domingo, 18 de setembro de 2011

"Eu Sou o Número Quatro" (Pittacus Lore)

Este livro eu faço questão de compartilhar com vocês. Não deixem de ler, de preferência antes de assistir o filme, que não vi ainda, mas com certeza roubaria boa parte do clima deste thriller eletrizante! Assim que assistir a adaptação para o cinema, falo um pouco sobre esta versão.



Poucos livros me abalaram tanto quanto este, que já figura entre minhas obras preferidas em uma lista restrita. Ele é fruto de um enredo original, uma narrativa ágil, dinâmica, bem estruturada e de um ardil singular dos autores, que criam uma identidade fictícia ao figurarem como um dos personagens da trama, o ancião Pittacus Lore, exilado há doze anos na Terra, a quem os lorienos teriam confiado sua história.

O protagonista do primeiro volume da saga Os Legados de Lorien é apenas um adolescente, não um super-herói implacável. Ele chegou à Terra há dez anos, vindo de um planeta devastado por outra civilização alienígena, os Mogadorianos; em sua nave embarcaram apenas nove crianças acompanhadas de seus guardiões, os Cêpans, últimos remanescentes dos lorienos.

Dizem-me que o chão tremeu, que os céus se encheram de luz e explosões.Vivíamos aquelas duas semanas no ano em que as duas luas pairam em lados opostos do horizonte. Era um tempo de celebração, e no início as explosões foram confundidas com fogos de artifício. Mas não eram. (...) O que lembro com mais clareza é como minha avó estava naquele dia. Havia lágrimas em seus olhos. (...) Havia abraços. E palavras ditas por eles. Não lembro quais foram. E nada me atormenta mais do que isso. Levei um ano para chegar aqui. Eu tinha cinco anos quando chegamos.

Seus adversários os seguem até a Terra, dispostos a dizimar completamente a linhagem de Lorien e também a estudar as  fraquezas dos terráqueos para, posteriormente, destruir também os humanos e ocupar o seu lugar no Planeta, uma vez que já destruíram seus recursos naturais e Mogadore é uma estrela em extinção. Ao partir de seu mundo cada criança foi marcada por um encantamento lórico, o qual só permite que elas sejam mortas na sequência dos números atribuídos a cada uma delas.

Cada vez que um dos lorienos morre, nos demais aparece uma circatriz circular no tornozelo direito. É assim que eles são alertados e sabem quando serão os próximos. No início desta história três deles já foram mortos, e o Número Quatro sabe, agora, que é a presa do momento. É quando Henri, nome adotado por seu guardião ao chegar à Terra, decide partir para outra cidade, Paradise, um pequeno lugarejo de Ohio.

As mudanças constantes me esgotaram, e agora vai ser impossível  passar despercebido ou ficar em um lugar por algum tempo. Vai ser impossível fazer amigos ou me sentir parte de algo. Cansei dos nomes falsos e das mentiras. Estou farto de viver olhando por cima do ombro para ver se há alguém me seguindo. Eu me abaixo e encosto nas cicatrizes no tornozelo direito. Três círculos, que representam os três mortos. (...) Enquanto toco as cicatrizes, tento imaginar quem eles eram, se eram garotos ou garotas, onde viviam, quantos anos tinham quando morreram.


É hora de assumir uma nova identidade, e o Número Quatro se torna John Smith. Outra escola, outros colegas, diferentes experiências. Ele está cansado de se mudar, de não ter uma vida como a dos jovens humanos, pois nunca teve a oportunidade de fazer amigos ou de se apaixonar e ter uma namorada. Neste contexto o garoto conhece Sarah Hart, filha da corretora imobiliária com quem seu guardião negociou a  nova residência, e sua colega de colégio, e se torna o melhor amigo de Sam, o adolescente mais estranho da cidade, e de Bernie Kosar, o incomum cãozinho beagle que o adota.

Para sua segurança, John é obrigado a seguir determinadas normas ditadas por Henri, entre elas não se destacar e jamais chamar a atenção sobre si mesmo, pois qualquer incidente pode atrair os mogadorianos. Mas desta vez ele decide se comportar como um aluno comum, e logo no primeiro dia de aula cria uma séria inimizade com Mark James, ex-namorado de Sarah, e consequentemente com todo o time de futebol da escola, os amigos do pretenso valentão.

