domingo, 24 de julho de 2011

"Aura Negra" (Richelle Mead)

Oi pessoal, ainda estou meio triste com a morte da diva musical do século XXI, Amy Winehouse, claro. E o livro que vou dividir com vocês, hoje, cumprindo minha promessa, fala muito sobre a morte. É o segundo livro da série Academia de Vampiros, Aura Negra.



Enquanto no primeiro livro, O Beijo das Sombras, os Strigoi eram apresentados detalhadamente ao leitor, mas apareciam rapidamente apenas no final da trama, aqui estas criaturas são realmente as vilãs, as responsáveis pela eclosão do pânico entre Moroi e Dampiros.
Mais uma vez o enredo retorna ao ambiente escolar da São Vladimir, mas este cenário divide o espaço, agora, com a residência dos Badica, uma estação de esqui e a tenebrosa cidade de Spokane, em Washington. A história ganha um dinamismo ímpar, e vários personagens novos aparecem e ganham um destaque singular, como a tia de Christian, Tasha, e Adrian, membro da realeza e representante da família Ivashkov.
Engoli em seco. Percebi subitamente quem era aquela mulher. Era a tia de Christian. Quando os pais dele transformaram-se em Strigoi, voltaram para buscá-lo, com a intenção de escondê-lo até que crescesse e pudesse ser também transformado em Strigoi. Eu não conhecia todos os detalhes da história, mas sabia que sua tia os afastara dele. Como eu disse antes, no entanto, os Strigoi são letais. Ela serviu para distraí-los o suficiente até que os guardiões aparecessem, mas ela não saiu totalmente ilesa.
Os Ivashkov eram uma família real, uma das mais ricas e mais poderosas. Eram o tipo de gente que achava que podia conseguir tudo o que queria e passar por cima de quem quer que estivesse na frente deles. Não era de admirar que ele fosse tão arrogante.
A narrativa tem início quando Rose Hathaway segue para a residência dos Badica na companhia de Dimitri; aí ela vai realizar um teste essencial para sua vida profissional, o qual será ministrado por Arthur Schoenberg, lendário guardião, ídolo dos dampiros que seguem seus passos. Quando ambos chegam ao refúgio da família real, são surpreendidos com uma cena macabra; a família, alguns amigos e os guardiões locais foram mortos, inclusive Arthur.
Uma mensagem no espelho do banheiro sugere que um terrível plano visa eliminar toda a nobreza Moroi; e, pior ainda, os Strigoi contam agora com a ajuda dos humanos, o que lhes possibilita agir mesmo sob a luz do sol e, com a ajuda de estacas de prata, romper os escudos protetores construídos em volta das moradas e instituições Moroi como a Escola São Vladimir.
Como era típico de seu jeito de fazer as coisas, Dimitri me ensinou o básico antes, lapidando o jeito como eu segurava e movimentava a estaca. Mais tarde, ele finalmente me deixou atacar um dos bonecos, e eu de fato descobri que exigia mesmo muito esforço para atingir o coração. A evolução humana tinha feito um bom trabalho ao proteger o coração com o esterno e as costelas. (...)
- Humanos não ajudam Strigoi... – E me interrompi. Lá estava eu novamente usando uma expressão de negação. Não. Mas eu não conseguia evitar. Se havia uma coisa com a qual nós podíamos contar em nossa luta contra os Strigoi eram as suas limitações: a intolerância à luz solar, a impenetrabilidade dos escudos, a magia das estacas, etc. Nós usamos a fraqueza deles como arma. Se eles tinham outros... humanos... que os estavam ajudando e que não eram sensíveis a estas limitações... (...)
- Isso muda tudo, não é? – perguntei.
- Muda, sim – disse ele. – Muda tudo.
O medo toma conta dos vampiros; com a proximidade do Natal, muitos deles preferem se reunir em uma estação de esqui, pois juntos eles se sentem mais seguros. Quando todos começam a relaxar, um novo ataque contra os Drozdov, em algum ponto ao norte da Califórnia, leva novamente o pânico à comunidade Moroi.


