O contador de histórias é uma figura ancestral. Sua origem remonta aos primórdios da Humanidade. Desde o início, ele teve um papel didático. Diante do desconhecido, era uma luz em meio às trevas. Através de suas histórias, transformava um universo misterioso em um mundo menos sombrio.
Ao
longo do tempo, as narrativas orais foram conferindo sentido à existência
humana, retratando, na jornada do herói, a própria trajetória do Homem. Desde os
bardos da Antiguidade greco-romana até o contador de histórias moderno, a maior
preocupação sempre foi educar. Tanto a criança, quanto o adulto.
Transmitir
histórias oralmente, em volta de uma fogueira, gravando as palavras na memória
dos ouvintes, improvisando de relato a relato, era um desafio. Nesta época, a
economia e a profissionalização eram realidades inexistentes.
Com
o passar do tempo e a invenção da escrita, o mundo se modificou. Surgiram o
Estado Moderno, a Revolução Industrial, o Mercantilismo, depois o Capitalismo.
Vieram as inovações tecnológicas. A educação grega, integral, do corpo e do
espírito, foi assumindo novas características, até culminar na extrema
especialização da era contemporânea.
Em
pleno século XXI, na época da realidade virtual, o contador de histórias também
passou por inúmeras mudanças. Na verdade, sua imagem ressurge, hoje, com toda
força. Ele está presente tanto em hospitais e organizações não-governamentais,
como voluntário, quanto no interior das escolas, sempre educando, como um
profissional.
Um
profissional que, muitas vezes, investiu em si mesmo, participando de cursos,
oficinas, até de cursos de pós-graduação voltados para este campo. Muitos contadores
de histórias estão, portanto, se habilitando, se aprimorando profissionalmente.
Atualmente,
esta ocupação começa a deixar as mãos de amadores para seguir rumo à profissionalização,
pois há uma demanda crescente por este profissional, principalmente nas
escolas.
Algumas
destas instituições, inclusive, reservam um espaço no currículo escolar para
este evento. Às vezes, até mesmo professores e bibliotecários são preparados
para exercerem esta tarefa no âmbito escolar. Muitos desses institutos
educacionais contam com salas de leitura, preparadas previamente para a narrativa
de histórias.
Neste
contexto, considero fundamental que o contador de histórias seja um
profissional regulamentado, desde que ele comprove sua habilitação, sua
formação nesta área. Isso não significa que se deva engessar uma figura
ancestral. Na minha opinião, todo aquele que desejar narrar uma história, seja
onde for, deve ter esse direito.
Não
se pode cair no extremismo de exigir um diploma ou um certificado para que o
narrador conte uma história. Porém, aquele que desejar adotar a contação de
histórias como uma profissão, e investir nessa carreira tempo e recursos
financeiros, precisa ser considerado um profissional, com todos os direitos e
obrigações.
Como
toda profissão regulamentada, deve-se pensar com cuidado nas regras, nos
requisitos, na formação necessária, entre outras exigências. Cabe aos
contadores de histórias profissionais se organizarem e produzirem esses
parâmetros.