domingo, 24 de julho de 2011

"Aura Negra" (Richelle Mead)

Oi pessoal, ainda estou meio triste com a morte da diva musical do século XXI, Amy Winehouse, claro. E o livro que vou dividir com vocês, hoje, cumprindo minha promessa, fala muito sobre a morte. É o segundo livro da série Academia de Vampiros, Aura Negra.



Enquanto no primeiro livro, O Beijo das Sombras, os Strigoi eram apresentados detalhadamente ao leitor, mas apareciam rapidamente apenas no final da trama, aqui estas criaturas são realmente as vilãs, as responsáveis pela eclosão do pânico entre Moroi e Dampiros.
Mais uma vez o enredo retorna ao ambiente escolar da São Vladimir, mas este cenário divide o espaço, agora, com a residência dos Badica, uma estação de esqui e a tenebrosa cidade de Spokane, em Washington. A história ganha um dinamismo ímpar, e vários personagens novos aparecem e ganham um destaque singular, como a tia de Christian, Tasha, e Adrian, membro da realeza e representante da família Ivashkov.
Engoli em seco. Percebi subitamente quem era aquela mulher. Era a tia de Christian. Quando os pais dele transformaram-se em Strigoi, voltaram para buscá-lo, com a intenção de escondê-lo até que crescesse e pudesse ser também transformado em Strigoi. Eu não conhecia todos os detalhes da história, mas sabia que sua tia os afastara dele. Como eu disse antes, no entanto, os Strigoi são letais. Ela serviu para distraí-los o suficiente até que os guardiões aparecessem, mas ela não saiu totalmente ilesa.
Os Ivashkov eram uma família real, uma das mais ricas e mais poderosas. Eram o tipo de gente que achava que podia conseguir tudo o que queria e passar por cima de quem quer que estivesse na frente deles. Não era de admirar que ele fosse tão arrogante.
A narrativa tem início quando Rose Hathaway segue para a residência dos Badica na companhia de Dimitri; aí ela vai realizar um teste essencial para sua vida profissional, o qual será ministrado por Arthur Schoenberg, lendário guardião, ídolo dos dampiros que seguem seus passos. Quando ambos chegam ao refúgio da família real, são surpreendidos com uma cena macabra; a família, alguns amigos e os guardiões locais foram mortos, inclusive Arthur.
Uma mensagem no espelho do banheiro sugere que um terrível plano visa eliminar toda a nobreza Moroi; e, pior ainda, os Strigoi contam agora com a ajuda dos humanos, o que lhes possibilita agir mesmo sob a luz do sol e, com a ajuda de estacas de prata, romper os escudos protetores construídos em volta das moradas e instituições Moroi como a Escola São Vladimir.
Como era típico de seu jeito de fazer as coisas, Dimitri me ensinou o básico antes, lapidando o jeito como eu segurava e movimentava a estaca. Mais tarde, ele finalmente me deixou atacar um dos bonecos, e eu de fato descobri que exigia mesmo muito esforço para atingir o coração. A evolução humana tinha feito um bom trabalho ao proteger o coração com o esterno e as costelas. (...)
- Humanos não ajudam Strigoi... – E me interrompi. Lá estava eu novamente usando uma expressão de negação. Não. Mas eu não conseguia evitar. Se havia uma coisa com a qual nós podíamos contar em nossa luta contra os Strigoi eram as suas limitações: a intolerância à luz solar, a impenetrabilidade dos escudos, a magia das estacas, etc. Nós usamos a fraqueza deles como arma. Se eles tinham outros... humanos... que os estavam ajudando e que não eram sensíveis a estas limitações... (...)
- Isso muda tudo, não é? – perguntei.
- Muda, sim – disse ele. – Muda tudo.
O medo toma conta dos vampiros; com a proximidade do Natal, muitos deles preferem se reunir em uma estação de esqui, pois juntos eles se sentem mais seguros. Quando todos começam a relaxar, um novo ataque contra os Drozdov, em algum ponto ao norte da Califórnia, leva novamente o pânico à comunidade Moroi.