Paralelamente à investida dos mortos-vivos, a autora confronta finalmente Rose e sua mãe, a mítica guardiã Janine Hathaway. Como o leitor deve se lembrar, as mães dampiras que desejam abraçar o destino de guardar e proteger as famílias Moroi são obrigadas a deixar de lado a maternidade ou a entregar seus filhos para serem criados por outras pessoas.
Mas esta não era Tamara. Esta era uma pessoa que eu conhecia há anos, alguém que me inspirava tudo menos orgulho e animação. Ao invés disso, era ressentimento o que eu sentia. Ressentimento, raiva e uma violência que me queimava por dentro.
A mulher que estava de pé na frente da sala era a minha mãe.
Eu não podia acreditar. Janine Hathaway. Minha mãe. Uma mãe incrivelmente famosa e absurdamente ausente. (...) e nem se dera o trabalho de me avisar que viria. Onde é que foi parar o amor materno?
Assim, Rose foi entregue desde cedo à Escola São Vladimir, para ser educada e treinada como uma guardiã. Nesta sequência todas as mágoas e ressentimentos da protagonista explodem quando ela se depara com a aparente frieza e indiferença materna. Fragilizada e vulnerável, julgando-se desprezada por Janine e também por Dimitri, que se torna cada vez mais íntimo de Tasha, ela se aproxima perigosamente do misterioso Adrian e de seu colega de turma, Mason.
A participação de Lissa nesta trama é bem menor; suas incontroláveis explosões emocionais parecem agora ter contagiado Rose, que é obrigada a enfrentar e a vencer a imaturidade psíquica e o temperamento impulsivo. Com delicadeza, inteligência e extrema sensibilidade a autora acompanha o processo de amadurecimento de Rose. Os diálogos entre mãe e filha são geniais e remontam às origens da personagem, que jamais conheceu o pai e teme ser fruto de uma escolha puramente genética.
A parte de mim que estivera tentando conquistar autocontrole e sabedoria com Dimitri sabia que aquilo era perigoso, mas todo o restante adorava abraçar aquele comportamento inconsequente. A marca negra da rebeldia ainda soava forte em mim. (...)
Abri os meus sentidos para compreender os sentimentos de Lissa e gostei do que descobri. (...) Aquele medo ainda estava dentro dela, mas fora superado por uma autoconfiança e uma determinação firmes. (...) por mais que a ideia de haver bandos de Strigoi perambulando por aí a aterrorizasse, ela queria fazer a sua parte.
A questão da morte também está muito presente nesta história; Richelle é hábil em retratar esta realidade inevitável sob o ponto de vista de uma jovem de dezessete anos que já foi tocada por sua presença, e mesmo assim voltou à vida, embora marcada definitivamente por este momento singular. Desta vez, porém, Rose é obrigada a lidar com ela de outra forma, talvez ainda mais intensa e inesquecível.
Eu me senti como se existisse num universo paralelo, num estado em que mal conseguia manter à margem da minha consciência o terror e o luto. (...) Pois, enquanto eu pudesse me recusar a reconhecer o horror daquilo, podia fingir para mim mesma que nada daquilo realmente acontecera.
Richelle mescla o universo fantástico e temas contemporâneos com inteligência, bom-humor e altas doses de ironia. Ela retrata como ninguém a esfera da adolescência, o momento das transformações mais significativas da jornada humana. Rose é um personagem apaixonante, especialmente por não se enquadrar na categoria das heroínas frágeis e românticas, e sempre transcender o medo e a dor com coragem, determinação e tiradas sarcásticas e engraçadas.
Richelle é uma escritora norte-americana, originária da cidade de Michigan. Formada na área de educação, ela lecionou na 8ª série em Seattle até alcançar o sucesso de seu primeiro livro, Succubus Blues. A partir de então ela passou a se dedicar integralmente à literatura. Hoje ela desenvolve simultaneamente três sagas, Georgina Kincaid, Dark Swan e a direcionada ao jovem adulto, Academia de Vampiros, da qual O Beijo das Sombras é o primeiro volume.

