me para assumir o cargo de Chefe de Operações (censura). O fato de a gerência da CPD ter escolhido uma mãe que trabalhava meio expediente para desempenhar um papel de liderança tão crítico me surpreendeu e me deixou emocionada. Afinal, talvez os dinossauros estivessem mesmo morrendo.
Neste contexto surge um misterioso relatório do serviço de inteligência militar italiano afirmando que o governo iraquiano havia adquirido cinco toneladas de óxido de urânio de um pequeno país africano, o Níger. Apesar das desconfianças da CIA com relação a sua veracidade, ele atrai a atenção do gabinete do vice-presidente, pois Bush anseia por uma evidência que justifique a invasão do Iraque.
Valerie Plame e Joe Wilson
Joe, por sua proximidade com a minúscula nação africana e por já ter contribuído em 1999 com a CIA, passando justamente por esta região para uma investigação semelhante, aceitou fazer novas pesquisas neste país em 2002. Seus relatórios, porém, deixaram claro que não havia nenhum indício de compra de urânio por parte de Sadam no Níger.
Pelo jeito, esse alguém havia informado que estavam intrigados com um relatório de inteligência que o governo italiano (censura) tinha passado para o governo americano (censura). No relatório constava que, em 1999, o Iraque tinha procurado comprar óxido de urânio, (...) a matéria-prima usada para o processo de enriquecimento de urânio, do país subdesenvolvido do Oeste Africano, Níger. (...)
Ambos concluíram que era falsa a alegação de que teria havido venda de óxido de urânio ao Iraque. O relatório de Joe apenas corroborou e reforçou algo que já era do conhecimento de todos.
Na mesma ocasião, conforme se intensificam os esforços de guerra, Valerie percebe a gradual politização do serviço de inteligência, o qual passa a ser pressionado pela Casa Branca para oferecer informações, mesmo distorcidas, que lhe permitam finalmente dar início a um confronto bélico.
É neste contexto que o Presidente inclui em seu discurso sobre o Estado da União, no dia 28 de janeiro de 2003, as dezesseis palavras que justificarão, diante do povo norte-americano, a entrada dos EUA no Iraque. Contrariando as investigações de Joe Wilson, Bush afirma que o Iraque comprou urânio do Níger, o que convence a todos da existência real de armas de destruição em massa neste país, as quais, aliás, nunca foram encontradas.
No dia 28 de janeiro de 2003, o presidente fez seu discurso sobre o Estado da União. (...) O Estado da União é talvez o mais importante discurso que o presidente faz anualmente, ainda mais quando uma possível guerra é iminente. (...) De repente, ele já estava dizendo que “o governo britânico descobriu que Saddam Hussein recentemente adquiriu quantidades significativas de urânio na África”. O quê? Será que eu tinha ouvido bem? O relatório do Joe (...) não tinha provado que isso não era verdade?
Quando Joe decide contar a verdade em um artigo publicado em veículo de grande circulação, a Casa Branca passa a desacreditá-lo diante da mídia e da população, revelando a identidade de Valerie Plame, o que até então era considerado um crime, para alegar que ele teria ido à África apenas porque sua esposa trabalha na CIA; assim, ele conquistou a mordomia de viajar ao Níger com tudo pago. Uma ironia – afinal, quem escolheria justamente esta região da África para fazer turismo?
Valerie narra com paixão e convicção o calvário pelo qual ela e sua família passam a partir deste momento. Sua revolta, a decepção com o país e a própria comunidade à qual serviu por tanto tempo, o medo de uma retaliação contra os familiares, especialmente seus gêmeos, hoje com sete anos, se aliam a sua coragem e determinação, a sua sede de justiça e à crença que ela ainda alimenta em sua terra natal e nas suas instituições.
No nosso quarto, os primeiros sinais de luz matinal começavam a se manifestar, no dia 14 de julho, quando Joe entrou, marchando, deixou o jornal sobre a cama (...).
Sentei-me na cama, acendi o abajur e abri o Washington Post na página do Op-Ed (...). Robert Novak dizia, na sua coluna, que “Wilson nunca trabalhou para a CIA, mas a esposa dele, Valerie Plame, era agente da CIA, da força-tarefa de armas de destruição em massa”. As palavras estavam estampadas naquela página, preto no branco, mas eu não consegui assimilá-las. Senti-me como se tivesse recebido um soco no estômago, com toda a força. (...) Foi uma experiência surreal.
Seu testemunho indica a clara decadência sofrida pelos Estados Unidos ao longo das duas administrações de Bush, que ecoam ainda hoje no governo do Presidente Barack Obama. Mas nem Valerie nem John perderam a fé no futuro do país, e mais do que nunca eles acreditam no poder das novas gerações para mudar este cenário e recolocar a nação em seus eixos. Este é um dos principais objetivos desta obra.
Apesar de ter sofrido inúmeros cortes por meio da intervenção da CIA, da qual Valerie se desligou em 2006, o livro conserva a compreensão e a coerência narrativa; os poucos lapsos de entendimento são compensados pelo Posfácio, escrito pela jornalista Laura Rozen, que esclarece qualquer dúvida do leitor quanto à sequência dos acontecimentos.
As tarjas em várias páginas do livro Jogo de Poder indicam os trechos que a CIA ordenou que fossem excluídos. Mesmo com esses cortes substanciais, porém, acreditamos que o livro passa toda a força da história da sra. Wilson, embora, infelizmente, sem todos os detalhes. (...) Baseado em entrevistas e fontes públicas, ele (o posfácio), acrescenta ao tema um pano de fundo histórico e relata partes da vida e da carreira da sra. Wilson que ela mesma não pôde incluir no livro.
Além disso, alguns documentos importantes estão presentes no Apêndice, para maiores informações do público. Apesar da leitura não ser fácil, pois não se trata de um romance, ainda assim vale a pena, pois nos dá uma visão mais ampla e clara do mundo em que vivemos.


Hoje Valerie e Joe Wilson residem em Novo México, nos Estados Unidos, ao lado dos filhos. A autora ainda move um processo contra os acusados pela violação de sua identidade secreta e outro contra as censuras impostas pela CIA, que vão além das questões de segurança nacional.

Autora: Valerie Plame Wilson
ISBN: 978-85-98903-25-5
Assunto: Biografia
440 Páginas;
Preço: em definição
Capa: brochura;
Formato: 16,0 cm x 23,0 cm              
Editora Seoman, 2011