Pode parecer inacreditável, mas a
sequência da saga Fadas é ainda mais apaixonante. Como os personagens
principais já foram apresentados e desenvolvidos, bem como o cenário em que
transitam, a autora pode ir agora direto ao ponto. Ela pode até criar outra
paisagem e permitir que o leitor se torne cúmplice de Laurel na exploração de
Avalon, o universo fantástico que marca suas origens.
A protagonista adiou ao máximo o
reencontro com Tamani após a difícil decisão de permanecer ao lado dos pais
biológicos e de David. Por mais que tentasse justificar para si mesma a demora
em ir ao encontro do elfo, era o medo que a movia, o medo de não resistir à
tempestade emocional que ele sempre lhe provocava.
Porém, uma carta encontrada sob
seu travesseiro selou seu destino. Ela deverá passar as férias de verão em
Avalon, estudando e aprimorando seus dons de fada de outono. Não se trata de um
simples treinamento. Os perigos continuam a rondar o mundo feérico e também a
família adotiva de Laurel, sem falar nos seus amigos. Portanto, é essencial que
ela desenvolva suas técnicas de cura e de defesa, armando-se com poções e
fórmulas poderosas que, em uma emergência, podem fazer a diferença entre a vida
e a morte dela e dos seus entes amados.
A princípio, apesar da
insegurança e do receio natural, ela se empolga com a ideia de finalmente
conhecer Avalon e, quem sabe, resgatar as memórias do passado. Mas logo o
contato freqüente com Tamani, que lhe desperta desejos inconfessáveis, provocando
culpa e confusão em seu coração angustiado, a pressão dos estudos árduos e a
rígida hierarquia social de um universo que deveria transpirar magia e
liberdade, começam a sufocar Laurel.
De repente, ela se vê dividida
entre dois mundos, e em muitos momentos deseja retornar ao seu lar. Mas também
aí nada é mais o mesmo desde que sua família descobriu sua verdadeira
identidade. Mesmo sem saber dos riscos que envolvem as mais recentes
revelações, já que Laurel preferiu omitir a luta contra os trolls e a verdade
sobre Barnes, sua mãe adotiva não se comporta mais como antes. Deixou de ser
sua amiga, confidente, e até passou a negligenciar suas responsabilidades
maternas. Agora ela se mantém distante e fria, ocupada o tempo todo com uma
loja nova, de produtos homeopáticos, aberta ao lado da livraria.
Essa mudança brusca e dolorosa deixa
Laurel sem rumo e até um pouco deprimida. Além disso, ela não consegue se sair
tão bem na prática da Herbologia Defensiva, o que a deixa mais vulnerável
diante de uma provável ameaça dos trolls, e seu coração oscila mais que nunca
entre o humano David e o elfo Tamani, e cresce a probabilidade dela magoar um
deles ou até mesmo os dois. Enquanto isso, vive apreensiva diante do estranho
silêncio de seus adversários.
E é justamente no seu primeiro
momento de invigilância que os trolls atacam, deixando Laurel e David à mercê
deles. No último momento a misteriosa Klea Wilson salva os dois das garras de
seus inimigos. Mas desde o primeiro momento Laurel suspeita das intenções da humana
e, apesar dos protestos de David, não consegue confiar nela. Seus
pressentimentos se intensificam quando descobre que ela é uma caçadora de seres
considerados sobrenaturais.
Klea insiste em protegê-la e a
presenteia com uma arma. Apesar de Laurel recusar-se a usá-la, David a guarda
para um momento de real necessidade. Sua empolgação com os armamentos, porém,
revela uma face dele que a protagonista desconhecia. Isso a assusta e a
aproxima mais de Tamani.
Um novo convite para uma festa em
Avalon complica ainda mais esse contexto perturbador, principalmente quando ela
decide ir sem contar nada aos pais e principalmente a David. Ao transpor esse
limiar, ela põe em risco tudo que mais ama e suas convicções mais profundas.
Haverá retorno após esse passo impulsivo? Algum dia sua vida voltará a ser a
mesma? Seus inimigos terão a oportunidade de se aproveitar desse seu momento de
fragilidade?
A autora nos revela, neste
segundo volume, toda a beleza e sedução do universo das fadas, mas não poupa o
leitor de outra visão desse mundo. Os seres mágicos não são tão encantadores e
livres como poderíamos imaginar. Eles se dividem no que se poderia chamar de
castas, rigidamente estruturadas. As fadas e elfos de Inverno, restritos a duas
ou três criaturas, governam essa dimensão, estabelecem as regras sociais e
protegem os portais de Avalon contra os invasores.
Os seres de Outono, por seu
intelecto privilegiado e seus estudos exaustivos, formam a elite de Avalon.
Eles se dedicam apenas à aquisição de conhecimento e à produção das ervas,
loções, tônicos nutritivos e poções que salvarão vidas. Os serviços gerais
cabem à maior população, a das fadas e elfos de Primavera, como Tamani, já que
os de Verão se dedicam à arte, à criação.
Laurel não se conforma com a
maneira como os seres de Primavera e Verão são tratados; ela crê que são
menosprezados e se insurge contra a etiqueta social de Avalon, protagonizando
momentos de grande constrangimento, principalmente para Tamani, que, entre
outras coisas, é obrigado pelas regras a caminhar atrás de Laurel, jamais ao
seu lado. Todavia, a liberdade extravasa na arte e nos relacionamentos amorosos
entre fadas e elfos. Ao pensar em seu futuro, Laurel considera cada vez menos a
possibilidade de ir para a Academia de Avalon.
Só há um porém nessa trama
inteligente e mágica. A autora deixa o leitor cada vez mais eletrizado e no
final, após roermos as unhas e nos enredarmos em mais doses de mistério, ela
nos deixa no ar, à espera da leitura do terceiro livro, Ilusões, algo que
faltou no primeiro volume. Aliás, ela nos reserva uma surpresa e tanto nas
últimas páginas de Encantos.
Aprilynne Pike nasceu na cidade de Salt Lake
City, em Utah. Ela sempre foi fascinada pelo universo feérico. Some-se a isso sua
criatividade frenética, e o resultado é uma escritora que aos vinte anos já
traz em seu currículo uma especialização em Escrita Criativa na Faculdade
Lewis-Clark, em Lewiston, Idaho. A autora é casada e tem três filhos, e com
eles vive, atualmente, no Arizona.
Autora: Aprilynne Pyke
Origem: Nacional
Edição: 3ª
305 Páginas
Preço: R$ 25,50
Capa:
Brochura
Formato:
Médio
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