Paralelamente à investida dos mortos-vivos, a autora confronta finalmente Rose e sua mãe, a mítica guardiã Janine Hathaway. Como o leitor deve se lembrar, as mães dampiras que desejam abraçar o destino de guardar e proteger as famílias Moroi são obrigadas a deixar de lado a maternidade ou a entregar seus filhos para serem criados por outras pessoas.
Mas esta não era Tamara. Esta era uma pessoa que eu conhecia há anos, alguém que me inspirava tudo menos orgulho e animação. Ao invés disso, era ressentimento o que eu sentia. Ressentimento, raiva e uma violência que me queimava por dentro.
A mulher que estava de pé na frente da sala era a minha mãe.
Eu não podia acreditar. Janine Hathaway. Minha mãe. Uma mãe incrivelmente famosa e absurdamente ausente. (...) e nem se dera o trabalho de me avisar que viria. Onde é que foi parar o amor materno?
Assim, Rose foi entregue desde cedo à Escola São Vladimir, para ser educada e treinada como uma guardiã. Nesta sequência todas as mágoas e ressentimentos da protagonista explodem quando ela se depara com a aparente frieza e indiferença materna. Fragilizada e vulnerável, julgando-se desprezada por Janine e também por Dimitri, que se torna cada vez mais íntimo de Tasha, ela se aproxima perigosamente do misterioso Adrian e de seu colega de turma, Mason.
A participação de Lissa nesta trama é bem menor; suas incontroláveis explosões emocionais parecem agora ter contagiado Rose, que é obrigada a enfrentar e a vencer a imaturidade psíquica e o temperamento impulsivo. Com delicadeza, inteligência e extrema sensibilidade a autora acompanha o processo de amadurecimento de Rose. Os diálogos entre mãe e filha são geniais e remontam às origens da personagem, que jamais conheceu o pai e teme ser fruto de uma escolha puramente genética.
A parte de mim que estivera tentando conquistar autocontrole e sabedoria com Dimitri sabia que aquilo era perigoso, mas todo o restante adorava abraçar aquele comportamento inconsequente. A marca negra da rebeldia ainda soava forte em mim. (...)
Abri os meus sentidos para compreender os sentimentos de Lissa e gostei do que descobri. (...) Aquele medo ainda estava dentro dela, mas fora superado por uma autoconfiança e uma determinação firmes. (...) por mais que a ideia de haver bandos de Strigoi perambulando por aí a aterrorizasse, ela queria fazer a sua parte.
A questão da morte também está muito presente nesta história; Richelle é hábil em retratar esta realidade inevitável sob o ponto de vista de uma jovem de dezessete anos que já foi tocada por sua presença, e mesmo assim voltou à vida, embora marcada definitivamente por este momento singular. Desta vez, porém, Rose é obrigada a lidar com ela de outra forma, talvez ainda mais intensa e inesquecível.
Eu me senti como se existisse num universo paralelo, num estado em que mal conseguia manter à margem da minha consciência o terror e o luto. (...) Pois, enquanto eu pudesse me recusar a reconhecer o horror daquilo, podia fingir para mim mesma que nada daquilo realmente acontecera.
Richelle mescla o universo fantástico e temas contemporâneos com inteligência, bom-humor e altas doses de ironia. Ela retrata como ninguém a esfera da adolescência, o momento das transformações mais significativas da jornada humana. Rose é um personagem apaixonante, especialmente por não se enquadrar na categoria das heroínas frágeis e românticas, e sempre transcender o medo e a dor com coragem, determinação e tiradas sarcásticas e engraçadas.
Richelle é uma escritora norte-americana, originária da cidade de Michigan. Formada na área de educação, ela lecionou na 8ª série em Seattle até alcançar o sucesso de seu primeiro livro, Succubus Blues. A partir de então ela passou a se dedicar integralmente à literatura. Hoje ela desenvolve simultaneamente três sagas, Georgina Kincaid, Dark Swan e a direcionada ao jovem adulto, Academia de Vampiros, da qual O Beijo das Sombras é o primeiro volume.

Editora: Nova Fronteira

Autor: Richelle Mead

ISBN: 9788520923993

Origem: Nacional

Ano: 2010

Edição: 1

Número de páginas: 297

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Volume: 2


 

Um comentário:

  1. Só não li a resenha porque ainda nem comecei a ler essa série, mas vou dar uma olhada na sua resenha de Beijo da Sombra.
    Beijões

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