quarta-feira, 27 de maio de 2015

Imortal Como os Fados

No momento em que soube do acidente com James McSill, meu mestre e amigo, me veio uma estranha sensação. Foi como se um imortal, de repente, se tornasse mortal. Todavia, logo depois percebi minha confusão; suas lições é que sempre serão eternas em minhas histórias. Não só nas que produzi sob sua consultoria, mas em cada palavra que ainda tecerei em minha jornada. 



         Quando conheci o James, tinha acabado de concluir um Mestrado na USP, na área de teoria literária e literatura comparada. Imaginem o choque inicial quando ouvi as teses do famoso coaching literário. Fiquei quase em choque! Então, hoje, Guimarães Rosa e Clarice Lispector não se tornariam best-sellers? Detalhe: minha dissertação foi justamente sobre Guimarães Rosa.  Precisei de um tempo para digerir essa realidade. Não foi fácil, e ainda não é, deixar de lado ideias tão cristalizadas, os preconceitos que nos contagiam na Academia.

Até então, eu escrevia apenas poesia, achava que jamais seria capaz de escrever um conto e ficção era um sonho quase inatingível. Minha mente era praticamente uma fábrica de ideias, mas eu era muito indisciplinada; começava a criar uma história, depois abandonava e partia para outra. Enfim, após uma nova experiência com James, desta vez em Canela, num workshop para produção de livros infantis, decidi. Era hora de me arriscar nessa aventura incerta.

Foi arrepiante desde o início. Não sabia nem como ia pagar a consultoria. Mas, quando me dei conta, eu já estava concluindo meu livro, após uma longa jornada repleta de obstáculos, dilemas, reflexões, decisões, jump cuts, cliffhangers. Desta vez, porém, meus objetivos eram claros e firmes, assim, o desfecho foi feliz. Minha história está aí, pronta para ir ao encontro do leitor.

Além disso, há um mês lancei meu primeiro livro de contos, A Garota da Luz Dourada, pela editora Scenarium Plural, inspirada pelas técnicas que o mestre me ensinou. O aprendizado que conquistei certamente me guiará ao longo de minha carreira literária. Basta aprimorá-lo cada vez mais.




Nesse fim-de-semana, estive no V Congresso Luso-Brasileiro de Autores e Amigos de James McSill. Senti a presença dele ali, mais que nunca, no discurso de cada palestrante, nas canções da Ingrid, da Ana Cláudia, do Leandro, nas homenagens, nas páginas dos livros à venda nos estandes, na dedicação dos organizadores. Mas, então, me perguntei: por que chorar por ele? Ou se entristecer? Afinal, seu legado é mais forte que a morte. James, com certeza, iria preferir o som cristalino dos risos, histórias divertidas, a ironia fina e anedotas criativas. E, claro, ser imortal como os fados e os acordes de Imagine. 


 



Compartilho um pouco do que aprendi com James no site Contos Cabulosos



Fotos do Congresso: 

Equipe Book in a Box


Eu e Ken Shaw

Portugal em peso

Lançamento da Revista Pense Mais



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Princesa Adormecida

Que delícia ler cada página desse livro! É uma história leve, despretensiosa e que, ao mesmo tempo, realça os valores familiares e reafirma a fé no verdadeiro amor. A linguagem é moderna e arrebatadora, conquistando o leitor desde as primeiras páginas. Além disso, a autora apimenta a trama ao aliar uma narrativa ancestral, A Bela Adormecida, ao universo tecnológico do mundo contemporâneo. Dessa forma, ela encena um conto de fadas tradicional nos tempos atuais. 



Áurea Roseanna Bellora é filha de uma chef de cuisine brasileira e de um descendente da família real de Liechtenstein. Mas sobre os pais ela tem apenas vagas lembranças, e nenhuma memória de sua origem nobre, já que conviveu com eles apenas até os cinco anos de idade.

 Na verdade, ela desconhece o próprio nome; acredita ser Anna Rosa Lopes e na história contada por seus tios. Segundo eles, os pais dela morreram em um acidente de carro e ela nunca deveria revelar o trágico sequestro que marcou sua infância e determinou a brusca separação de sua família, para sua própria proteção.