Neste exato momentos seus Legados começam a desabrochar. Em seu planeta natal a civilização é dividida entre os Gardes, seres com poderes excepcionais, que variam de um para o outro, e os Cêpans, seus guardiões, os quais os ajudam a desenvolver seus dons. John começa a despertar seu primeiro Legado, o Lúmem, ou seja, a resistência ao fogo e ao calor. A partir deste instante Henri lhe permite ter acesso, pela primeira vez, à Arca Lórica, um artefato lorieno que contém sua herança.

Em Lórien havia dois tipos de cidadãos: os comuns e os que desenvolvem os Legados, ou poderes - que podem ser extremamente variados, (...) da invisibilidade à capacidade de ler mentes, voar ou manipular as forças da natureza, como o fogo, o vento ou os raios. Os que têm os Legados fazem parte da Garde, e os que não os têm são intitulados Cêpans, ou Guardiões. (...) Todo Garde é designado a um Cêpan quando pequeno, que o ajuda a entender a história do planeta e a desenvolver seus poderes. Cêpan e Garde - um grupo para administrar o planeta, outro para defendê-lo.

O primeiro objeto com o qual ele tem contato é o cristal lórico, instrumento que lhe possibilita desenvolver seu  Legado e ter visões do passado; por meio destas ele vai recompondo as lembranças que adormecem em sua consciência, pois tinha apenas quatro anos quando partiu de Lorien. Entre os rígidos treinamentos para o despertar de seus outros poderes e as memórias da Guerra que destruiu seu Planeta, John se apaixona por Sarah, e este sentimento o leva a criar raízes em Paradise, algo impensável para um lorieno em fuga.

Embora John se sinta feliz como nunca e se esforce para ser um garoto comum, o amor e a amizade podem colocar em risco seus planos de segurança. Sua vida chega a uma encruzilhada: como ele pode esquecer o passado, o projeto de desenvolver seus Legados até estar pronto para se unir aos outros sobreviventes e, no momento certo, lutar contra os mogadorianos e então retornar a Lorien e reconstruir o Planeta que ainda pulsa em seu núcleo? Por outro lado, como pode renunciar ao amor de Sarah e à amizade de Sam, uma experiência com a qual sempre sonhou e que agora se torna possível?

- Humanos. Acha que eles podem sentir amor por nós? Quero dizer, amor de verdade. (...)
- somos diferentes deles. E amamos de maneira diferente. Um dos dons dos seres de nosso planeta é amar completamente. Sem ciúme, insegurança ou medo. Sem mesquinhez. Sem raiva. Você pode ter sentimentos intensos por Sarah, mas não são os mesmos sentimentos que você teria por uma garota loriena.

A narrativa na primeira pessoa compõe uma trama eletrizante, capaz de abalar os nervos mais resistentes, e por páginas e páginas, principalmente na metade final do livro, nos faz roer as unhas e não nos permite deixar de lado o livro até a última linha; quando somos obrigados a abandonar por alguns momentos a leitura, as cenas, muito nítidas em cada passagem, ficam passando em nossa mente sem cessar. Não há palavras que descrevam o ritmo deste thriller e as emoções que a história é capaz de despertar no leitor.

Os autores nos transmitem uma mensagem importante, principalmente no momento que a Terra atravessa. Lorien é um planeta bem mais antigo que o nosso; seus habitantes acompanharam toda a evolução terrena, e percebem que os terráqueos estão prestes a provocar um esgotamento de seus recursos, da mesma forma que os lorienos em outras eras, e os mogadorianos recentemente. Os primeiros perceberam seu erro e reverteram seu comportamento destrutivo, evoluindo a ponto de desenvolver os Legados; os outros preferem matar sua estrela natal e destruir as demais, sugando a essência vital alheia. E quanto aos humanos, qual será sua escolha?

