Ao que parece, a série Os Imortais fica melhor a cada livro, e certamente Chama Negra é o melhor de todos até agora. Nesta sequência, Ever sofre as consequências das atitudes tomadas no final de Terra de Sombras, quando apelou para a magia com propósitos completamente egoístas.
Como a autora deixa claro neste volume, a magia tem como objetivo manipular energia, não pessoas. Quando a protagonista tenta amarrar Roman a si mesma, com o objetivo de controlar sua mente e, assim, induzi-lo a lhe devolver o antídoto que permitiria a consumação física de seu amor por Damen, o feitiço vira contra a feiticeira e ela é que fica sob o domínio do cruel imortal.
Mas Ava, como sempre, resolve ignorar meu comportamento e prossegue como se eu nada tivesse dito:
- aprendi que a magia, como a materialização, é apenas a simples manipulação da energia. Mas, enquanto a materialização normalmente é reservada à manipulação da matéria, a magia, pelo menos em mãos erradas... (...) Bem, se não for praticada corretamente, com a intenção adequada, tende a manipular pessoas, e é aí que começam os problemas.
- aprendi que a magia, como a materialização, é apenas a simples manipulação da energia. Mas, enquanto a materialização normalmente é reservada à manipulação da matéria, a magia, pelo menos em mãos erradas... (...) Bem, se não for praticada corretamente, com a intenção adequada, tende a manipular pessoas, e é aí que começam os problemas.
Ever se torna totalmente obcecada por seu adversário; seus pensamentos, sonhos, desejos e ambições se voltam exclusivamente para os olhos azuis e a pele bronzeada de Roman; no momento em que olha para ele, a chama negra acesa em seu íntimo brilha com uma intensidade à qual ela não pode resistir.
Aos poucos a jovem imortal é dominada pelo que ela acredita ser um monstro alheio a ela, mas na verdade é seu próprio lado sombrio, desperto por seu envolvimento com magia negra. Ever não tem consciência de que esta face obscura esteve sempre presente em seu íntimo, pronta para emergir ao primeiro impulso favorável.
Porque Roman está certo. Total e completamente certo. O único motivo pelo qual perdi, pelo qual não consegui o que queria, é o fato de o monstro ser eu, não há diferença entre nós. Ele é responsável por toda a ação, por todas as decisões, enquanto eu apenas acompanho, sem saber como pisar no freio ou dar o fora.
(...) A fera está dentro de você, Ever, porque você a colocou aí dentro. Mas, acredite, pode se livrar dela com a mesma facilidade.
Ever percorrerá uma árdua e dolorosa jornada de dor, desespero, ilusão, erros, frustrações, equívocos, escolhas erradas, até compreender o processo de amadurecimento que atravessa por entre espinhos e abismos, o qual lhe permitirá alcançar o conhecimento e o domínio de si mesma. Enquanto isso, ela revê antigos conceitos e se liberta de ressentimentos e preconceitos.
Porque Roman está certo. Total e completamente certo. O único motivo pelo qual perdi, pelo qual não consegui o que queria, é o fato de o monstro ser eu, não há diferença entre nós. Ele é responsável por toda a ação, por todas as decisões, enquanto eu apenas acompanho, sem saber como pisar no freio ou dar o fora.
(...) A fera está dentro de você, Ever, porque você a colocou aí dentro. Mas, acredite, pode se livrar dela com a mesma facilidade.
Ever percorrerá uma árdua e dolorosa jornada de dor, desespero, ilusão, erros, frustrações, equívocos, escolhas erradas, até compreender o processo de amadurecimento que atravessa por entre espinhos e abismos, o qual lhe permitirá alcançar o conhecimento e o domínio de si mesma. Enquanto isso, ela revê antigos conceitos e se liberta de ressentimentos e preconceitos.
Esta travessia não prescinde da passagem pelas sombras, um território definido pelo psicólogo Carl Gustav Jung como o eu sombrio, que reside dentro de cada um de nós, inconsciente e reprimido, rejeitado pela nossa consciência. Esta é a chama negra com a qual Ever não tem a mínima intenção de se identificar, pois é sempre mais fácil culpar forças externas pela ação de nossas próprias disposições internas.
- Um lado sombrio? - Olho para ela, lembrando-me de ter ouvido algo similar há algumas horas. - Você quer dizer, como... um eu-sombra?
- Agora você está citando Jung? - Ela ri.