Nesta época, uma antiga paixão do pai de Áurea, Marie Malleville, enfurecida por ser preterida pelo homem que amava, decidiu raptar a protagonista no dia do próprio batizado, com a intenção de matá-la. Seus planos foram frustrados pela presença de Filipe, então um garotinho de 4 anos, filho de um diplomata brasileiro, que testemunhou o crime.

Graças a ele, a bebê de nove meses é logo resgatada, mas a criminosa não permanece muito tempo na prisão. Ela foge e logo após ser libertada passa a ameaçar Áurea e sua família. Para salvar a vida da filha, Doroteia e Stefan a enviam para o Brasil, mas a história sai do controle e eles são obrigados a simular a morte da filha. Enquanto isso, só resta aos irmãos de Doroteia fazer a sobrinha acreditar que os pais estão mortos.

O tio Florindo é proprietário de um salão de beleza; Fausto é músico e Petrônio um dedicado professor, que prima pela educação da sobrinha até os 11 anos, quando ele e os irmãos decidem que chegou a hora da garota ir para uma escola de verdade.  A partir de então, ela se transforma em Rosa e passa a crer que os eventos de sua infância não passaram de mera ilusão.

Ao completar 16 anos, ela passa a se rebelar contra o controle excessivo de seus tios, que a proíbem de namorar e até de sair com as amigas. É nesse momento que Rosa começa a receber misteriosas mensagens em seu celular, de um pretenso admirador anônimo. Mas, quando a protagonista enfim descobre o amor, passado e presente começam a convergir e antigas maldições podem mais uma vez ameaçar sua vida.

A história alterna estruturas narrativas convencionais, convites de casamento, notícias de jornais e mensagens de celular, garantindo à trama um formato inovador e atraente. Assim, Paula Pimenta justifica novamente o porquê de sua popularidade junto ao público adolescente.



A autora é mineira, nascida em Belo Horizonte. Ela iniciou sua carreira literária em 2001, com a publicação de Confissão, um livro de poemas. Tornou-se célebre ao criar as séries Fazendo Meu Filme e Minha Vida Fora de Série. Paula também lançou um volume de crônicas, Apaixonada por Palavras, e teve uma participação na antologia O Livro das Princesas.


Autora: Paula Pimenta

Origem: Nacional

Edição: 1ª

189 Páginas

Preço: R$ 13,70

Capa: Brochura

Formato: Médio




sábado, 31 de janeiro de 2015

O Reino das Vozes que não se Calam

As vozes de Carolina e Sophia encontraram um caminho original e encantador para enfocar a questão do bullying.  Muitos autores têm abordado essa questão, sempre tão delicada e muitas vezes trágica, porém raros conseguiram fugir dos clichês.



Aqui, mais uma vez a prática do preconceito é encenada no ambiente escolar, mas a partir deste cenário as autoras criam uma história inusitada, ao mesmo tempo real e imaginária, leve e perturbadora. Sophie, a protagonista, não se enquadra no perfil das garotas normalmente discriminadas; ela não está acima do peso nem apresenta um corpo disforme, mas é excluída pelos colegas, apesar de ser a melhor amiga de Anna, a garota mais popular do colégio.

O problema de Sophie é sua magreza extrema, que muitos, inclusive ela mesma, consideram excessiva. Além disso, seus cabelos ruivos a incomodam, talvez por atraírem a atenção de todos. A própria protagonista, apesar de se achar a excluída mais incluída da história dos rejeitados, vive se julgando, chegando, muitas vezes, a construir uma barreira em torno de si.

E o mais estranho e maluco é que o preconceito se estende até mesmo aos pais dos alunos e à diretora da escola, que atormentam a garota e seus pais por conta da aparência dela. Eles acreditam que ela é anoréxica e que, assim, seria um péssimo exemplo para os colegas.