Um planeta velho, cem vezes mais velho do que a Terra. Cada problema que a Terra enfrenta hoje - poluição, superpopulação, aquecimento global, falta de alimento -, tudo isso Lorien já enfrentou. Em dado momento, vinte e cinco mil anos atrás, o planeta começou a morrer. Isso aconteceu muito antes da habilidade de viajar pelo universo, e o povo de Lorien foi forçado a agir para sobreviver. (...) eles garantiram o compromisso de garantir que o planeta se tornasse para sempre autossustentável, mudando sua maneira de viver, dispensando tudo o que era prejudicial - armas e bombas, substâncias químicas tóxicas, poluentes -, e com o tempo o dano começou a ser revertido.

Pittacus Lore é o nome fictício de que se valem os autores, James Frey, criador do polêmico livro de memórias A Million Little Pieces, e Jobie Hughes, escritor norte-americano que traz em seu currículo a publicação de Agony at Dawn. Eu Sou o Número Quatro foi adaptado para as telas dos cinemas pelo diretor D. J. Caruso, produzido por Steven Spielberg e Michael Bay, protagonizado por Alex Pettyfer.


Editora: Intrínseca


Autor: Pittacus Lore
ISBN: 978-85-8057-013-7

Assunto: Ficção Científica/Literatura Fantástica

350 Páginas

Preço: R$ 39,90

Ano: 2011

Volume: 1

Capa: Brochura

Formato: Médio


terça-feira, 13 de setembro de 2011

"O Tao da Sabedoria Emocional" (Dena Saxer e Mantak Chia)

Oi, leitores! Compartilho com vocês mais um lançamento da Editora Cultrix. Essencial para quem vive no mundo moderno; com tantas informações e tarefas a cumprir, não é fácil manter as emoções equilibradas. E este livro parece apontar os caminhos para a cura do nosso emocional.



Mantak Chia, a quem se deve o trabalho de desenvolvimento e disseminação do Sistema Tao de Cura Universal, decifra em O Tao da Sabedoria Emocional, mais uma publicação da Editora Cultrix, os sinais que a raiva, a depressão, o medo, a inquietação, a culpa e o stress nos remetem e demonstra como somos capazes de reequilibrar e converter estes sentimentos sombrios em generosidade, coragem, alegria e paz espiritual.
O autor se inspira nos ancestrais preceitos chineses e no saber extraído da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) para expor em seu livro um projeto eficiente que engloba três exercícios taoístas com duração de dez a vinte minutos. Estas práticas são modalidades de chikung – Chi tem o sentido de ‘energia’ ou ‘respiração’; Kung denota ‘destreza na prática ou disciplina’.
O leitor é conduzido pelo autor através desta obra por meio de orientações passo a passo e imagens práticas. Ele ainda traz como complemento um capítulo com um guia para a cura emocional e um setor no qual estão expostos os primeiros socorros taoístas; nele é possível encontrar uma lista de substâncias naturais de eficiência comprovada para distúrbios como a insônia, a indigestão e a enxaqueca.
Dena Saxer, uma das autoras desta obra, é mestre do sistema Tao de Cura. Ela revela, ao lado de Mantak Chia, as distinções entre a medicina ocidental e a Medicina Tradicional Chinesa, destacando que a primeira vê nos vírus e nas bactérias as causas mais significativas das enfermidades, enquanto a segunda considera o equilíbrio entre o corpo físico, a mente e a esfera espiritual essencial para a preservação da saúde, a busca da felicidade e a paz interior.
Mantak Chia é considerado o predecessor e o maior pesquisador do Sistema Tao de Cura Universal. Ele transmitiu seu mecanismo de cura e os exercícios de energização a incontáveis aprendizes e orientou mais de mil instrutores e adeptos em todo o Planeta. O autor produziu centros de estudo e prática do taoísmo em vários países.
Através desta editora ele já lançou: Automassagem Chi, Chi Kung da Camisa de Ferro, Chi Nei Tsang I e II, Cura Cósmica, A Cura do Amor pelo Tao, Métodos Taoístas para Transformar Stress em Vitalidade, Reflexologia Sexual, Tao Yin, entre outros.

