quarta-feira, 29 de junho de 2011

"A Batalha do Apocalipse" (Eduardo Spohr)

Oi Pessoal! Desculpem a demora para postar um novo texto, mas tive alguns problemas de saúde na minha família. Agora vou procurar compensar a demora, principalmente compartilhando com vocês a leitura que fiz deste livro genial!


Este livro é uma caixinha de surpresas da qual emergem histórias de diferentes etapas da trajetória humana, as quais se entrelaçam e compõem a narrativa inigualável de Eduardo Spohr sobre o Crepúsculo dos Tempos, conhecido biblicamente como o Apocalipse. Ao longo do enredo ele retrata a ganância, a ambição e a sede de poder de Homens e Anjos.
O autor retoma a tradição dos mitos gregos, que representam os deuses como seres passionais, inclinados a alimentar as mesmas emoções que dominam o coração humano: ira, cólera, ciúme, ódio e paixão, ao lado de ideais sublimes. Ele mescla a esta mitologia ancestral valores cristãos dogmáticos, como Adão e Eva, o Paraíso Perdido, a serpente tentadora, Noé e o Dilúvio, a hierarquia angelical, entre outros; noções modernas do Cristianismo, tais como a evolução do Homem e do Planeta, colônias espirituais, espíritos perdidos na esfera etérea, que não conseguem seguir adiante antes de concretizar seus desejos de vingança; e concepções religiosas orientais, particularmente conceitos panteístas.
Concentrando todo o poder debaixo de suas asas, os poderosos arcanjos, onipotentes e intocáveis, utilizavam a palavra de Deus para justificar sua própria vontade. Revoltados com o amor do Criador para com os seres humanos e movidos por um ciúme intenso,decidiram ir contra as leis do Altíssimo e destruir todo homem que caminhasse sobre a terra, acabando assim com parte da criação do Divino.
A este caldeirão de crenças e fantasias humanas soma-se a ação épica de um herói inesquecível, o querubim Ablon, e seu amor utópico por Shamira, uma poderosa feiticeira humana. A partir do primeiro encontro entre ambos, quando o protagonista salva a moça pela primeira vez, a trama vai acompanhando o percurso humano, desde a era da Antiga Mesopotâmia, quando o rei Nimrod construía a mítica Torre de Babel, até o mundo contemporâneo, passando pela história do Império Romano, com escalas pela Antiga China, passagens pelo deserto no qual hoje estão localizados o Iraque, o Afeganistão e o Irã, sem deixar de lado Jerusalém na época de Jesus e depois na atualidade.
Antes, porém, de retratar a história humana, o autor remonta ao estágio anterior à criação do Universo, quando o Deus da Luz combateu a Deusa das Trevas, Tehom, durante as Batalhas Primevas. Só então, com a derrota da escuridão e do caos, foi possível criar o Cosmo como hoje o conhecemos.
Houve um tempo, muito anterior à aurora do universo, em que o infinito estava dividido em duas províncias, a província das trevas e a província da luz. A escuridão era então governada por uma divindade hedionda, Tehom, a deusa do caos. (...) Seu opositor era o deus da luz, o resplandecente Yahweh. Em determinada ocasião, Yahweh e Tehom entraram em guerra.
O Criador contou então com a ajuda dos Arcanjos, sua primeira criação – Gabriel, Rafael, Uziel e Lúcifer, liderados pelo primogênito, Miguel. Logo depois Ele gerou os anjos, divididos em várias castas, as quais definem sua natureza essencial. Para melhor compreender a história, o leitor precisa entender que as criaturas angélicas são dominadas por suas divindades, poderes especiais. Por exemplo, os querubins são dotados de dons bélicos, o que determina sua personalidade guerreira; já os serafins são diplomatas e burocratas, e alguns, como Sieme, são dotados de talentos mentais, entre eles a telepatia.
Mas anjos e arcanjos não têm uma alma dotada de livre-arbítrio, e alguns deles se deixaram dominar pelo ciúme, pois Deus tinha especial predileção pela raça humana, entre eles Miguel, responsável por executar as Vontades Divinas. Possuído pelo egoísmo e pela ambição de dominar um Universo desprovido de mortais, ele conduz um plano estratégico para destruir a Humanidade.
Todos nós temos um espírito: humanos, deuses, animais e até plantas. O espírito é a energia vital que alimenta os seres viventes, mas espírito e alma são elementos distintos, embora poucos o saibam.É a alma que faz dos terrenos especiais no universo. É a força da alma que os torna conscientes, autônomos, que dá a vocês o livre-arbítrio, a dádiva que foi negada às entidades aladas.
Miguel produz então, com a ajuda de seu séquito, inúmeros cataclismos, entre eles o Dilúvio, do qual Noé sobrevive, contribuindo para preservar a raça humana, e a destruição de Sodoma e Gomorra, a qual é perpetrada especialmente por Apollyon, agente da morte e inimigo milenar de Ablon.

A Destruição de Sodoma e Gomorra
O extermínio dos habitantes destas cidades é o estopim para que o celestial Ablon e seus seguidores se rebelem contra os arcanjos; traído, porém, por Lúcifer, o protagonista e os outros querubins são exilados na Haled, como é denominada a esfera terrena. Materializados na Terra, os dezoito renegados tentam sobreviver na nova realidade, mas passam a ser inclementemente perseguidos tanto pelo Diabo, já expulso do céu após uma revolta pretensamente debelada, quanto por Miguel.

