Capitã Marvel: Jornada Libertadora
Capitã Marvel é
um filme do qual eu não esperava nada. Ele não teve o marketing, a expectativa
e a repercussão da fase final da saga Os
Vingadores. Mas um olhar atento, indo além da superfície, pode encontrar
significados mais profundos na história desta protagonista.
No
início da trama, Vers, a personagem principal, não sabe quem ela é; perdeu a
memória e, portanto, desconhece a própria identidade, que reside na essência do
nosso ser. Apesar dos poderes que detém, a protagonista se acha vulnerável,
fragilizada.
O
mentor dela sempre alerta que uma verdadeira guerreira deve aprender a
controlar as emoções. Do contrário, será incapaz de despertar os potenciais
interiores; assim, jamais vencerá seus opositores.
Daí
a importância do autoconhecimento. Enquanto Vers não resgatar as lembranças,
estará à mercê da manipulação de seus inimigos, sujeita à dominação da sua
mente.
É
bom lembrar que se alguém deseja enfraquecer o adversário, seja este um
indivíduo ou um povo, é só investir no controle da consciência, das emoções e
da alma do inimigo, roubando suas esperanças. A partir daí, pode-se praticar
qualquer desmando, sem que haja nenhuma resistência.
Criada
pelos Krees, uma nação alienígena, a futura Capitã Marvel tem apenas flashes do
passado em seus sonhos. Mas neles ela não consegue identificar a face de seu
verdadeiro adversário.
Ou
seja, como Vers ignora a própria identidade, acha-se igualmente inapta para
reconhecer os reais antagonistas. É como viver num estado de constante
inconsciência, no qual se fica suscetível a discursos doutrinários e a um
domínio físico e psicológico.
Esta
produção, dirigida por Anna Boden e Ryan Fleck, é primorosa, os efeitos
especiais deslumbrantes, o ritmo hipnotizante e o elenco é de primeira, com
destaque para Brie Larson, no papel da protagonista, Annette Bening e Samuel L.
Jackson, que interpreta de forma brilhante o personagem Nick Fury, o renomado
líder da agência secreta S.H.I.E.L.D.
Além
disso, a trama ainda leva o espectador disposto a transcender o mero
entretenimento a uma reflexão sobre a importância do autoconhecimento, da
procura do verdadeiro eu, para deixar de ser manipulável e se transformar em um
indivíduo singular.
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