O leitor é convidado aqui a escalar as montanhas de
Bassenthwaite e ingressar no universo dos Sídhes. A ele é permitido surpreender
fadas e elfos em sua mais profunda intimidade. Em pleno Samhain, quando o véu
entre o mundo dos humanos e o dos povos mágicos é rompido, é possível espiar o
interior do palácio do Governador Arawn e conhecer sua neta, Sophia Coldheart,
uma fada nada comum.
Cabe ao ser feérico desempenhar uma missão na esfera humana: seduzir, encantar, enfeitiçar artistas talentosos, pessoas que se destacam no meio da multidão e trazem consigo o dom de criar. Ela é, portanto, uma musa. Inspira homens e mulheres que apresentam um potencial especial, seja na música, no cinema, no teatro, nas artes plásticas ou na literatura.
Cabe ao ser feérico desempenhar uma missão na esfera humana: seduzir, encantar, enfeitiçar artistas talentosos, pessoas que se destacam no meio da multidão e trazem consigo o dom de criar. Ela é, portanto, uma musa. Inspira homens e mulheres que apresentam um potencial especial, seja na música, no cinema, no teatro, nas artes plásticas ou na literatura.
Sophia os fascina em seus sonhos ou face a face. Seja como
for, sua presença arrebata almas e corações. Suas caças, ansiosas por glória,
fama e prazer, logo se curvam diante da fada loira e bela. Mas sua beleza é
fatal; a criatura mágica sempre cumpre sua palavra e seus amantes recebem o que
desejam; porém tudo tem seu preço, e o seu é alto e irreversível.
Donald, Jade, Brad, Mickey, Richard, Britney, entre outros
tantos, jamais se enquadrariam em uma vida longa, todavia comum; eles aspiram
algo mais e nem por um instante se permitem medir as conseqüências de seus
desejos; na verdade, seriam capazes de qualquer coisa para conquistar a glória
imortal, até mesmo mergulhar em um processo de completa autodestruição que
invariavelmente culmina em um fim trágico.
Donald tinha, sim, um amigo imaginário, mas nunca foi louco. Ao crescer, o transformou em uma amiga e, naquele momento, no quinto dia do quarto mês, a mesma sugava sua última gota de energia. Ele perdia a alma à medida que esquecia o motivo de sua existência e, ao ter os últimos sopros de vida extraídos por ela, sentiu-se em um forte dia de inverno, mesmo sendo uma ensolarada manhã de primavera.
Sim, compactuar com Sophia, uma Leanan Sídhe, é quase como
se lançar nos braços de sua prima Banshee, a Fada da Morte. Pois não há
salvação para estas almas consumidas pela febre de uma vida fora do comum.
Enquanto isso, a Rainha do Inverno, famosa por seu coração de gelo e sua
incapacidade de amar, se alimenta da energia destes humanos à medida que os
inspira na criação de suas obras-primas, até estar completamente abastecida,
como um vampiro que suga suas presas para sobreviver. Se assim não agir, Sophia
morre.
Assim foi com sua mãe, que se apaixonou por um elfo. Contra
todas as expectativas e riscos, eles se casaram. No entanto seu pai não
resistiu ao poder da esposa e, logo após o nascimento de Sophia, partiu nos
braços da morte, logo seguido por sua amada. A fada loira sabe que este será
seu destino se algum dia cair nas armadilhas do amor, algo que lhe parece
completamente impossível.
Até o dia em que conhece William, um escritor dotado de raro
dom, mas condenado ao anonimato em uma cidadezinha do condado de Cúmbria,
Keswick, um lugarejo povoado por lendas e histórias sobre os povos encantados.
A princípio ele é apenas mais um doador de energias para Sophia, mas pouco a
pouco o jovem intriga a fada. Há algo de diferente no inglês, sua personalidade
é tecida por outra substância, distinta da que animava seus antigos amantes.
Quando se dá conta, Sophia está completamente apaixonada por
William, sem saber como nem o porquê. Ele corresponde intensamente aos seus
sentimentos e, ao contrário dos demais, se tivesse que escolher entre o que
sente pela fada e a glória eterna, teria uma opinião bem diferente, apesar de
ter perspectivas promissoras quando se candidata ao prêmio literário Helen
Beatrix Potter.
Ele odiava o papo de inspiração. Aquela conversinha de sentar pela primeira vez e escrever uma historinha achando estar arrasando. Para ele, escrever era passar dias e noites em claro, lutando com as palavras para conseguir montar algo que, um dia, iria modificar a vida de uma pessoa. Naquele momento, estaria tocando o interior dela. Sua função como escritor e ser humano estaria completa. Mas, nos últimos meses, algo o perturbava. O garoto que nunca foi de fantasiar em suas histórias começou a perceber que inseria seres mágicos nas obras. (...)
Ele sempre achou tudo uma bela maluquice, só que vinha sonhando com um ser que com certeza se tratava de um Sídhe.