 
Editora: Cultrix

Autores: Mantak Chia e Dena Saxer
ISBN: 9788531611292

Assunto: Taoísmo

216 Páginas

Preço: R$ 34,90

Ano: 2011

Capa: Brochura

Formato: Médio


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Julieta" (Anne Fortier)

Eis ai um livro que me deixou totalmente apaixonada. A autora faz um resgate fantástico da história de Romeu e Julieta e traça seus pretensos desdobramentos atuais, recriando uma nova história de amor com toques do passado e do mundo moderno. Imperdível!



Anne Fortier retrata em sua obra de estreia uma história de amor única e inesquecível, tecida a partir do clássico Romeu e Julieta. Surpreendentemente o leitor descobre nesta trama que Shakespeare inspirou-se em fatos reais ao criar o célebre confronto entre os Capuleto e os Montéquio. E também que o escritor não foi o único nem o primeiro a eternizar esta história na literatura; pelo menos três versões circularam antes do bardo dar sua interpretação poética definitiva ao amor de dois jovens marcados pela inimizade de duas famílias.

O mundo se desenvolvera a seu redor, mas Siena não se importava. (...) A cidade se apegava a seu eu medieval com obstinado descaso pelos atrativos do progresso. Havia toques do Renascimento aqui e ali, mas, em linhas gerais, como dissera o gerente do hotel, (...), Siena fora sensata demais para se deixar seduzir pelos encantos dos playboys da história, os chamados mestres que transformavam casas em bolos de várias camadas.

Siena, o cenário no qual transcorre a primeira representação deste enredo trágico, foi realmente o palco de vários conflitos familiares, dos quais o mais famoso foi o que opôs os Tolomei e os Salimbeni, e são justamente estes os clãs eleitos pela autora para protagonizar este saboroso thriller composto a partir de boas doses de romance, suspense, eventos históricos e mistérios que se perpetuam ao longo do tempo. Ao contrário de Shakespeare, que encenou sua história em Verona, ela resgata os antigos textos e volta a ambientar a trágica trama em Siena.

A narrativa tem início com a morte de Rose, tia-avó de Julie Jacobs. A protagonista e a irmã gêmea, Janice, foram criadas por ela desde o acidente de carro que vitimou seus pais em Siena, na Itália, há mais de vinte anos. Criadas nos Estados Unidos, com a ajuda de Umberto, o fiel mordomo da mãe adotiva, as duas cresceram praticamente sem conhecer o seu passado e com vagas lembranças dos pais, Diane e Patrizio Tolomei.

Enfim me aproximando de Umberto, busquei em vão aquele arzinho de felicidade que costumava surgir no canto de seus olhos quando me via depois de um certo tempo. Mas não havia nem sinal de sorriso e então compreendi porque ele tinha vindo. Aninhando-me em silêncio em seu abraço, desejei ter o poder de virar a realidade de cabeça para baixo, como uma ampulheta, e fazer com que a vida não fosse um processo finito, mas uma passagem perpetuamente repetida por um buraquinho no tempo.

Com a morte de Rose, a única herança que cabe a Julie é uma carta que desencadeia uma avalanche de revelações sobre sua família e seus ancestrais, enquanto Janice misteriosamente fica com a casa da tia-avó, na qual ambas passaram toda a infância e a adolescência.

Nesta correspondência secreta a protagonista é instruída a partir para Siena, apesar da mãe adotiva ter sempre se esforçado para impedir que ela conhecesse a Itália. Nela a jovem também descobre que seu nome real é Giulietta Tolomei e o de sua irmã é Giannozza. Ela é orientada a procurar o consultor financeiro Francesco Maconi ao chegar a sua cidade natal, pois  só ele pode conduzi-la ao cofre de Diane, onde ela guardara, antes de morrer, um legado familiar muito valioso.

Eva Maria tocou meu nariz com o indicador:
- Não subestime o poder dos acontecimentos de muito tempo. Esse é um defeito trágico do homem moderno. (...) Foi aqui que sua alma nasceu. Acredite, Giulietta, haverá pessoas aqui para quem você é alguém. (...)
- A sua família, os Tolomei (...), foi uma das mais ricas e poderosas de toda a história de Siena. Eles eram donos de um banco privado, sabe, e sempre estiveram em guerra conosco, os Salimbeni, para provar quem tinha maior influência na cidade. A inimizade entre os dois clãs era tão intensa que eles puseram fogo na casa uns dos outros... e mataram os filhos uns dos outros na cama, na Idade Média.