No início, Sophie se apoiava nos pais, Laura e George. Ela invejava o corpo da mãe, admirada por todos, presidente do Clube das Mães, e se identificava mais com o pai, sempre solidário a sua dor. O único orgulho dela era sua voz; a garota cantava como ninguém, encantando quem a ouvia; porém, seu público era restrito: apenas os pais e Dior, seu cachorro. Não, Sophie não se interessava por moda. Seu animal de estimação foi batizado por sua amiga Anna, que também era seu ponto de apoio.

As duas eram companheiras fiéis desde a pré-escola, embora fossem seres de natureza oposta, não só fisicamente, mas em todos os sentidos. Como Anna era o centro das atenções e aparentemente tinha uma personalidade forte, obrigava seu grupo de amigos a tolerar Sophie, que se sentia péssima entre eles. Ela preferia se isolar, principalmente na biblioteca.

Tudo se agrava quando, ao aceitar um convite de Anna para ir a uma festa do colégio, Sophie é humilhada diante de todos. A partir daí, a amizade entre elas se rompe e a garota, cansada de ser rejeitada, mergulha em um reino mágico, onde é amada por todos os seus habitantes, os Tirus, que a consideram sua princesa, sucessora do trono, até então ocupado por uma avó desconhecida. A partir desse momento, quando seu relacionamento com os pais também se deteriora, Sophie fica dividida entre permanecer na Terra ou assumir de vez sua condição mágica, ao lado dos seres que a amam incondicionalmente.

Mas nada é tão simples. Nesse universo surreal a pressão também se torna insuportável, pois ela é obrigada a vencer três etapas de uma jornada mítica, representada pelas cartas de um tarô: os Amantes, o Louco e a Morte, se desejar viver eternamente no Reino das Vozes que não se Calam.  

Nesse meio tempo, Sophie conhece Léo, o único jovem que não teme se aproximar dela e que lhe desperta sentimentos antes ignorados. Apesar de ter o mesmo visual dela e gostos semelhantes, ele é imediatamente aceito pelos colegas, que tentam transformá-lo no garoto mais popular do colégio. Léo, porém, prefere a companhia de Sophie e de Mônica, outra excluída no meio estudantil.

No auge da pressão, que caminhos a protagonista escolherá? Mergulhará ainda mais fundo em suas emoções intensas e destrutivas? Será capaz de perdoar Anna? Dará uma oportunidade a Léo e à amizade de Mônica? Assumirá sua missão junto aos Tirus? Compreenderá seu papel no mundo? Sua vida se transformará em um conto de fadas ou em uma história de terror?

Essa trama, repleta de referências musicais e literárias, mobiliza nossas emoções mais profundas e nos conduz a momentos de profunda identificação. Quem nunca se sentiu como Sophie em alguma passagem da vida? Quem nunca se perdeu nas veredas da intolerância e das diferenças?  Quem nunca julgou e humilhou ou se sentiu julgada e humilhada?

Esta é uma história imperdível, apesar de algumas imperfeições narrativas. Afinal, duas vozes aqui se uniram justamente para compor uma sinfonia sobre diferenças e ausência de perfeição. Vale a pena mergulhar nesses dois reinos que, no fim, são apenas estágios diversos de uma mesma jornada de amadurecimento.


Carolina Munhóz é jornalista e já publicou três livros, todos protagonizados por fadas. Nessa obra, ela dá uma guinada em sua carreira literária. A autora conquistou o Prêmio Jovem Brasileiro de 2011, como melhor escritora.

Sophia Abrahão é atriz, modelo e cantora. Já atuou em várias novelas nas TVs nacionais e no filme Confissões de Adolescente. Entre diversos prêmios, angariou o Capricho Awards como melhor atriz brasileira e melhor blog. Com esse livro ela estreia no universo da literatura. 


Autoras: Carolina Munhóz & Sophia Abrahão

Origem: Nacional

Edição: 1ª

288 Páginas

Preço: R$ 29,50

Capa: Brochura

Formato: Médio

quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Encantos" (Aprilynne Pyke)

Aprilynne nos conduz por um mundo de sonhos e fantasias, mas não deixa de revelar o outro lado dos universos mágicos. Com maestria ela ao mesmo tempo nos leva às alturas e tece profundas críticas sociais a uma dimensão que conhecemos muito bem. 







