quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Profissionalização do Contador de Histórias


O contador de histórias é uma figura ancestral. Sua origem remonta aos primórdios da Humanidade. Desde o início, ele teve um papel didático. Diante do desconhecido, era uma luz em meio às trevas. Através de suas histórias, transformava um universo misterioso em um mundo menos sombrio.

Ao longo do tempo, as narrativas orais foram conferindo sentido à existência humana, retratando, na jornada do herói, a própria trajetória do Homem. Desde os bardos da Antiguidade greco-romana até o contador de histórias moderno, a maior preocupação sempre foi educar. Tanto a criança, quanto o adulto.
Transmitir histórias oralmente, em volta de uma fogueira, gravando as palavras na memória dos ouvintes, improvisando de relato a relato, era um desafio. Nesta época, a economia e a profissionalização eram realidades inexistentes.
Com o passar do tempo e a invenção da escrita, o mundo se modificou. Surgiram o Estado Moderno, a Revolução Industrial, o Mercantilismo, depois o Capitalismo. Vieram as inovações tecnológicas. A educação grega, integral, do corpo e do espírito, foi assumindo novas características, até culminar na extrema especialização da era contemporânea.
Em pleno século XXI, na época da realidade virtual, o contador de histórias também passou por inúmeras mudanças. Na verdade, sua imagem ressurge, hoje, com toda força. Ele está presente tanto em hospitais e organizações não-governamentais, como voluntário, quanto no interior das escolas, sempre educando, como um profissional.
Um profissional que, muitas vezes, investiu em si mesmo, participando de cursos, oficinas, até de cursos de pós-graduação voltados para este campo. Muitos contadores de histórias estão, portanto, se habilitando, se aprimorando profissionalmente.


Atualmente, esta ocupação começa a deixar as mãos de amadores para seguir rumo à profissionalização, pois há uma demanda crescente por este profissional, principalmente nas escolas.
Algumas destas instituições, inclusive, reservam um espaço no currículo escolar para este evento. Às vezes, até mesmo professores e bibliotecários são preparados para exercerem esta tarefa no âmbito escolar. Muitos desses institutos educacionais contam com salas de leitura, preparadas previamente para a narrativa de histórias.
Neste contexto, considero fundamental que o contador de histórias seja um profissional regulamentado, desde que ele comprove sua habilitação, sua formação nesta área. Isso não significa que se deva engessar uma figura ancestral. Na minha opinião, todo aquele que desejar narrar uma história, seja onde for, deve ter esse direito.
Não se pode cair no extremismo de exigir um diploma ou um certificado para que o narrador conte uma história. Porém, aquele que desejar adotar a contação de histórias como uma profissão, e investir nessa carreira tempo e recursos financeiros, precisa ser considerado um profissional, com todos os direitos e obrigações.

Como toda profissão regulamentada, deve-se pensar com cuidado nas regras, nos requisitos, na formação necessária, entre outras exigências. Cabe aos contadores de histórias profissionais se organizarem e produzirem esses parâmetros.