segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crônicas de Amor e Ódio – Vol. 1 – The Kiss of Deception

Nunca me vi sem palavras para falar sobre um livro, e raras obras mexeram tanto com minhas emoções. Essa história, repleta de poesia e magia, virou meu mundo de cabeça para baixo. Lia e relia os parágrafos e adiava o virar das páginas, pois não queria chegar ao final, embora ansiasse por conhecer seu desfecho.





Mesmo assim, percorri suas 409 páginas em um piscar de olhos. E, quando alcancei as linhas finais, queria recomeçar a leitura. É o tipo da história que eu desejaria contar em voz alta, ao redor de uma fogueira, compartilhar suas curvas, nuances, surpresas, pois a autora gerou uma trama tão intensa que não poderia caber em um só coração.

Eu ri, chorei, roí as unhas, me emocionei e, no meio da história, meu queixo caiu. Geralmente eu adivinho o que vai acontecer nos livros, filmes, séries e novelas. Chega até a ser chato. Mas não em Crônicas de Amor e Ódio.

Quando achei que tinha encontrado o fio da história e que a travessia seria tranquila, uau! A trama dá tamanha guinada que cheguei a ficar atordoada. Descubro, de repente, que nada, nem ninguém, é o que parece ser e, a partir daí, uma nova jornada se inicia.

Desde o início o leitor sabe que não está diante de um conto de fadas, embora a protagonista seja uma princesa. Mas de forma alguma Lia se comporta como alguém da realeza. Destinada pela família a se casar com um príncipe que jamais teve a oportunidade de conhecer, ela se revolta e, seguindo os impulsos de sua natureza rebelde, foge poucas horas antes da cerimônia.

Lia leva consigo apenas o sonho de conhecer uma terra nova, onde ela seja apenas uma simples garota de 17 anos, e não a Primeira Filha da Casa de Morrrighan, fadada a selar a paz entre dois reinos. A jovem acredita não ter o Dom, algo que se exigia das Primeiras Filhas. Porém, na verdade, ela descobre, ao longo de sua jornada, que jamais soube o que era realmente o Dom.



Morrighan era uma jovem líder dos Remanescentes, aquela que os guiou para uma espécie de terra prometida após a quase destruição de seu mundo. Ela deu início a gerações de sucessoras, mulheres que supostamente deveriam ter o mesmo Dom da ancestral de Lia.

É a esse universo sobrecarregado de tradições que Lia deveria pertencer, mas a princesa acredita não se encaixar neste contexto. Algo em si a leva a rejeitar sua missão, mas ao partir na companhia de Pauline, sua dama de companhia e melhor amiga, ela leva também, quase sem querer, dois obscuros livros, escritos em um idioma estranho.

A princípio, parecia apenas um ato de vingança contra o Erudito, um dos membros do Conselho do Rei, que não ocultava seu ódio pela princesa. Mas, à medida que vai decifrando sua mensagem, originária de terras distantes, do Reino de Venda, berço de povos bárbaros, Lia começa a compreender um pouco melhor as tradições e qual o seu verdadeiro papel nessa história.

Porém, enquanto busca a si mesma e crê estar realizando seus sonhos em Terravin, ela não imagina que o Príncipe de Dalbreck, intrigado com sua decisão inesperada, decidiu seguir seus passos e tentar entender quem era aquela garota que ousava abandoná-lo no momento do casamento.

Enquanto isso, nem Lia, nem o Príncipe, sequer suspeitam de que um temerário assassino também foi enviado por Venda para encontrar a princesa. E nenhum dos três, ao traçar seus planos, poderia contar com a interferência das armadilhas do coração em seus caminhos.

Embora os personagens masculinos sejam fascinantes e sedutores, a força feminina prepondera nos meandros desta história. Não só a de Lia, mas a de suas ancestrais - Morrighan, Gaudrel, Venda – e também a de suas companheiras de jornada. O leitor logo percebe que a fragilidade de Pauline é mera ilusão e outras guerreiras cruzarão igualmente os caminhos da protagonista, surpreendendo por sua força e determinação.

É através dos relatos ancestrais que o leitor conhece o passado dos povos de Morrighan, Dalbreck e Venda. A autora intercala a trama com trechos de Os Últimos Testemunhos de Gaudrel, o Livro dos Textos Sagrados de Morrighan e A Canção de Venda. Aliás, Mary Pearson vai além; um pouco como Tolkien, de O Senhor dos Anéis, ela cria o idioma de Venda, algo que realmente me impressionou. A trama principal, por sua vez, é narrada sob três pontos de vista, o de Lia, o do Príncipe e o do Assassino, o que é fantástico, pois nos permite saber o que se passa no interior de cada um deles.

O trabalho da editora dá o toque final nesta obra genial. A edição em capa dura, que traduz com perfeição a atmosfera da história; a diagramação; o mapa do universo fantástico estruturado pela autora, e outras pequenas surpresas, revelam o trabalho impecável da Dark Side Books.




Mary E. Pearson é uma premiada autora que vive no sul da Califórnia. Ela já é reconhecida por seus sete livros destinados ao público juvenil — entre eles a série The Jenna Fox Chronicles -, e é graduada em artes pela Long Beach State University, além de ser mestre pela San Diego State University.

Apaixonada pela missão de ser mãe, ela ama caminhar, cozinhar e viajar por lugares desconhecidos. Hoje Mary escreve em tempo integral e reside em San Diego, ao lado de seu marido e de seus dois cachorros. 

Ah! Em tempo! O segundo volume, The Heart of Betrayal, será lançado no final de outubro. E já está em pré-venda.


Editora: Dark Side Books
Autora: Mary E. Pearson
Origem: Nacional
Edição: 1ª
409 Páginas
Preço: R$ 30,70
Capa: Brochura
Formato: Médio