Pode parecer inacreditável, mas a sequência da saga Fadas é ainda mais apaixonante. Como os personagens principais já foram apresentados e desenvolvidos, bem como o cenário em que transitam, a autora pode ir agora direto ao ponto. Ela pode até criar outra paisagem e permitir que o leitor se torne cúmplice de Laurel na exploração de Avalon, o universo fantástico que marca suas origens.  

A protagonista adiou ao máximo o reencontro com Tamani após a difícil decisão de permanecer ao lado dos pais biológicos e de David. Por mais que tentasse justificar para si mesma a demora em ir ao encontro do elfo, era o medo que a movia, o medo de não resistir à tempestade emocional que ele sempre lhe provocava.

Porém, uma carta encontrada sob seu travesseiro selou seu destino. Ela deverá passar as férias de verão em Avalon, estudando e aprimorando seus dons de fada de outono. Não se trata de um simples treinamento. Os perigos continuam a rondar o mundo feérico e também a família adotiva de Laurel, sem falar nos seus amigos. Portanto, é essencial que ela desenvolva suas técnicas de cura e de defesa, armando-se com poções e fórmulas poderosas que, em uma emergência, podem fazer a diferença entre a vida e a morte dela e dos seus entes amados.

A princípio, apesar da insegurança e do receio natural, ela se empolga com a ideia de finalmente conhecer Avalon e, quem sabe, resgatar as memórias do passado. Mas logo o contato freqüente com Tamani, que lhe desperta desejos inconfessáveis, provocando culpa e confusão em seu coração angustiado, a pressão dos estudos árduos e a rígida hierarquia social de um universo que deveria transpirar magia e liberdade, começam a sufocar Laurel.

De repente, ela se vê dividida entre dois mundos, e em muitos momentos deseja retornar ao seu lar. Mas também aí nada é mais o mesmo desde que sua família descobriu sua verdadeira identidade. Mesmo sem saber dos riscos que envolvem as mais recentes revelações, já que Laurel preferiu omitir a luta contra os trolls e a verdade sobre Barnes, sua mãe adotiva não se comporta mais como antes. Deixou de ser sua amiga, confidente, e até passou a negligenciar suas responsabilidades maternas. Agora ela se mantém distante e fria, ocupada o tempo todo com uma loja nova, de produtos homeopáticos, aberta ao lado da livraria.

Essa mudança brusca e dolorosa deixa Laurel sem rumo e até um pouco deprimida. Além disso, ela não consegue se sair tão bem na prática da Herbologia Defensiva, o que a deixa mais vulnerável diante de uma provável ameaça dos trolls, e seu coração oscila mais que nunca entre o humano David e o elfo Tamani, e cresce a probabilidade dela magoar um deles ou até mesmo os dois. Enquanto isso, vive apreensiva diante do estranho silêncio de seus adversários.

E é justamente no seu primeiro momento de invigilância que os trolls atacam, deixando Laurel e David à mercê deles. No último momento a misteriosa Klea Wilson salva os dois das garras de seus inimigos. Mas desde o primeiro momento Laurel suspeita das intenções da humana e, apesar dos protestos de David, não consegue confiar nela. Seus pressentimentos se intensificam quando descobre que ela é uma caçadora de seres considerados sobrenaturais.

Klea insiste em protegê-la e a presenteia com uma arma. Apesar de Laurel recusar-se a usá-la, David a guarda para um momento de real necessidade. Sua empolgação com os armamentos, porém, revela uma face dele que a protagonista desconhecia. Isso a assusta e a aproxima mais de Tamani.

Um novo convite para uma festa em Avalon complica ainda mais esse contexto perturbador, principalmente quando ela decide ir sem contar nada aos pais e principalmente a David. Ao transpor esse limiar, ela põe em risco tudo que mais ama e suas convicções mais profundas. Haverá retorno após esse passo impulsivo? Algum dia sua vida voltará a ser a mesma? Seus inimigos terão a oportunidade de se aproveitar desse seu momento de fragilidade?