Julie é logo atraída pela possibilidade de encontrar um tesouro e também pela oportunidade de finalmente descobrir seu passado. Na enigmática Siena ela encontra uma caixa com antigos papéis, um crucifixo de prata, uma ancestral edição de Romeu e Julieta na versão shakespeariana e o diário do artista Maestro Ambrogio, um célebre pintor italiano que junto com Frei Lorenzo patrocinou o famoso romance proibido.


Através deste relato intenso e apaixonado Giulietta mergulha na trágica história que se desenrolou há mais de 600 anos, em 1340, e aos poucos descobre os laços que a ligam a este passado de rivalidades, sangue e maldições. À medida que vai desvendando os mistérios que envolvem sua família e o tesouro herdado de sua mãe, a jovem se sente cada vez mais ameaçada. Sua vida está em risco, e a sensação de morte se acentua em seu coração, pois ela sempre acalentou a ideia de que morreria aos 25 anos, sua idade atual e a mesma da mãe ao morrer.

- Sabe, sua mãe acreditava que uma antiga maldição persegue os Tolomei e os Salimbeni até hoje. E estava tentando encontrar um meio de quebrá-la. Era obcecada com essa ideia. (...) Ela era muito decidida. Tinha certeza de que estávamos todos amaldiçoados. Morte. Destruição. Acidentes. "Uma maldição sobre nossas casas"... ela costumava dizer. (...) Ela vivia citando Shakespeare. Levava aquilo muito a sério... Romeu e Julieta. Achava que tinha acontecido aqui mesmo, em Siena.

Tudo se complica ainda mais quando ela é envolvida pela misteriosa Eva Salimbeni e por seu afilhado Alessandro Santini, que lhe desperta sentimentos estranhos e contraditórios, entre os quais sobressai uma imediata aversão, logo substituída por um misto de atração e desconfiança.

A trama conduz o leitor por um labirinto de acontecimentos do passado e do presente que ele deve encaixar para gradualmente compreender a história familiar que tem início com Giulietta e Romeu, em 1340, para então desembocar nos tempos modernos, quando uma nova heroína, herdeira de sua ancestral, tem a oportunidade de por fim à trágica sina que persegue sua linhagem.

A jovem franziu o cenho:
- Vossa poesia é misteriosa. Pretendeis que eu vos compreenda ou esperais que eu confunda minha própria estupidez com vossa sabedoria?
- Santo Deus! - exclamou Romeo. - Como é zombeteira a Fortuna! Deu-te olhos, mas, em troca, levou-te os ouvidos. Giulietta, não reconheces a voz do teu cavaleiro? (...) Não reconheces seu toque? - acrescentou, a voz pouco mais que um sussurro.

É impressionante como a autora intercala duas narrativas tão distintas a cada capítulo. De um lado, a protagonista narra na primeira pessoa suas experiências e descobertas, em um estilo literário moderno; de outro, o diário de Maestro Ambrogio é narrado na terceira pessoa, numa linguagem típica da época, quase como se fosse escrita por Shakespeare.

- Confessa-te a mim - sussurrou Romeo, segurando suas mãos - e te darei uma bênção que jamais se esgotará.
- A borda de tua taça está coberta de mel - respondeu Giulietta, deixando-o tornar a puxá-la para si. - Pergunto-me que terrível veneno ela conterá.
- Se for veneno, há de nos matar a ambos.
- Ora... deves realmente gostar de mim, se preferes morrer comigo a ficar vivo com outra mulher.

Este contraste é simplesmente fascinante, e enriquece ainda mais a história singular tecida pela autora a partir de pesquisas de campo minuciosas realizadas principalmente por sua mãe, Birgit Malling Eriksen, fã incondicional da clássica história de Romeu e Julieta.