Editora: Nova Fronteira

Autor: Richelle Mead

ISBN: 9788520923993

Origem: Nacional

Ano: 2010

Edição: 1

Número de páginas: 297

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Volume: 2


 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"O Beijo das Sombras" (Richelle Mead)

Oi amigos! Já estava com saudades de compartilhar com vocês minhas leituras, mas minha Net decidiu me deixar na mão. Agora posso retomar finalmente minhas postagens! E sigo com uma série que considero uma das mais inteligentes, Academia de Vampiros. Hoje vou postar O Beijo das Sombras, e amanhã o Aura Negra. Divirtam-se!



Esta é, com certeza, a melhor saga de vampiros já lançada no mercado editorial. Mesmo não sendo tão badalada quanto a série Crepúsculo, por exemplo, é de longe a mais inteligente, criativa, irônica e sombria. A trama é bem estruturada, os eventos perfeitamente encadeados, o suspense crescente desde as primeiras páginas, a escrita fluente e saborosa.

Ao contrário da maior parte das protagonistas de histórias de vampiros e anjos, Rose Hathaway não é exatamente o protótipo da heroína; nem mesmo a doce e angelical Lissa Dragomir preenche completamente os requisitos da mocinha frágil e sem defesas. O mesmo vale para os demais personagens, que a qualquer momento podem surpreender o leitor, apesar das aparências.

Ao entrar, dei de cara com o poder da realeza em ação. Alguns garotos – junto com certas meninas que olhavam e davam risadinhas – estavam perturbando um garoto Moroi alto, magro demais e bastante desajeitado. (...) sabia que ele era pobre e com certeza não era da realeza. (...)
Meus instintos me impulsionaram a fazer alguma coisa, talvez dar um soco num dos manipuladores de ar. Mas eu não podia arrumar briga com todos que me incomodassem, e com um grupo real é que eu não podia mesmo. (...)
Antes de chegar lá, porém, a mão de alguém me pegou pelo braço. Jesse.
- Epa! – disse eu, brincando. (...) Não toque na mercadoria.
(...) – Rose, conte para Paul a briga que você armou na aula da professora Karp.
Eu, bem atrevida, levantei a cabeça e sorri jocosamente para ele.
- Eu armei muitas brigas na aula dela.

Rose não é especialmente cativante; ela age sempre como se nada tivesse a perder, sem o menor desejo de agradar seus colegas e superiores, com impetuosidade e paixão. Desta forma, é aos poucos que ela vai conquistando o leitor – pelo menos foi assim comigo. Seu humor é irônico e às vezes até mesmo cruel; ela não reprime os pensamentos, os sentimentos e nem mesmo suas atitudes, o que lhe vale o status de jovem indisciplinada e vulgar.

O cenário desta história é a escola São Vladimir, na qual estudam e coexistem os Moroi, vampiros mortais que se alimentam do sangue de seus fornecedores, humanos viciados na endorfina secretada pela saliva destas criaturas, mas nunca os matam, e são guiados por uma ética e uma moral rígidas; e os Dampiros, como Rose, frutos do relacionamento entre humanos e os Moroi.

Não importa o que aconteça no nosso mundo, algumas verdades básicas sobre vampiros não mudam jamais. Os Moroi são vivos; os Strigoi são mortos-vivos. Os Moroi são mortais; os Strigoi se transformam em Strigoi. (...) Os Strigoi podiam transformar humanos, dampiros ou Moroi com uma só mordida. Os Moroi, tentados pela promessa de imortalidade, podiam se transformar em Strigoi por livre escolha se eles propositadamente matassem outra pessoa enquanto se alimentavam. (...) perdiam a capacidade de se conectarem com a magia de manipular os elementos e outros poderes do mundo. Era por isso que não podiam mais se expor ao sol.

Seus maiores inimigos são os Strigoi, vampiros poderosos que preservam a imortalidade consumindo o sangue dos Moroi; alguns são mortos e outros convertidos a este temível clã. Só o esforço de um número cada vez mais reduzido de guardiões dampiros pode preservar a espécie dos Moroi, da qual depende também sua sobrevivência.