Sophia nunca imaginou que um dia poderia se apaixonar por
alguém. E agora, o que fazer? Como impedir que William seja também consumido
por seus encantos? Até onde irá a fada para salvar o escritor? E ele, terá
forças para morrer por sua amada e ao mesmo tempo preservar a integridade de
sua alma? Ou terá o mesmo fim dos outros, o suicídio?
Sophia é uma personagem incomum, uma espécie de
anti-heroína. Ora surpreende o leitor com atitudes heroicas e inesperadas, ora
o choca com as lembranças de comportamentos sombrios e condenáveis. É capaz de
atos nobres e de um desapego ímpar em alguns momentos, porém em outros revela
uma postura egoísta e implacável.
Carolina entretece sua narrativa mágica com inúmeras alusões
ao universo pop, críticas sutis à indústria cultural, à manipulação e corrupção
das almas dos que não resistem às promessas de fama, glória e poder, e com
profundas reflexões sobre a natureza espiritual do ser humano, o sentido da
existência e o legado histórico e cultural do Homem.
- Eu AMO essa música!
- (...) Essa é a Cold, Cold Heart da Dinah Washington!
- (...) Eu conheço essa música pela Norah Jones.
(...)
- (...) Posso ser o Harry Potter de Keswick. Não ligo. Até se eu fosse um Cullen não iria ligar para os comentários dessa cidade.
(...)
O que seria o Homem? E o seu legado?
Sophia achava que a História sempre possuiu grande importância na compreensão da humanidade (...) A Leanan achava que se os humanos abandonassem a história, poderia resultar em um rompimento grave com a própria identidade cultural e pessoal do mundo. (...)
William seria uma representação histórica para a cultura de seu povo e do povo das fadas. Ele iria reunir dois povos distintos em uma mesma história. (...) O garoto iria mudar o mundo. Essa seria sua maior herança.
- (...) Essa é a Cold, Cold Heart da Dinah Washington!
- (...) Eu conheço essa música pela Norah Jones.
(...)
- (...) Posso ser o Harry Potter de Keswick. Não ligo. Até se eu fosse um Cullen não iria ligar para os comentários dessa cidade.
(...)
O que seria o Homem? E o seu legado?
Sophia achava que a História sempre possuiu grande importância na compreensão da humanidade (...) A Leanan achava que se os humanos abandonassem a história, poderia resultar em um rompimento grave com a própria identidade cultural e pessoal do mundo. (...)
William seria uma representação histórica para a cultura de seu povo e do povo das fadas. Ele iria reunir dois povos distintos em uma mesma história. (...) O garoto iria mudar o mundo. Essa seria sua maior herança.
Uma ideia genial é intitular cada capítulo com o nome ou o
trecho de uma música, sempre relacionado ao seu conteúdo. Ícones da cultura
nerd estão também aqui e ali ao longo da narrativa, como os personagens de O
Senhor dos Anéis e Star Wars, hackers, e o game World of Warcraft.
Também há referências literárias, como uma homenagem à maior
autora de literatura infantil de todos os tempos, Beatrix Potter, criadora do
inesquecível Peter Rabbit, e musicais: Dinah Washington, Norah Jones, entre
outras. Aliás, a autora resgata a própria protagonista de A Fada, Melanie Aine,
que tem uma participação especial nesta narrativa.
É divertido tentar descobrir que celebridades se ocultam sob
os nomes fictícios, tentando unir as pistas oferecidas pela autora. Mickey, por
exemplo, certamente se refere ao cantor Michael Jackson, enquanto Maganus deve
ser o alterego de Paulo Coelho. Ao mesmo tempo, é triste relembrar o destino de
tantos artistas repletos de energia e talento. Mas, como diz Sophia, sempre há
esperança. E oportunidade de redenção.
Carolina Munhóz é jornalista e escritora. Fã da saga Harry
Potter, ela foi um dos membros do Potterish, um dos sites mais importantes
sobre o célebre bruxo; e teve a oportunidade de conhecer os protagonistas da
série ao visitar os Estados Unidos. Nesta ocasião, justamente aos 18 anos,
viajou por vários países, entre eles Inglaterra, França, Itália e Suíça.
Suas peripécias atraíram o foco da mídia, tais como Folha de
São Paulo, Estadão, TV Cultura, Disney Channel, rádio Record de Londres e
Época, revista que a comparou a autoras do quilate de Cassandra Clare e
Alexandra Adornetto. Hoje a jovem escritora se dedica de corpo e alma à
literatura e atua amplamente nas redes sociais. E é musa de seu próprio
autor, que também lhe inspira sem cessar, o marido Raphael Draccon.
Editora:
Fantasy/Casa da Palavra
Autora: Carolina Munhóz
Origem: Nacional
Edição: 1
302 Páginas
Preço: R$
33,00
Capa:
Brochura
Formato:
Médio
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