Anne Fortier nasceu na Dinamarca e aí passou boa parte de sua existência. Ela se doutorou em História das Ideias na Universidade Aarhus e fixou residência nos EUA a partir de 2002. Neste país ela se dedicou ao cinema, tornando-se co-produtora do documentário Fire and Ice: The Winter War of Finland and Russia, que conquistou o Emmy. Hoje ela reside no Canadá. Julieta é sua primeira incursão ficcional.


 
 
Editora: Sextante
 
Autora: Anne Fortier

ISBN: 9788599296912

Assunto: Suspense / Romance

448 Páginas
 
Ano: 2010

Preço: R$ 39,90

Capa: Brochura

Formato: Médio
 
Edição: 1
 

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Pegasus e o Fogo do Olimpo" (Kate O'Hearn)

Oi Pessoal! Mais uma postagem bem legal. Não é somente um mero livro de aventuras, e sim uma história que nos faz refletir sobre os valores de nossa civilização e sobre questões como amizade, lealdade e a morte. Leitura imperdível!
 
 
 
A autora inova neste livro ao mesclar a mitologia greco-romana com o vertiginoso mundo moderno. Nesta trama eletrizante e cativante os heróis são pessoas comuns; mais que isso, são dois adolescentes típicos dos dias atuais que, de repente, entram em contato com o passado mítico da Humanidade e descobrem que ele é bem real.
 
Emily é uma garota de 13 anos aparentemente igual a tantas outras que vivem em Nova Iorque. Ela perdeu a mãe há três meses e agora compartilha sua profunda tristeza com o pai, Steve Jacobs, um policial dedicado e íntegro. Ambos moram em um apartamento no último andar de um prédio de 20 andares.

Em uma noite tempestuosa, fruto da guerra fatal que se desenrola no Olimpo entre os deuses e as terríveis criaturas autodenominadas Nirads, o ser alado conhecido como Pegasus é atingido por um raio ao ter suas rédeas douradas roubadas pelo Olímpico Paelen, quando tentava seguir para a Terra, e cai no terraço acima do apartamento de Emily.

Um grande cavalo branco estava deitado de lado no jardim das rosas. (...) Ao prestar mais atenção, Emily prendeu a respiração. (...) Levantando a lanterna, ficou ainda mais chocada. O animal tinha asas enormes, cobertas de barro, folhas e pétalas, mas inconfundíveis com suas longas penas brancas. (...) Emily estava maravilhada. Ela nunca vira algo tão incrível quanto aquilo em toda a sua vida.

(...) - É você mesmo, não é? - ela sussurrou calmamente enquanto corajosamente acariciava o focinho dele. - Você é o Pegasus, não é? Quer dizer, o Pegasus de verdade.

Assustada com a tempestade, principalmente depois que um raio atinge o Empire State Building, localizado diante de seu edifício, provocando um blecaute generalizado na cidade, a jovem se depara com a bela criatura e sente um irresistível desejo de socorrê-la, mesmo correndo o risco de se ferir sob o assombroso temporal.

Incapaz de retirar a lança cravada por um Nirad sob uma de suas asas, e de recolocar a outra no lugar, Emily convence Pegasus a aceitar a ajuda de seu colega de escola, Joel DeSilva, uma vez que o garanhão a proíbe de contar sobre ele a seu pai. Embora o garoto seja um notório encrenqueiro, sempre prestes a entrar em uma briga, ela não consegue pensar em outra pessoa, já que o menino é obcecado pela imagem do ser alado, presença constante nos desenhos que povoam seu caderno.

Joel DeSilva tinha entrado na classe dela havia apenas dois meses, mas já tinha se metido em várias brigas, não conversava com ninguém e não tinha nenhum amigo. A maioria dos meninos da classe morria de medo dele e por isso o deixava em paz. Joel DeSilva era a última pessoa no mundo com a qual Emily gostaria de falar, mas era o único em que ela conseguia pensar.

Nasce neste momento uma gradual e intensa amizade e cumplicidade entre os três. E logo o trio se vê perseguido por Nirads que invadem Nova Iorque através dos esgotos da cidade; os terríveis monstros têm uma meta, destruir Pegasus e, assim, impedi-lo de cumprir a missão que o trouxe ao Planeta.


