Nessa
chamada era pós-moderna, não cabem mais heróis ancestrais da Mitologia Greco-Romana,
nem os da fase antiga da DC Comics, como Batman e Superman, e da Marvel, como Quarteto
Fantástico e as primeiras versões do Homem-Aranha.
Com
o esvaziamento dos valores, o materialismo crescente e a grave crise moral que
assola o Planeta, houve uma profunda mudança de crenças. O Homem perdeu-se de
si mesmo, da sua própria identidade. Por outro lado, o ser humano é um
sobrevivente; diante de impasses, ele sempre busca uma saída.
Assim,
nessa travessia existencial, a humanidade inicia uma onda renovadora. Descobre,
nesse ínterim, que sua natureza se compõe de luz e sombra. Nesse contexto, é difícil
crer num super-herói infalível, sem qualquer vestígio de imperfeição. Esses
heróis praticamente imortais chegavam a beirar a desumanidade, pois todo humano
é imperfeito.
Hoje,
as editoras de quadrinhos mais poderosas, como a DC Comics e a Marvel, investem
em heróis cada vez mais humanizados e falíveis. Agora, é possível visualizar
uma alma no interior de seus corpos musculosos ou ocultos sob armaduras
tecnológicas potentes. Por exemplo, no filme Batman X Superman, é possível encontrar dois heróis profundamente humanos.
Batman projeta sua própria sombra em seu antagonista, e vice-versa. Aqui, os
dois justiceiros expõem suas faces controversas e sombrias.
Em
Capitão América: Guerra Civil, há um
enfrentamento dos personagens principais, Capitão América e O Homem de Ferro, desencadeando
uma grave ruptura da parceria entre ambos, bem como da própria equipe, Os
Vingadores. A partir desse momento, o governo e até parte da população passa a
considerar os famosos heróis como uma ameaça ao Planeta.
Vejo
no longa Vingadores: Guerra Infinita,
o auge dessa tendência humanizadora. Os Guardiães da Galáxia são praticamente
anti-heróis; Homem de Ferro e Capitão América continuam sem se falar; Bruce
Banner está em crise com seu alter ego, o Hulk; mais que nunca, todos os heróis
expõem sua vulnerabilidade. Suas feridas estão expostas.
O
próprio vilão, Tanos, tem seu lado humano, e sua ação destrutiva é
contextualizada. O público tem a oportunidade de senão aceitar, pelo menos
entender suas razões. O Titã, que já apareceu em Guardiões da Galáxia, revela neste longa suas próprias fraquezas. O
final, impactante, nos leva a refletir sobre o papel dos heróis no mundo
contemporâneo.
Além
disso, mesmo os aficionados mais materialistas, se é que alguém convictamente
materialista é fã de personagens fantásticos, passam a questionar: para onde
vão os heróis quando supostamente ‘morrem’ ou desaparecem? Como o Superman, antes de ressuscitar em A Liga da Justiça?
No
primeiro filme protagonizado pelo Homem Formiga, mencionou-se o Reino Quântico,
uma outra dimensão, onde só se ingressa utilizando energia, um transporte
místico ou por meio da Partícula Pym, através da qual o protagonista encolhe. O
Doutor Estranho, também presente no recente Vingadores, também já esteve neste
universo alternativo, pois tem o dom de viajar entre os vários mundos.
Essa
dimensão e a noção de Multiverso serão significativas em Vingadores 4. De repente, pode ser uma forma de explicar onde foram
parar os personagens que ‘desmaterializaram’ no final de Guerra Infinita. Aqui compartilho da mesma opinião de Vitória
Pratini, em seu artigo postado no site Adoro Cinema. Essas dimensões e universos
alternativos seriam uma espécie de “Mundo das Almas”. Não é incrível pensar que,
agora, os super-heróis são, na verdade, super-humanos, dotados de uma alma capaz
de viajar para outras dimensões?
Seguindo
essa esteira, nos meus livros Terras dos
Encantados: A Jornada do Círculo e A
Herdeira das Estrelas, suas protagonistas, Nina, Lorena e Lícia não são
heroínas infalíveis, robóticas. Pelo contrário. São “espíritos livres,
demasiadamente humanos”, como diz Nietzsche. Elas percorrem uma árdua jornada,
tentando salvar mundos à beira da destruição.
As
personagens vivenciam conflitos e dilemas internos, enfrentam seus próprios
demônios, mergulham em suas faces mais sombrias e também expõem suas
fragilidades. Mesmo assim, seguem adiante, combatendo as sombras presentes em
si mesmas e nas dimensões que percorrem, enquanto tentam curar as feridas da
alma.
Como
em Vingadores: Guerra Infinita, minhas
protagonistas defrontam-se igualmente com seus passados obscuros, enfrentando
fantasmas que teimam em voltar para assombrá-las. Nesse mundo caótico e confuso
em que vivemos, ante tramas com finais impactantes e suspensos, resta-nos reescrever
nossa própria história.
Referência:
Pratini,
Vitória. “O que vem por aí depois de Vingadores: Guerra Infinita? ” in http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-139637/
Oi Ana. Concordo mmuito com você e è através dessa nova onda de heróis que veio minha paixão por esses filmes....o lado mais humano deles torna tudo mais divertido e próximo a nós.
ResponderExcluirCom certeza esse lado humano é apaixonante, Camila, a gente se identifica mais, não é?
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