A autora nos revela, neste segundo volume, toda a beleza e sedução do universo das fadas, mas não poupa o leitor de outra visão desse mundo. Os seres mágicos não são tão encantadores e livres como poderíamos imaginar. Eles se dividem no que se poderia chamar de castas, rigidamente estruturadas. As fadas e elfos de Inverno, restritos a duas ou três criaturas, governam essa dimensão, estabelecem as regras sociais e protegem os portais de Avalon contra os invasores.

Os seres de Outono, por seu intelecto privilegiado e seus estudos exaustivos, formam a elite de Avalon. Eles se dedicam apenas à aquisição de conhecimento e à produção das ervas, loções, tônicos nutritivos e poções que salvarão vidas. Os serviços gerais cabem à maior população, a das fadas e elfos de Primavera, como Tamani, já que os de Verão se dedicam à arte, à criação.

Laurel não se conforma com a maneira como os seres de Primavera e Verão são tratados; ela crê que são menosprezados e se insurge contra a etiqueta social de Avalon, protagonizando momentos de grande constrangimento, principalmente para Tamani, que, entre outras coisas, é obrigado pelas regras a caminhar atrás de Laurel, jamais ao seu lado. Todavia, a liberdade extravasa na arte e nos relacionamentos amorosos entre fadas e elfos. Ao pensar em seu futuro, Laurel considera cada vez menos a possibilidade de ir para a Academia de Avalon.

Só há um porém nessa trama inteligente e mágica. A autora deixa o leitor cada vez mais eletrizado e no final, após roermos as unhas e nos enredarmos em mais doses de mistério, ela nos deixa no ar, à espera da leitura do terceiro livro, Ilusões, algo que faltou no primeiro volume. Aliás, ela nos reserva uma surpresa e tanto nas últimas páginas de Encantos.



Aprilynne Pike nasceu na cidade de Salt Lake City, em Utah. Ela sempre foi fascinada pelo universo feérico. Some-se a isso sua criatividade frenética, e o resultado é uma escritora que aos vinte anos já traz em seu currículo uma especialização em Escrita Criativa na Faculdade Lewis-Clark, em Lewiston, Idaho. A autora é casada e tem três filhos, e com eles vive, atualmente, no Arizona.

Autora: Aprilynne Pyke

Origem: Nacional

Edição: 3ª

305 Páginas

Preço: R$ 25,50

Capa: Brochura

Formato: Médio









quinta-feira, 12 de junho de 2014

"O Enigma das Estrelas" - F. T. Farah

Oi, pessoal, não foi fácil ficar tanto tempo longe do Prosa. Novos desafios me levaram a deixar de lado o meu blog. Melhor assim do que não poder cuidar dele com o carinho que os leitores merecem. Passei esse tempo criando histórias, publicando contos em antologias, me dedicando ao trabalho e a um bebê que está prestes a nascer: minha primeira ficção. Agora estou de volta e não pretendo mais me distanciar de vocês. Resgato minhas impressões literárias com a eletrizante aventura composta por um promissor autor nacional, F. T. Farah. Espero que também gostem de um bom mistério espacial. 


Dez anos depois, F. T. Farah resgata sua história espacial e lhe dá uma roupagem nova, preservando sua essência, porém modernizando-a, procurando cativar as novas gerações ao mesmo tempo em que se mantém fiel ao seu público de carteirinha.

O Enigma das Estrelas compõe o primeiro volume da série que o autor intitula Clube dos Mistérios. A trama gira em torno de cinco amigos, Jonas, Alfredo, Vicentinho, Carola e Carmem, originários de vários pontos do Brasil e que só se encontram uma vez por ano, durante as férias de julho, na pitoresca cidade mineira de Morro do Ferro.

Seus pais são amigos de longa data; cada um deles constituiu sua própria família e voou rumo a um destino diferente, enquanto seus ancestrais permaneceram em Morro do Ferro.
Jonas, de São Paulo, forma um par romântico com Carola, a jovem de Ribeirão Preto. Eles perpetuam uma tradição familiar que se perde no passado, em uma história repleta de segredos.