Lissa e Rose são amigas de infância; ambas tiveram imediata empatia desde que se conheceram, aos 5 anos; desde então a futura guardiã assumiu a proteção da princesa. Depois de um trágico acidente que vitimou a família Dragomir, a jovem sobrevivente se torna emocionalmente instável, assume atitudes inusitadas e uma aura sombria se projeta sobre sua existência, o que leva Rose a tomar uma decisão drástica.

Lissa e eu éramos a melhor amiga uma da outra desde o jardim de infância, quando a nossa professora nos pôs em dupla para fazermos trabalhos escolares juntas. Forçar crianças de cinco anos a soletrar Vasilisa Dragomir e Rosemarie Hathaway, porém, era algo que ia além da crueldade, e nós – ou melhor, eu – respondemos à altura. Atirei meu livro na professora e a chamei de fascista canalha. Eu não sabia o que aquelas palavras significavam, mas sabia muito bem como atingir um alvo em movimento.



Disposta a tudo para proteger Lissa, uma Moroi legítima, a dampira Rose empreende uma fuga espetacular da escola. Após dois anos de clandestinidade e convivência com os humanos, elas são capturadas e levadas de volta à escola. Enquanto Lissa é obrigada a transcender seus medos e angústias, Rose se empenha nas aulas e principalmente nos treinos entre os aprendizes de guardião; seu maior objetivo é poder retomar o lugar ao lado da amiga, apta a protegê-la de seus adversários.

As duas têm que reaprender a conviver em um ambiente totalmente hierárquico, no qual a   se divide em várias panelinhas ocupadas em disputar poder e liderança sobre sua espécie, à custa de valores como amizade, lealdade e confiança. Imperam entre os grupos intrigas, falsidade, hipocrisia e terríveis pressões psicológicas.

Lissa (...) temia enfrentar mais um dia na escola, fingindo gostar de conviver com gente cujos únicos interesses eram gastar o dinheiro dos pais e debochar dos menos bonitos e menos populares. Ela também não queria ir ao baile com Aaron e vê-lo olhar o tempo todo para ela com tamanha adoração (...) quando tudo que ela sentia por ele era amizade.

Por um lado, Lissa se revela frágil demais para suportar este contexto, principalmente depois que estranhos eventos ameaçam trazer de volta antigos fantasmas do passado; de outro, ela surpreende até mesmo Rose em alguns momentos, com o uso de poderes e dons assustadores. Além do mais, a presença da morte nesta história é tão intensa que quase lhe vale o papel principal da trama, o que é muito significativo em uma narrativa voltada para o público mais jovem.

- Você foi beijada pelas sombras. Você atravessou a fronteira da Morte, passou para o outro lado e retornou. Você acha que uma coisa como essa não deixa marcas na alma?(...) Viktor Dashkov

- Mas você não é... espere. É por isso que vocês dois se entenderam tão bem. Subitamente me dei conta disso.
- Porque eu vou virar um Strigoi? – perguntou ele, sarcasticamente.
- Não... porque você também perdeu os seus pais. Tanto você quanto ela viram os próprios pais morrerem.
- Ela viu os dela morrerem. Eu vi os meus serem assassinados. (...)
- Foi como ver um exército da Morte invadir a minha casa.
Rose e Christian

Richelle Mead revela, nesta obra, o quanto a transição para o universo adulto pode ser aterrorizante, repleta de medos, angústias, inseguranças e tristezas. Mais que isso, ela mostra o quanto este momento fundamental pode até mesmo assumir um caráter traumático, principalmente no ambiente escolar e sua rígida estrutura hierárquica; há várias passagens em que estudantes socialmente inferiores são desprezados ou humilhados por uma elite.

A autora é certamente uma das melhores neste gênero; seu estilo é inteligente, engenhoso e surpreendente; a trama é cheia de reviravoltas, surpresas e imprevisibilidades; cada elemento do enredo tem um propósito maior, o qual é revelado na hora certa. Richelle tem um ‘timing’ perfeito na sua narrativa, pois em momento algum o leitor é sobrecarregado com informações excessivas e precoces; tudo é desenvolvido no contexto mais apropriado e na hora exata. Perfeito para a compreensão de uma história complexa que em nenhum instante se torna confusa.

