segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Biologia da Crença


Entre minhas leituras mais recentes, destaca-se um livro científico. Não se assustem! Ele não é como os outros do gênero. A começar pelo título, A Biologia da Crença. Ás vezes até esquecia que tinha em mãos um livro acadêmico. Parecia mergulhar em uma obra literária; ria, me divertia, desejava saber o que ia acontecer com o protagonista, o próprio autor.





Queria mesmo saber qual seria sua próxima descoberta, seus passos posteriores, que consequências as novas revelações teriam em sua vida. E, ao mesmo tempo, refletia sobre suas ideias e concepções, aplicando-as em minhas experiências pessoais.

A vida de Bruce Lipton começou a mudar em 1985, quando ele deixou uma posição de prestígio na Escola de Medicina, na Universidade de Wisconsin, e começou a lecionar em uma faculdade de Medicina no Caribe. Nesta época, sua vida pessoal estava um caos. Ele se sentia incompleto e insatisfeito. Na ilha caribenha, ante o Oceano infinitamente azul, distante das convenções acadêmicas, ele pode trilhar novas veredas.

Então, ao estudar a membrana das células, o autor teve uma súbita revelação. O cérebro delas não estava centrado no DNA, e sim na membrana. Bruce descobre, enfim, a sede da inteligência, e conclui que até mesmo uma bactéria, ou seja, um organismo unicelular, o mais simples de todos, apresenta um comportamento inteligente. Ela tem até um sistema “neurológico” rudimentar. Sabe onde estão seus alimentos e vai até eles, luta para sobreviver. E nelas só resta a membrana como fonte de inteligência.

Por meio de pesquisas profundas sobre o impacto do ambiente na membrana e sua interação com o entorno, o autor descobre a presença do princípio inteligente na esfera celular. Cada célula é um micro-universo no interior de nossos corpos, a exercitar sua própria inteligência.

As células extraem seus nutrientes do ambiente celular, mais propriamente do citoplasma, rico em energia molecular. É através das membranas que o alimento chega até elas. Da mesma forma, elas enviam e recebem informações e sinais de alerta. E até mesmo determinam como as células vão se comportar.

Nos organismos pluricelulares as células formam comunidades e passam a compartilhar sua “consciência”, formando uma rede de informação e comunicação. Elas enviam, então, moléculas “sinalizadoras ao ambiente.” Com a evolução do sistema límbico, esses sinais químicos convertem-se em sensações percebidas por todas as células do grupo. Nesse momento, a mente consciente interpreta esses estímulos como emoções.

Em momentos de estresse, por exemplo, as células emitem sinais que respondem ao contexto emergencial do corpo, liberando adrenalina. Neste ínterim, o organismo deixa de receber os estímulos que determinam seu crescimento e é bombardeado pelos hormônios do stress, o cortisol, responsável por sua proteção. Este é um mecanismo de preservação da vida.

Porém, se o desgaste emocional persiste por longo tempo, as energias que seriam investidas no crescimento do sistema orgânico são, portanto, destinadas à luta contra o estresse e deixam de atuar no combate às doenças. Assim, nosso corpo para de se desenvolver e ainda corre o risco de entrar em falência total, já que o próprio complexo imunológico está envolvido na guerra contra o stress, enfraquecendo, assim, a defesa contra os invasores do organismo.

O autor discorre de forma agradável e divertida sobre conceitos muitas vezes complexos e árduos, como o universo celular, os conceitos de polaridade e não-polaridade, a física quântica, os mecanismos de proteção e crescimento, o controle do corpo pela mente, a crença e o medo, sob o ponto de vista químico e biológico, placebos e nocebos.

Ele também caminha pelos meandros da ética e da engenharia genética, em uma concepção revolucionária, ao mergulhar em uma discussão delicada, porém necessária, a da paternidade consciente.

Entrelaçando estudos biológicos e da física quântica, Bruce encontra, enfim, nossa essência espiritual. Assim, consegue aliar Ciência e Espiritualidade e, a partir daí, conclui que os seres vivos são imortais. O cientista agnóstico e cético converte-se, então, por meio da Ciência, em espiritualista convicto.

É fascinante acompanhar a jornada desse biólogo genial. Paralelamente, o leitor tem a oportunidade de seguir tanto seu progresso acadêmico, quanto sua evolução pessoal e espiritual. É uma caminhada repleta de erros e acertos, hesitações e decisões, inseguranças e escolhas. Como a de cada um de nós.



Biólogo celular por formação, Bruce H. Lipton foi professor na célebre Escola de Medicina da Universidade de Wisconsin e também atuou como pesquisador na Universidade de Stanford. Suas pesquisas inovadoras sobre a membrana celular precederam a criação de uma nova esfera científica, a Epigenética, da qual ele se tornou um dos fundadores. As palestras do autor cativam o público, graças a sua empolgação e a simplicidade como expressa seus conhecimentos. 


Editora: Butterfly

Autor: Bruce H. Lipton

Origem: Nacional

Edição: 1ª

255 Páginas

Preço: R$ 36,90

Capa: Brochura

Formato: Médio