terça-feira, 17 de julho de 2012

Fadinha Pituka


Peço desculpas aos meus leitores pela ausência prolongada neste blog. Mas tenho certeza que vocês vão entender. Minha gatinha Pituka, uma siamesa linda e encantadora, doce e cativante, esteve muito doente. Na quinta, dia 12, ela finalmente partiu, legando dor e sofrimento ao passado.

Agora ela está livre, saudável, rolando e ronronando em jardins floridos e mágicos de outras dimensões. A morte não existe para os que se amam de verdade. Ela foi para outra esfera, porém estaremos eternamente juntas, sem limites ou fronteiras. Até mais, fadinha. Você agora está voando sobre o jardim encantado, repleto de árvores e flores coloridas, colhendo o néctar da flor e levando pelos ares sementinhas de amor. Como a canção que eu sempre cantava para você. A gente se vê, princesa das abelhinhas.

Abaixo segue um pouco da trajetória da doce Pituka, por quem todos se apaixonavam. No IVI, o laboratório onde fez seus exames, ela cativou todos os que tiveram contato com ela. O garoto que coletou seu sangue se surpreendeu tanto com sua serenidade, brincou dizendo que ela ia dar palestras para outros gatinhos. A responsável pela tomografia ficou encantada com seu jeitinho meigo, pois geralmente os felinos são muito ariscos, como a própria mãe da Tukinha.

Em novembro do ano passado notei uma pequena mancha branca em seu nariz. Com o tempo ela foi crescendo e antes do final de 2011 sua médica detectou a presença de um possível tumor.
Era necessária uma intervenção cirúrgica, mas com a proximidade do Natal e Ano Novo, foi preciso aguardar. Quando, porém, ela fez os exames pré-operatórios, uma surpresa desagradável; a creatinina estava alta, o que indicava uma insuficiência renal considerável. Com este quadro, a médica alegava que uma cirurgia era arriscada demais.

Tinha início então uma trajetória árdua e dolorosa. A Pituka começou a tomar um medicamento para o rim e depois de mais ou menos 20 dias repetimos o exame. Infelizmente a taxa estava ainda mais alta. Depois de quase um mês ela finalmente atingiu o patamar ideal para a realização da intervenção.
A cirurgia foi um sucesso, mas os prognósticos não eram nada bons. A biópsia acusou um melanoma no nariz com raízes pelo sistema linfático. A Doutora Cátia alegava que tinha chances da Tukinha conviver alguns anos com o câncer, e que uma quimioterapia traria muitos prejuízos ao seu organismo, principalmente por causa do rim. Ela nos convenceu de que deveríamos pensar na sua qualidade de vida acima de tudo. A princípio concordamos, mas em menos de um mês o tumor voltou a crescer.

Desta vez foi tudo mais difícil, pois o tumor se desenvolveu com muita rapidez e vários tumorzinhos foram aparecendo pelo corpo. A Pituka enfrentava tudo com muita coragem e doçura, mas agora era preciso agir. Pesquisei por conta própria e descobri dois procedimentos muito avançados: a eletroquimioterapia e a imunoterapia. Pensando no primeiro tratamento, cheguei ao nome de um profissional muito respeitado nesta área, o Doutor Carlos Brunner.

Encontrei também uma clínica no Alto da Lapa, a Nato Veterinária, e por uma destas conspirações do universo, descobri que o Dr. Brunner atendia também aí como profissional autônomo. Era preciso, porém, passar primeiro por uma avaliação do cirurgião, o Dr. Renato Zonzini Bocabello. Ele pediu exames de sangue, tomografia e fez uma punção nos gânglios linfáticos sob o queixo da minha gatinha, um procedimento muito doloroso, talvez um dos momentos mais difíceis e em que precisei recorrer muito a minha fé.
A tomo acusou alguns pequenos nódulos no pulmão; com este início de metástase era impossível recorrer à eletroquimioterapia, portanto restava a imuno. Dr. Renato, assim como a Dra. Juliana, foi um anjo na vida da Pituka, pois através dele cheguei a uma médica da USP, Dra. Cristina Massoco, a única especialista brasileira neste campo. Mas antes era necessário recorrer a uma nova cirurgia, e minha gatinha já estava com o sistema imunológico comprometido, tanto pela doença quanto pela idade. Aos 13 anos o gato já é considerado idoso.

A Pituka teve várias infecções, lutou bravamente, com uma coragem e uma determinação que teria muito a ensinar a inúmeras pessoas. Este último mês foi o mais difícil da sua vida, e da minha. Passamos por momentos muito dolorosos, ela parou de comer ração, se alimentava só de comidinha para bebês, indicada pelo médico, emagreceu demais, o tumor pipocou por toda a pele, inclusive nos olhos e nas faces, e ela respirava cada vez com maior dificuldade. Teve um edema pulmonar, ele foi tratado, mas mesmo assim evoluiu para uma pneumonia. Na quinta-feira, 12 de julho, seu coração parou de bater; ela morreu natural e suavemente, seguindo os propósitos divinos.
Deus deu a ela, apesar de tudo, uma bela missão, e a Pituka a cumpriu com perseverança e valentia, e continuará a cumprir, mesmo após sua partida, pois decidimos doar seu corpo para pesquisas sobre imunidade e alta incidência de câncer nos animais – uma verdadeira epidemia. A Doutora Cristina, conduz estes estudos com muita seriedade e determinação; além disso, é uma pessoa doce e simples; tenho fé que ela, inspirada pela Mente Divina, poderá encontrar várias respostas e soluções para estas questões.

Tenho certeza que o Criador a escolheu para contribuir com a Medicina Veterinária na compreensão deste fenômeno, pois seu tumor, radicalmente devastador, é muito raro nos gatos. Afinal, tudo tem um sentido nos desígnios de Deus, e Ele permitiu que ela partisse tranquilamente, nas mãos de dois anjos talentosos e apaixonados pelos animais. Da próxima vez conto em detalhes como foi o dia de sua partida, e porque sou tão grata a Ele.
Ainda vou contar muito sobre a Pituka neste espaço, para que todos entendam porque ela era tão singular. Afinal, uma gata que curte música, literatura – às vezes eu lia para ela -, adora dançar, posar para fotografias e não perde uma única sessão do Evangelho no Lar – leituras semanais do Evangelho Segundo o Espiritismo -, só pode ser um bichinho muito especial.


Um comentário:

  1. Que lindo Ana Lucia, emocionante a sua narrativa sobre este ser tão adorável e que com certeza te deu muitas alegrias participativa em sua vida, e hoje ela esta alegrando os espiritos na dimensão em que se encontram dando continuidade na evolução divina.

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