Richelle é uma escritora norte-americana, originária da cidade de Michigan. Formada na área de educação, ela lecionou na 8ª série em Seattle até alcançar o sucesso de seu primeiro livro, Succubus Blues. A partir de então ela passa a se dedicar integralmente à literatura. Hoje ela desenvolve simultaneamente três sagas, Georgina Kincaid, Dark Swan e a direcionada ao jovem adulto, Academia de Vampiros, da qual O Beijo das Sombras é o primeiro volume.

No Brasil já foram publicados mais dois volumes, Aura Negra e Tocada pelas Sombras, ambos também editados pela Nova Fronteira. Mais três livros da série ocupam as prateleiras das livrarias norte-americanas e prometem seguir o mesmo caminho em nosso país: Blood Promise, Spirit Bound e Last Sacrifice.



Editora: Nova Fronteira

Autor: Richelle Mead

ISBN: 9788520923375

Origem: Nacional

Ano: 2009

Edição: 1

Número de páginas: 319

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Volume: 1

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Os Seis Arquétipos do Amor"

Aí vai mais um superlançamento da Editora Pensamento. Parece ser realmente muito bom, principalmente se vocês desejam saber mais sobre o amor em seu sentido mais profundo. Imaginem só, o autor usa as imagens do tarô e ainda por cima se vale de personagens super cultuados no mundo moderno. Espero que vocês fiquem realmente com vontade de ler este livro bem original!


O autor elabora um ensaio original, consistente e coerente sobre uma temática muito presente na nossa jornada existencial, o amor. Justamente por ser um elemento tão debatido e analisado, ele adquiriu certa conotação vulgar, muito próxima do mero relacionamento sexual. Aqui o tema ganha um espectro bem mais amplo, pois Allan Hunter, conselheiro terapêutico e professor de literatura no Curry College, em Massachusets, constrói uma tese sobre a trajetória evolutiva deste sentimento.
Ele acredita que o Homem tem um objetivo prioritário em sua existência planetária, o de realizar um profundo aprendizado sobre o amor, e este sentimento, assim como o ser humano, passa por vários estágios em sua evolução. Para que o leitor melhor compreenda esse processo, o ensaísta compara este campo emocional à simbologia do tarô e dos contos de fadas.
Neste lançamento publicado pela Editora Pensamento Hunter nos estimula a questionar este sentimento, como é possível encontrar o amor verdadeiro, de que forma preservá-lo e a compreender o porquê de ser algo tão complexo. O próprio autor transcende a questão amorosa perguntando: “Como eu sou no amor? Como posso ter mais amor na minha vida?”
Em momento algum Hunter oferece ao leitor soluções fabricadas; ele o conduz nas investigações e na busca de um maior conhecimento sobre o assunto, explicitando que uma vivência amorosa plena somente será conquistada após atravessar pelo menos seis etapas, representadas por arquétipos. Quando estes estágios forem realmente aceitos e vividos ao longo da existência, cada um deles no seu devido momento, conforme o desenvolvimento espiritual de cada ser, aí sim esta plenitude será definitivamente conquistada.
O Dr. Hunter recorre, em sua obra, a seis arquétipos do amor, valendo-se das cartas do tarô: o Inocente, o Órfão, o Peregrino, o Guerreiro-Amante, o Monarca e o Mago. Por meio deles o autor cria uma analogia com imagens de personagens e celebridades, tais como o mítico casal da realeza britânica, Charles e Diana; os personagens principais do seriado televisivo Desperate Housewives, protagonistas de contos de fada e heróis mitológicos.
Desta forma o leitor se depara com uma direção, uma vereda transformadora e caminhos para a modificação de seu comportamento; rumos que o ajudarão a atravessar cada etapa até atingir o cume de sua travessia pela vida. No prefácio de sua obra o autor afirma que “uma semente, uma muda e uma árvore de carvalho plenamente desenvolvida são essencialmente a mesma criatura, mas inteiramente diferentes em seus níveis de desenvolvimento, e o amor não é diferente disso, e deve ser tratado de acordo com essa ideia”.
Dr. Allan Hunter é especialista em aconselhamento terapêutico e emérito professor de literatura da Curry College, em Massachusetts. Ele criou diversas publicações que se valem da prática literária como meio para o autoconhecimento.