O Garanhão foi incumbido por Júpiter de levar de volta o Fogo ao Olimpo; todos acreditavam que este universo mítico seria destruído se a chama que o mantinha vivo fosse apagada, mas quando os Nirads finalmente invadem o Templo e concretizam os temores dos deuses, os sobreviventes da acirrada batalha olímpica têm seus poderes enfraquecidos, mas continuam vivos.

- A morte do Fogo do Olimpo foi o que nos enfraqueceu.

(...) Diana olhou para Emily e suspirou pesadamente.

- O Fogo, que é a fonte de todo o nosso poder e força, queima no Olimpo desde o início. Mas recentemente sua força diminuiu e, então, ficamos enfraquecidos. (...) Se a chama estivesse com sua força máxima, eles teriam sido derrotados facilmente, mas do jeito que estava os Nirads conseguiram chegar ao Templo do Fogo e o apagaram completamente. Todos nós acreditávamos que iríamos morrer sem ele, mas não foi o que aconteceu.

Os Nirads somente derrotaram os Olímpicos porque a filha de Vesta, portadora do coração do Fogo do Olimpo na Terra, permitiu que sua Chama enfraquecesse, mas agora ela é a única que pode reacender a concha vazia e apagada que permanece no Templo e salvar não somente a esfera mítica, mas também o universo humano. E cabe a Pegasus encontrá-la, com a ajuda de Emily, seu pai Steve, Joel e Diana, que seguiu o garanhão na Terra.

Para alcançar a meta proposta por Júpiter, eles têm que fugir dos Nirads e dos sombrios integrantes da UCP, uma agência secreta do governo norte-americano, habituada a caçar alienígenas e deles roubar tecnologia avançada; eles aprisionam Paelen, vítima do mesmo raio que atingiu Pegasus, e com ele encontram as sandálias aladas doadas ao ladrão por Mercúrio, antes de sua morte, e as rédeas de ouro do garanhão, única arma capaz de matar os monstros misteriosos.

- Não é upa, - Emily corrigiu - é U-C-P, Unidade Central de Pesquisas. Não é todo mundo que conhece essa agência; eles lidam com coisas estranhas e científicas e tudo o que for relacionado a alienígenas. Meu pai diz que quando a UCP leva alguém, a pessoa nunca mais é vista, nem se ouve falar dela. Ele já precisou lidar com a agência algumas vezes e, em todas elas ou foi ameaçado, ou o mandaram ficar em silêncio, senão haveria problemas. Se a UCP ficar sabendo sobre o Pegasus, eles o levarão e nunca mais o veremos.

A narrativa concisa e precisa da autora surpreende a cada momento o leitor, conduzindo-o a um final surpreendente e emocionante. Os capítulos são breves e, narrados na terceira pessoa, revezam os pontos de vista de Emily e de Paelen. É através da ótica destes personagens, jovens e sedutores, que a história se desenrola e as aventuras e peripécias do grupo são descritas.

A visão de Emily  sobre a morte é um dos pontos altos do enredo, uma passagem arrepiante que fica definitavamente gravada em nossa memória. Pegasus e o Fogo do Olimpo é apenas o primeiro livro da série Olimpo em Guerra, e é com ansiedade que aguardo o próximo volume, já que os personagens desta saga são simplesmente apaixonantes e inesquecíveis.



Kate O’Hearn nasceu no Canadá, mas foi em Nova Iorque, cenário desta obra, que ela cresceu. Nesta paisagem ela se sente realmente confortável. A autora se tornou famosa por seus livros infantis, povoados principalmente por criaturas fantásticas, especialmente dragões e bruxas, protagonistas da série Shadow of Dragon, que logo se tornou um sucesso de público nos Estados Unidos.



Editora: Leya
 
Autora: Kate O'Hearn

ISBN: 9788580440751

Assunto: Literatura Fantástica / Mitologia

286 Páginas

Preço: R$ 29,90

Capa: Brochura

Formato: Médio
 
Edição: 1
 
Volume: 1
 


sábado, 3 de setembro de 2011

"Nascida à Meia-Noite" (C. C. Hunter)

Oi Galera! Que falta senti de postar meus textos aqui! Alguns problemas de saúde, porém, me impediram de acessar a Net por algum tempo. Mas agora prometo que vou recuperar o tempo perdido.