Franzo o cenho, sem ter ideia de quem é.
- Dr. Carl Jung. - Ela continua rindo. - Ele escreveu tudo sobre o eu-sombra, basicamente dizendo que é nossa parte inconsciente e reprimida, as partes que nos esforçamos para negar.
- Um lado sombrio? - Olho para ela, lembrando-me de ter ouvido algo similar há algumas horas. - Você quer dizer, como... um eu-sombra?
- Agora você está citando Jung? - Ela ri.
Franzo o cenho, sem ter ideia de quem é.
- Dr. Carl Jung. - Ela continua rindo. - Ele escreveu tudo sobre o eu-sombra, basicamente dizendo que é nossa parte inconsciente e reprimida, as partes que nos esforçamos para negar.
O leitor será cúmplice de Ever nesta viagem interior, irá se irritar com ela, julgá-la, para depois se identificar plenamente com a jovem imortal ao entender que a vida é complexa, e o aprendizado transformador nasce justamente dos erros, das decepções, das quedas ao longo do caminho.
Nestes momentos difíceis a protagonista recorrerá a Jude, pois não tem coragem de revelar a Damen que, apesar de suas orientações, ela sucumbiu à tentação de apelar à magia no combate ao seu maior inimigo. Ao mesmo tempo em que luta para resistir à atração hipnotizante que a domina cada vez mais, é obrigada a vencer o impulso de eliminar do caminho sua rival, justamente Haven, a melhor amiga que ela mesma transformou em imortal, a nova eleita de Roman.
A autora vai ainda mais além ao desvendar as almas de Roman e Haven, a nova imortal que se deixa seduzir pelos poderes que a convertem, finalmente, de patinha feia e patética em mulher poderosa e sedutora. Alyson se vale destes personagens para discutir sutilmente a questão do bullying, um comportamento que pode ter início no próprio ambiente familiar.
A fera nasceu há seiscentos anos, quando o pai o espancou, quando Damen o negligenciou, quando Drina foi gentil com ele. Certamente ele poderia ter vivido de outra forma, feito escolhas melhores, se pelo menos alguém tivesse lhe mostrado o caminho. Mas ninguém pode dar o que não tem.
A fera nasceu há seiscentos anos, quando o pai o espancou, quando Damen o negligenciou, quando Drina foi gentil com ele. Certamente ele poderia ter vivido de outra forma, feito escolhas melhores, se pelo menos alguém tivesse lhe mostrado o caminho. Mas ninguém pode dar o que não tem.
De um enredo simples, sem maiores complicações, Noël extrai temáticas profundas e significativas, como a constituição energética do pensamento, o lado sombrio presente em cada ser, o poder de atração de mentes afins, a sintonia entre os semelhantes, a morte, as complexas teias de emoções que configuram a identidade de cada um, o processo de evolução espiritual do ser humano. Além disso, a trama eletrizante levará o leitor a roer as unhas até a última linha do livro.
Quando você foca no que teme, atrai mais daquilo que teme. Quando foca no que não quer, atrai mais daquilo que não quer. Quando foca em tentar controlar os outros, acaba sendo controlada. Sua concentração em algo traz mais disso e mais coisas como isso para sua vida. Impor sua vontade aos outros, para persuadi-los a fazer algo que normalmente não fariam... bem, isso não apenas não funciona, como também acaba voltando diretamente para você.
Quando você foca no que teme, atrai mais daquilo que teme. Quando foca no que não quer, atrai mais daquilo que não quer. Quando foca em tentar controlar os outros, acaba sendo controlada. Sua concentração em algo traz mais disso e mais coisas como isso para sua vida. Impor sua vontade aos outros, para persuadi-los a fazer algo que normalmente não fariam... bem, isso não apenas não funciona, como também acaba voltando diretamente para você.
Alyson Noël é autora dos volumes Para Sempre e Lua Azul, os quais compõem a série Os Imortais; além disso, a escritora já tem sete romances publicados. O próximo livro da saga, Estrela da Noite, promete questões existenciais ainda mais intensas; e com certeza uma Ever mais amadurecida e segura.
aiiiiii gostei muito dos imortais mil vezes MELHOR que crepusculo concorda ? ao que a maioria tambem concorda
ResponderExcluireu adoroo a série, estou no Lua Azul ainda...
ResponderExcluira capa estadunidense eh melhor, mas a brasileira também eh linda nao? rsrs