sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"Queremos Miles"

Oi Galera! Domingo, 29 de janeiro, é a última oportunidade para ver a exposição Queremos Miles. É simplesmente uma experiência inesquecível e imperdível esta jornada pela vida e arte do maior músico do Planeta (em minha opinião e na de muitos!), mesmo para quem não conhece ou não é exatamente fã de Miles Davis.

A mostra inicia com a apresentação de sua infância em St. Louis, os primeiros passos do jovem Miles na trajetória musical, sua paixão pelo bebop, a posterior adoção do cool jazz, a passagem pelas várias vertentes do jazz, a queda desastrosa no mundo das drogas, a determinação no momento de deixar a heroína, a gravação do mítico Kind of Blue, em 1959, o lançamento do clássico Sketches of Spain, o nascimento do subversivo e alucinante álbum Bitches Brew, até desembocar na última apresentação no La Villette de Paris.
Não esperem uma exposição tradicional. O percurso é um tanto labiríntico e fascinante; é possível mergulhar em cada etapa de sua vida e criação em ordem cronológica; se ficar meio perdido, pular algumas etapas e voltar depois, sem problemas, pois esta opção nos dá a sensação de estabelecermos nosso próprio roteiro pela vida do ícone do jazz.
Os organizadores da mostra unem imagem, som e recursos multimídia para que possamos realmente imergir no universo de Miles. Em pequenas salas, ligadas ao bloco temático percorrido, a experiência sensorial é mais intensa e o contato com determinados momentos de sua vida é mais íntimo.
Assim, há uma sala reservada somente para o álbum Kind of Blue, outra para Bitches Brew, e assim por diante; em cada uma delas é possível sentar-se confortavelmente, fechar os olhos, ouvir as músicas relacionadas àquele estágio cronológico e viajar ao som de Miles.
Há um espaço fantástico no qual um trecho do filme Ascensor para o Cadafalso é exibido. Nele a expressiva atriz Jeanne Moreau perambula pelas ruas de Paris ao som da trilha conduzida por Miles Davis e criada em uma única noite a pedido de seu diretor, Louis Malle, então estreante nas telas dos cinemas.

Cada ambiente tem sua magia particular. É uma oportunidade única ver as capas de seus discos, os trompetes coloridos do músico, gravados com seu nome, fotos, especialmente as assinadas por Annie Leibovitz e Irving Penn, partituras, o órgão da fase mais elétrica, o piano – único instrumento exposto sem nenhuma proteção, suas teclas ao alcance das mãos, é muita tentação! -, documentos, obras de arte, especialmente as pinturas de Jean Michel Basquiat.
Após experimentar as mais variadas faces do jazz, de flertar com o rock e até mesmo com o funk, o artista se isola a partir de 1975 e cai em terrível depressão. Este estágio da exposição é realmente sombrio e assustador, um corredor estreito revestido de preto, representando a ausência de luz na vida e no apartamento do músico, onde janelas e cortinas estavam sempre cerradas.
Mas então chega 1991e finalmente os apelos do público, das gravadoras e de outros músicos dão resultado; ele retorna com o álbum The Man With the Horn e com a gravação We Want Miles, que dá título a esta exposição e traduz o desejo de todos na época.
Então o visitante da mostra sai das sombras e ingressa em um ambiente totalmente vibrante, colorido, atordoante. Na tela a transmissão de um show ao vivo desta época; por todos os lados é possível encontrar recursos multimídia, fones de ouvido nos quais é possível ouvir entrevistas, participações de Miles em peças publicitárias, como o anúncio de uma vodka japonesa, trechos de filmes e figurinos deslumbrantes.
Neste momento o músico assume-se enquanto ícone da cultura moderna e torna-se também um símbolo do universo fashion; passa pelas passarelas e veste figurinos de estilistas japoneses famosos e até de Versace, e eles estão expostos neste mesmo espaço, encantando nosso olhar. Aí também são exibidas as pinturas desenvolvidas pelo músico nesta última etapa. O álbum mais célebre desta etapa é Tutu, de 1986. Miles então se aproximou do universo mais pop, de artistas como Cindy Lauper e Michael Jackson.



A exposição foi organizada pelo museu Cité de la Musique, de Paris, quando a gravação de Kind of Blue completou cinqüenta anos e a de Sketches of Spain fez quarenta anos. A curadoria é de Vincent Bessiéres. Aproveitem o fim-de-semana e não deixem passar esta oportunidade. E, se puderem, comprem a obra de Bessiéres sobre Miles, à venda no SESC Pinheiros ou pelo site. Em breve vou postar aqui sobre este livro e o Kind of Blue, escrito pelo jornalista Richard Williams e publicado pela Casa da Palavra.

Onde: Sesc Pinheiros (R. Paes Leme, 195, Pinheiros)
Tel. (011) 3095-9400
Quando: até dia 29/1/2012, Terça a sexta, das 10h30 às 21h30, Sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 18h30.
Quanto: Grátis
Informações: www.sescsp.org.br

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