 E começo falando sobre o novo selo do Grupo Editorial Pensamento, o Jangada. Segundo o diretor-presidente, Ricardo Riedel, este título surgiu da paixão que os membros da família Riedel cultivam: os barcos. O Logotipo se baseou em uma das obras criadas por  Carybé,  célebre artista plástico, o qual teve alguns de seus álbuns lançados por esta Editora. Além do mais, o pintor era amigo pessoal do pai de Ricardo, o Senhor Diaulas Riedel, diretor-presidente do grupo até 1997.

Aí vai a sinopse do livro; já estou morrendo de vontade de ler. Prometo resenhar o livro assim que chegar às minhas mãos.





Nascida à Meia-Noite é o primeiro livro da série Acampamento Shadow Falls. Kylie Galen, uma jovem como tantas outras, não poderia estar em um momento mais difícil de sua existência. Seus pais estão prestes a se separar, seu namorado deu um fim ao relacionamento, a avó acaba de morrer, ela passa a ver o espírito de Dude, um soldado morto, e certa noite é presa por estar na balada errada, com más companhias e no pior momento.
Por esta razão a mãe, aconselhada pela terapeuta da protagonista, a Doutora Day, a envia para Shadow Falls, um acampamento situado em uma cidadezinha conhecida como Fallen, em meio a uma enigmática floresta; o local supostamente abriga jovens com problemas e é visto com desconfiança pelos vizinhos por estar envolto em uma névoa de mistérios desde um remoto passado. Fatos enigmáticos aí transcorreram e o recanto deu origem a uma ancestral lenda indígena.
Este evento modificará para sempre a vida de Kylie. Poucos momentos depois de ser recebida no estranho acampamento, a garota fica perplexa ao descobrir que seus companheiros são, na verdade, criaturas paranormais. Ela nunca acreditou que era muito normal, mas também não sente nenhuma afinidade com estes seres inusitados. Ou será que é como eles? Afinal, porque atrai a atenção de todos e é inclusive separada dos demais?
No acampamento ela é obrigada a conviver com vampiros, lobisomens, metamorfos, bruxas e fadas; todos aprendem a aperfeiçoar seus poderes, a dominar o universo da magia, e a levar uma vida normal entre os humanos comuns. Tudo muda para Kylie quando ela conhece dois gatinhos diferentes.
No começo a jovem queria acima de tudo abandonar Shadow Falls e retornar ao lar; mas com dois amores dividindo seu coração e após perceber que ela mesma também abriga estranhos dons, os quais chamam a atenção até mesmo de agentes do FBI, Kylie se dá conta de que provavelmente sua existência nunca mais voltará a ser a mesma. Principalmente depois que estranhas mortes passam a ocorrer na floresta que rodeia Shadow Falls e coloca em risco o acampamento.
Este livro foi publicado nos Estados Unidos em maio deste ano, inicialmente com uma tiragem de 50 mil exemplares. A obra surpreendeu o mercado ao alcançar o pico de 45 mil cópias vendidas em somente três meses. Bem recebida por leitores e críticos, seus direitos já foram negociados em seis países. O segundo volume, Awake at Dawn, será lançado em maio de 2012.
C.C. HUNTER é o pseudônimo de Christie Craig. Ela passou sua infância no Alabama, participando de brincadeiras criativas ao lado dos irmãos. A autora reside em Spring, no Texas, na companhia do marido, de quatro gatos e um cachorro.  Atualmente se dedica a escrever para jovens adultos as histórias sobrenaturais que integram a saga Shadow Falls e narrativas de suspense para Grand Central, além de ler muito e reservar um tempo para a fotografia.
Título: Nascida à Meia-Noite

Autora: C.C. Hunter

Assunto: Ficção

ISBN: 9788564850002

Idioma: Português

Tipo de Capa: Brochura

Edição: 1ª edição - 08/2011

Número de Páginas: 320