Editora: Pensamento

Autor: Allan G. Hunter

ISBN: 9788531517402

Origem: Nacional

Ano: 2011

Edição: 1

Número de Páginas: 184

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Dr. Allé 
O
ISBN: 9

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Marcada" (P. C. Cast e Kristin Cast)

Oi, povo! Continuo com as postagens sobre os vamps (apenas as sagas realmente legais e inteligentes, prometo!). Agora vou falar de uma série que gosto muito, e a cada livro melhora ainda mais. House of Night, claro! Desta vez vou começar pelo primeiro, Marcada. Espero que gostem também.



Nesta obra surpreendente entrelaçam-se a cultura espiritual ancestral da Humanidade e a vida cultural contemporânea. Ambas estão personificadas em uma típica adolescente norte-americana, Zoey Redbird. Desajustada no ambiente familiar, no qual ela convive com a mãe e o odiado padrasto, fiel representante da seita religiosa conhecida como Povo de Fé, além dos irmãos com quem não se identifica, ela só se sente realmente em casa na escola, ao lado dos amigos. Ou ao menos é o que ela acredita.

Os atores e atrizes mais bem-sucedidos do mundo eram vampiros. Os vampiros dominavam as artes, uma das razões pelas quais tinham tanto dinheiro – e também um motivo para que o Povo de Fé os considerassem egoístas e imorais. O Povo de Fé assistia seus filmes, suas peças, concertos, comprava seus livros e sua arte, mas ao mesmo tempo falava mal deles e os menosprezavam, e Deus era testemunha que jamais se misturariam a eles. Hello – alguém falou em hipocrisia?

Subitamente Zoey se vê marcada como vampira, e sente neste momento que não pertence mais a tribo alguma, o que parece ser essencial não só para ela, mas para todos os seus companheiros. As autoras imprimem a esta marca um teor simbólico, através do qual elas discutem o impacto do estigma durante a adolescência, o temor da discriminação e de permanecer à margem dos grupos sociais.
Na época em que se passa esta trama, indefinida, porém claramente situada no cenário da cultura moderna, a existência dos vampiros é cientificamente comprovada. Diversas pesquisas científicas constatam inclusive que no metabolismo hormonal do adolescente pode ocorrer uma séria eclosão em uma suposta vertente prejudicada do DNA, dando origem assim ao que se conhece como a Transformação.
Justo quando eu achava que meu dia não tinha como piorar, vi o cara parado perto do meu armário. Kayla estava falando sem parar as baboseiras de sempre e nem reparou nele. De início, agora que parei para pensar de verdade, ninguém havia reparado nele antes que começasse a falar, o que reforça tragicamente minha esdrúxula incapacidade de me encaixar no grupo.
– Não, Zoey, juro por Deus que Heath não ficou tão bêbado depois do jogo. Você não devia ser tão dura com ele.
– É – disse eu distraidamente. – Claro – então tossi. Outra vez me senti um lixo. Eu devia estar sofrendo daquilo que o senhor Wise, meu “mais insano que o normal” professor de biologia do curso preparatório, chamava de Praga Adolescente.
Os jovens que sofrem este processo são rastreados por determinados vampiros e marcados com a tatuagem de uma lua crescente azul-safira na testa. A partir daí os novatos começam a passar por uma mutação interior e são obrigados a se mudar para a Morada da Noite, uma escola que prepara os futuros vampiros. Nem todos, porém, sobreviverão a esta Transformação, pois alguns organismos rejeitam estas mudanças.


Zoey Redbird
 É neste contexto que Zoey, descendente dos nativos cherokees pela linhagem de sua avó materna, Sylvia Redbird, sua mentora espiritual, que a inicia nos segredos e conhecimentos milenares de seu povo, inicia sua nova jornada existencial, confusa e desorientada, prestes a penetrar os mistérios da deusa grega Nyx, representante da Noite.

Era como olhar para o rosto de um estranho familiar. Sabe aquela pessoa que você vê no meio da multidão e jura que conhece, mas não conhece? Agora esta pessoa era eu: a estranha conhecida.

