Primeiro
nossas florestas em chamas. Agora os mares invadidos por misteriosas manchas de
petróleo. Um governo que não se importa. Instituições federais silenciadas, censuradas,
amordaçadas. Um povo dividido por sentimentos de ódio e intolerância.^
Peixes,
recifes de corais, algas, vida marinha exterminada. Pescadores impossibilitados
de exercer sua profissão. Praias famosas esvaziadas, turistas cancelando reservas.
O ar carregado de substâncias tóxicas. Pessoas hospitalizadas.
Na
Amazônia, populações ribeirinhas sofrem as consequências de incêndios em grande
parte criminosos. Ativistas têm a vida ameaçada. O Ministro do Meio Ambiente elegeu
o Ibama, órgão responsável pela execução da Política Nacional do Meio
Ambiente, como um dos seus
principais inimigos.
Autoridades incompetentes parecem não se importar
com a disseminação de incêndios e manchas. Só o que desejam é posar como
atuantes diante da mídia. A comunicação governamental se resume a provocações e
fake news. Os governantes se esforçam para encontrar bodes expiatórios e forjar
notícias que só convencem seguidores fanáticos.
Enquanto isso, a Natureza grita, populações que
vivem e sobrevivem dos recursos naturais giram atordoados, sem saber que futuro
os aguarda. E a evolução das espécies ganha contornos inesperados e
imprevisíveis. A sociedade civil parece estar paralisada, imobilizada pelo medo
ou por uma perplexidade gritante?
Sim, parece um cenário distópico. Há um tênue
limite entre ficção e realidade. Retratado em uma obra ficcional, certamente
esse contexto geraria um best seller. Infelizmente, porém, é real. E a história
se passa no Brasil.
Quem, alguns anos atrás, poderia imaginar uma
conjuntura como essa se passando em um país supostamente acolhedor e fraterno,
democrático e ecumênico? Só dá para concluir que essas sementes de descaso,
tirania, indiferença e intolerância estavam só esperando alguém que as simbolizasse
para desabrochar.
Apesar disso, ainda cultivo a esperança. Acredito
que há sementes de amor, fraternidade, igualdade, liberdade e paz despertando
em muitos outros corações. Ainda deposito fé no futuro do meu país. Mas, para
isso, precisamos sair de cima do muro e quebrar esse silêncio sufocante.
Espero, com minhas palavras, contribuir nesse sentido.
Vamos gritar, deixar de lado a indiferença e as
diferenças, dar as mãos e juntos resgatar o Brasil desse cenário distópico!
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