Entre minhas leituras mais
recentes, destaca-se um livro científico. Não se assustem! Ele não é como os
outros do gênero. A começar pelo título, A
Biologia da Crença. Ás vezes até esquecia que tinha em mãos um livro
acadêmico. Parecia mergulhar em uma obra literária; ria, me divertia, desejava
saber o que ia acontecer com o protagonista, o próprio autor.
Queria mesmo saber qual seria sua
próxima descoberta, seus passos posteriores, que consequências as novas
revelações teriam em sua vida. E, ao mesmo tempo, refletia sobre suas ideias e
concepções, aplicando-as em minhas experiências pessoais.
A vida de Bruce Lipton começou a
mudar em 1985, quando ele deixou uma posição de prestígio na Escola de Medicina,
na Universidade de Wisconsin, e começou a lecionar em uma faculdade de Medicina
no Caribe. Nesta época, sua vida pessoal estava um caos. Ele se sentia
incompleto e insatisfeito. Na ilha caribenha, ante o Oceano infinitamente azul,
distante das convenções acadêmicas, ele pode trilhar novas veredas.
Então, ao estudar a membrana das
células, o autor teve uma súbita revelação. O cérebro delas não estava centrado
no DNA, e sim na membrana. Bruce descobre, enfim, a sede da inteligência, e
conclui que até mesmo uma bactéria, ou seja, um organismo unicelular, o mais
simples de todos, apresenta um comportamento inteligente. Ela tem até um
sistema “neurológico” rudimentar. Sabe onde estão seus alimentos e vai até
eles, luta para sobreviver. E nelas só resta a membrana como fonte de
inteligência.
Por meio de pesquisas profundas
sobre o impacto do ambiente na membrana e sua interação com o entorno, o autor
descobre a presença do princípio inteligente na esfera celular. Cada célula é
um micro-universo no interior de nossos corpos, a exercitar sua própria
inteligência.
As células extraem seus
nutrientes do ambiente celular, mais propriamente do citoplasma, rico em
energia molecular. É através das membranas que o alimento chega até elas. Da
mesma forma, elas enviam e recebem informações e sinais de alerta. E até mesmo
determinam como as células vão se comportar.
Nos organismos pluricelulares as
células formam comunidades e passam a compartilhar sua “consciência”, formando
uma rede de informação e comunicação. Elas enviam, então, moléculas
“sinalizadoras ao ambiente.” Com a evolução do sistema límbico, esses sinais
químicos convertem-se em sensações percebidas por todas as células do grupo.
Nesse momento, a mente consciente interpreta esses estímulos como emoções.
Em momentos de estresse, por
exemplo, as células emitem sinais que respondem ao contexto emergencial do
corpo, liberando adrenalina. Neste ínterim, o organismo deixa de receber os
estímulos que determinam seu crescimento e é bombardeado pelos hormônios do
stress, o cortisol, responsável por sua proteção. Este é um mecanismo de
preservação da vida.
Porém, se o desgaste emocional
persiste por longo tempo, as energias que seriam investidas no crescimento do
sistema orgânico são, portanto, destinadas à luta contra o estresse e deixam de
atuar no combate às doenças. Assim, nosso corpo para de se desenvolver e ainda
corre o risco de entrar em falência total, já que o próprio complexo
imunológico está envolvido na guerra contra o stress, enfraquecendo, assim, a
defesa contra os invasores do organismo.
O autor discorre de forma
agradável e divertida sobre conceitos muitas vezes complexos e árduos, como o
universo celular, os conceitos de polaridade e não-polaridade, a física
quântica, os mecanismos de proteção e crescimento, o controle do corpo pela
mente, a crença e o medo, sob o ponto de vista químico e biológico, placebos e
nocebos.
Ele também caminha pelos meandros
da ética e da engenharia genética, em uma concepção revolucionária, ao
mergulhar em uma discussão delicada, porém necessária, a da paternidade
consciente.
Entrelaçando estudos biológicos e
da física quântica, Bruce encontra, enfim, nossa essência espiritual. Assim, consegue
aliar Ciência e Espiritualidade e, a partir daí, conclui que os seres vivos são
imortais. O cientista agnóstico e cético converte-se, então, por meio da
Ciência, em espiritualista convicto.
É fascinante acompanhar a jornada
desse biólogo genial. Paralelamente, o leitor tem a oportunidade de seguir
tanto seu progresso acadêmico, quanto sua evolução pessoal e espiritual. É uma
caminhada repleta de erros e acertos, hesitações e decisões, inseguranças e
escolhas. Como a de cada um de nós.
Biólogo celular por formação, Bruce H. Lipton foi professor na célebre Escola de Medicina da Universidade de Wisconsin e também atuou como pesquisador na Universidade de Stanford. Suas pesquisas inovadoras sobre a membrana celular precederam a criação de uma nova esfera científica, a Epigenética, da qual ele se tornou um dos fundadores. As palestras do autor cativam o público, graças a sua empolgação e a simplicidade como expressa seus conhecimentos.
Editora: Butterfly
Autor: Bruce H. Lipton
Origem: Nacional
Edição: 1ª
255 Páginas
Preço: R$ 36,90
Capa: Brochura
Formato: Médio