Ela tinha os meus olhos, que ostentavam o mesmo tom de avelã que parecia indeciso entre o verde ou o castanho. Mas meus olhos nunca foram tão grandes e redondos. Ou foram? Ela tinha os meus cabelos – longos e lisos e quase tão escuros quanto os de minha avó antes de começarem a ficar grisalhos. A estranha tinha as minhas pronunciadas maçãs do rosto, nariz longo e lábios fartos – mais traços de vovó e seus antepassados Cherokee. Mas meu rosto jamais fora tão pálido… talvez apenas parecesse pálido em comparação com o desenho azul-escuro de uma lua crescente perfeitamente posicionada no meio de minha testa. Ou quem sabe fosse aquela horrenda luz fluorescente. Torci para que fosse a luz.

Olhei fixo para a exótica tatuagem. Misturada às minhas feições Cherokee, parecia uma marca de bestialidade… como se eu pertencesse a tempos ancestrais, quando o mundo era maior… mais bárbaro.
Depois deste dia minha vida nunca mais seria a mesma. E por um momento – só por um instante – me esqueci do horror de ser excluída e senti um chocante estouro de prazer, enquanto internamente regozijava o sangue do povo de minha avó.

Incumbida de uma missão especial, que ela mesma ignora, justamente por simbolizar uma ponte entre dois mundos distintos, a cultura de seus ancestrais e a dos seus contemporâneos, Zoey começa sua Transformação sob a tutela da sacerdotisa Neferet. Mais uma vez, porém, ela sente o peso de ser diferente, pois a deusa Nyx a tatua com uma marca diferente, sinal dos dons extraordinários que ela lhe concede.
As coisas seriam diferentes se uma novata mais poderosa tomasse o lugar de Aphrodite como líder das Filhas das Trevas.
Eu dei um pulo, sentindo-me culpada, mas disfarcei tomando um grande gole de refrigerante. O que eu estava pensando? Eu não tinha sede de poder. Eu não queria ser Grande Sacerdotisa e nem me meter em uma batalha pé no saco com Aphrodite e metade da escola (a metade mais atraente, aliás). Eu só queria encontrar um lugar para mim nesta vida nova, um lugar que me fizesse sentir em casa – no qual eu me encaixasse e fosse como o resto das pessoas.
A leitura deste thriller impressionante leva o leitor a mergulhar em um universo muito antigo, que remonta aos celtas, povoado pela magia do feminino, pelo poder do matriarcado, pelas guerreiras amazonas, por rituais que reconciliam o Homem e a Natureza, resgatando a comunhão da humanidade com a Criação Divina. Mas este clima sagrado é o tempo todo permeado por passagens muito bem-humoradas, engraçadas e muitas vezes sensuais.
Desde a primeira página é impossível parar de ler Marcada, pois uma vez que se mergulha neste ambiente repleto de vampiros apaixonantes, ligados de uma forma ou de outra ao universo artístico e cultural, de felinos dotados de uma inteligência incomum, de uma atmosfera inebriada pela presença da Deusa, não se deseja mais emergir.

A Deusa estava tão viva naquele lugar.
Marcada é o primeiro volume da série House of Night. Até agora, segundo o The New York Times, ele já vendeu mais de 3 milhões de exemplares. O segundo tomo, Traída, já foi publicado no Brasil pela Editora Novo Século. P. C. Cast é uma aclamada escritora, especializada na criação de livros paranormais e fantásticos, é também educadora e oradora. Sua filha, Kristin Cast, é jornalista e poeta premiada. Ambas residem em Oklahoma-EUA.
As autoras criaram nesta obra uma visão completamente original da estirpe dos vampiros, associando-os a uma cultura espiritual mítica, ao mesmo tempo em que os situa, nos tempos modernos, em uma elite cultural e artística. Com certeza estas figuras entrarão com honra e destaque para o rol da história destas criaturas ancestrais.

Editora: Novo Século

Autor: P C Cast e Kristin Cast
ISBN: 9788576792291
Origem: Nacional

Ano: 2009

Edição: 1

Número de páginas: 328

Acabamento: Brochura

Formato: Médio
Volume: 1