Nilton, pai de Jonas, e Sofia, mãe de Carola, mantinham um romance na juventude, mas suas famílias impediram-lhes de levar adiante o relacionamento, apesar dos dois serem completamente apaixonados. Essa trama nebulosa ecoa ainda no presente. Murilo, pai de Carola, morre de ciúmes do rival, e a adolescente hesita em aceitar o pedido de namoro de Jonas, embora não pare de pensar nele por um só instante.

Carola olhou para Jonas sem jeito e arriscou perguntar: 
- E por que eles não ficaram juntos?
- É um mistério. Nem eu mesmo sei. 
- Eu sei - gabou-se Alfredo. 
- Por que? - Carola e Jonas perguntaram ao mesmo tempo. 
- É segredo. Meu pai me contou e disse pra eu não abrir a boca pra ninguém. 
Jonas e Carola olharam para o amigo de São Carlos, tentando, em vão, extorquir o segredo de seus pais. 

Murilo é irmão de Bento, um dos raros moradores de Morro do Ferro que ainda não viu um disco voador ou, pelo menos, luzes estranhas no céu. A narrativa se inicia justamente no momento em que ele, do alto de seu ceticismo, censura em pensamentos um dos conterrâneos, Rui, que alega ter sido abduzido e submetido a terríveis experimentos científicos por alienígenas mal-intencionados. De alguma forma ele conseguiu fugir e nunca mais foi o mesmo, extravasando suas angústias e traumas no álcool.

Nesse momento, Bento passa por uma experiência inesquecível que o marcará para sempre. Ele é perseguido por uma luz no céu. Tenta atirar no disco que sobrevoa seu carro, em vão. Então ele vê um dos aliens e um ser que lhe é muito familiar, mas que somente no final do livro o leitor saberá quem é. Vozes misteriosas soam em seus ouvidos, mas Bento se recusa a revelar que estranhas palavras o abalaram tanto.

É nas canções de Raul Seixas, autor de uma das músicas que ele ouviu durante o encontro, que ele busca desvendar esse enigma das estrelas. Bento acredita que ele é um profeta, e que a Sociedade Alternativa, pregada em suas canções, seria uma era de domínio dos extraterrestres.



Murilo, por sua vez, se torna inflexível diante de seu ceticismo. Recusa-se a crer em qualquer das histórias e lendas que povoam a cidade; despreocupado, incentiva Jonas a acampar com os amigos no alto do Morro dos Anjos. Ele convence os outros pais a liberar seus filhos para essa aventura, defendendo que é a forma ideal de lhes proporcionar um rito de passagem, um processo de amadurecimento.

- Proponho que nossos filhos façam uma atividade saudável nestas férias. Acampar, por exemplo. O que vocês acham? - Nilton sugeriu aos outros pais, esperando uma resposta imediata. 
- Como? Eles vão ficar sozinhos no meio do mato? - preocupou-se Estela, a mãe de Carmem. 
                                         (....)
- Quem será o responsável por eles quando a gente não estiver lá? 
- Meu filho. Ele é o mais velho da turma e, por isso, acredito que esteja mais apto para assumir a tarefa - respondeu Nilton. 

Jonas é o mais velho dos jovens, portanto torna-se o líder da turma, embora seja contestado por Alfredo, órfão de mãe e revoltado com o pai, Antonio, por não ter lhe permitido permanecer em São Carlos, onde planejava conquistar a garota por quem se apaixonou. Ele se alia a Vicentinho, o caçula do grupo, na tentativa de impedir que Jonas domine o grupo. Carmem também é um obstáculo no caminho do paulistano, pois está o tempo todo ao lado de Carola, dificultando o relacionamento de ambos.

Mas, acima de qualquer disputa entre eles, pairam ameaças sombrias. O perigo ronda seus pesadelos e seus corações. Jonas planejava assustar os amigos e se exibir diante de sua amada com as histórias narradas por seu pai, mas as velhas lendas se tornam reais demais.