Ablon não era o único a sofrer com as memórias passadas. Orion também tinha seus próprios fantasmas, e talvez fosse a dor que os unisse, a nostalgia inesquecível daqueles dias de glória. Compreendeu, então, mais uma das grandes emoções humanas. A ligação entre demônio e renegado era forte porque compartilhavam das mesmas lembranças. E essas recordações são invioláveis, precisamente porque se transformam em lugares míticos, inalcançáveis, ícones para uma mente sofrida.
Resta a Ablon aguardar o Dia do Ajuste de Contas ou do Juízo Final para retornar ao Plano Etéreo, esfera espiritual mais afastada da Crosta terrestre, e aí ter a oportunidade de finalmente confrontar seu adversário político, Miguel, no maior confronto já protagonizado pelos celestiais, o Armageddon, que terá como cenário o famoso Monte Megiddo, previsto como o palco da batalha final do Apocalipse. Neste momento o querubim terá também, quem sabe, a chance de eliminar seus inimigos pessoais, o Exterminador Apollyon e o Anjo Negro.
Enquanto isso, Ablon e Shamira, que se tornou a bruxa mais poderosa do Planeta, e por esta razão detém o poder da longevidade, vão testemunhar a história da Humanidade, o nascimento e a queda de Impérios e civilizações. Até que o Homem, de posse de armas e tecnologias letais, inicia sua caminhada rumo à destruição. Os Sete Selos estão sendo violados, e logo soarão as Sete Trombetas, marcos da deflagração do Apocalipse.
O tecido da realidade é feito da coletividade da consciência terrena. Representa a capacidade dos homens de acreditar no que é real e negar o impossível. (...) Mas o fim do mundo representará também o fim de todas as instituições, da civilização como a conhecemos. Todos os valores humanos serão trucidados, e o impossível passará a existir. Não haverá mais uma barreira entre o real e o questionável. (...) Tudo em que o Homem sempre acreditou será desmentido. (...) Muitos morrerão, e os que viverem aceitarão uma nova percepção do universo.
O leitor tem o desafio de transpor as 586 páginas deste livro na companhia de Ablon e Shamira, com a ajuda de um glossário que esclarece os termos bíblicos desconhecidos e ajuda a localizar os inúmeros personagens que desfilam por esta obra épica. Adianto, porém, que não é nenhum sacrifício mergulhar nas várias histórias que se unem para compor o mosaico da história humana.
Quanto à descrição do Apocalipse, afirmo que é a narrativa mais eletrizante e cinematográfica já vista nos livros que li até hoje, com suas reviravoltas, mudanças incessantes de cenas, idas e vindas, até culminar em um final completamente imprevisto e criativo. Além disso, a leitura nos oferece reflexões essenciais e meditações que nos acompanham mesmo após a conclusão de sua leitura. Principalmente sobre os descaminhos da Humanidade, suas guerras e os interesses econômicos que as movem.
Foi assim que, pela primeira vez, percebeu os sinais, os indícios que confirmavam os últimos dias da terra. Começou com aquilo que os profetas chamaram de "cavaleiros do Apocalipse". Não houve cavaleiro de fato nem entidades montadas que personificassem a previsão. Mas o renegado podia percebê-los nas guerras no Oriente Médio, nas crianças famintas da África, nas epidemias, nos falsos videntes e em todo lugar onde a morte arrastava seu manto. Depois, a situação mundial se degradou, e isso nada teve a ver com as forças infernais ou celestes.
Muitas passagens nos despertam emoções profundas: raiva, alívio, tristeza – confesso que chorei em vários momentos – e alegria. E em outras o autor alcança, na sua linguagem, momentos de intensa poesia.
Assino em baixo do comentário do escritor José Louzeiro na contracapa desta obra, não há mesmo na literatura de língua portuguesa algo que sequer se assemelhe a este livro; o autor nos conduz por uma saga que pode bem figurar ao lado de clássicos como A Odisséia e A Ilíada, até mesmo por seu caráter mitológico.
A visão dos fantasmas na entrada da trilha secreta confundira sua mente. (...) A busca pela iluminação o deixara catatônico, mas, ao presenciar a materialização das rapinas, o rapaz enfim compreendeu que não existia apenas uma realidade, mas várias. (...) Mas o fato de que, para ele, elas não existiam não queria dizer que não pudessem vir a existir. Acreditar no impossível é a chave para entender os segredos do universo.
Eduardo Sporh nasceu no mês de junho de 1976 no Rio de Janeiro. Ele é jornalista, escritor, professor, blogueiro e podcaster brasileiro, tendo em seu currículo uma atuação no podcast Nerdcast, pertencente ao blog Jovem Nerd. Seu livro esteve entre os mais comercializados no segundo semestre de 2010, ano em que a Editora Record, por meio de seu selo Verus, publicou esta obra. Até dezembro o autor já havia vendido pelo menos 50 mil cópias.

Editora: Verus

Autor: Eduardo Spohr

ISBN: 9788576860761
Origem: Nacional

Ano: 2011

Edição: 10

Número de páginas: 586

Acabamento: Brochura

Formato: Médio



2 comentários:

  1. Sou louca para ler esse livro.
    Sem dúvidas, deve ser excelente, pois é um sucesso!
    Acho tão legal ver um autor Nacional bem sucedido!
    Adorei a resenha! xD

    beeeeijo, Nayanne =*
    http://www.bookaholicworld.com/

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  2. Já li e aprovo! muito filmes de apocalipse já rodaram e não são lá aquilo tudo. Mas para um livro, achei até "realista demais"
    Valeu!! Cleiton

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