 De repente, Jonas se torna o protagonista de uma guerra ancestral entre os ETs e de uma história sobrenatural que envolve um padre queimado na praça central de Morro do Ferro. Na época, o sacerdote lançou uma maldição sobre a cidade. Foi a partir desse momento que o povoado mineiro passou a ser assediado pelas estranhas luzes e por misteriosos reptilianos, que prometem assombrar os cinco amigos não somente durante os dias em que permanecem acampados, mas pelo resto de suas vidas.

 E alguns dos adultos também parecem guardar segredos arrepiantes, que podem ajudar a montar o quebra-cabeça que intriga o recém-criado Clube dos Mistérios, disposto a desvendar o enigma das estrelas.

Não houve resposta. Forçou a vista e conseguiu ver três sombras projetadas na lona da barraca. 
"Você é o escolhido", ouviu dentro de sua cabeça. 
- Saiam daqui! - berrou, desesperado. 
"Você é o escolhido."
- Socorro! - gritou, querendo acordar os amigos para ajudá-lo. 
No quarto das meninas, Carmem sentiu o chão tremer. 

O autor sabe como ninguém envolver o leitor, mantendo-o preso à leitura até a última linha. Ele é mestre na arte de criar mistérios, tensão e suspense. Resta agora aguardar com ansiedade o segundo volume. E que ele venha com todos os anexos dispostos ao longo do livro, trazendo mais dados sobre filmes, músicas, livros e tudo que envolve os campos da ufologia e da ficção científica. Perfeito para os fãs. E o livro ainda apresenta as ilustrações geniais de Samuel Casal.

F. T. Farah é paulistano, graduado em Jornalismo, aficionado por seres das estrelas e naves espaciais. Ele revela uma estranha preferência pelos reptilianos. Mas também publicou crônicas, outras histórias infanto-juvenis e ficção para adultos. Afinal, ele precisa driblar os Homens de Preto.


Editora: Geração Jovem

Autor: F. T. Farah

Origem: Nacional

Edição: 1

160 Páginas

Preço: R$ 26,90

Capa: Brochura

Formato: Médio









sábado, 4 de maio de 2013

"Ser Escritor"




Não devemos desconsiderar completamente as artes das musas, mas elas não são tudo no processo de criação, e sim apenas mais um elemento na configuração do talento de um escritor. Assim como a paixão pelo ofício da cura no futuro médico e a fascinação pelas leis naquele que pretende ser um advogado.

Mas o defensor do direito não vai atuar em um tribunal, nem o doutor vai reinar soberano na sala de cirurgia ou no consultório sem passar pela Universidade, onde irão conquistar o aprendizado necessário para o exercício da profissão.

Da mesma forma não basta para o escritor ter talento e inspiração; ele também deve aprender as técnicas literárias se desejar se destacar no mercado editorial. E esse processo não desmerece autor algum. Alguém pode alegar que os escritores antigos não precisavam passar por esse estágio de formação.

Pois bem, nem sempre as Universidades e as graduações e pós-graduações foram necessárias, mas raros conquistam hoje um espaço na esfera econômica sem passar por essas e outras etapas educativas. Quem não acompanhar as mudanças do mundo contemporâneo, com a revolução tecnológica e o mundo virtual, permanecerá à margem da vida moderna. E terá menos chances de sucesso.

O Book Page Editorial atua no sentido de ajudar novos autores a produzir histórias que realmente cativam o leitor, do início ao fim, com a elaboração de cenas e sequelas de qualidade, a construção de personagens consistentes, Pontos de Vista (PDV) e Pontos de Observação (PDO) corretos, a edificação de diálogos ricos e criativos, a gramática mais apurada, a melhor estruturação textual, levando em conta coesão, concisão, clareza e outros elementos importantes.

Para isso o Book Page conta com trabalhos de leitura crítica, coaching literário, revisão, preparação de texto, resenhas e ghostwriting. Conheça melhor nosso trabalho; conheça o site, envie um e-mail e esclareça suas dúvidas. Faça um orçamento. E conquiste maiores perspectivas de publicação para o seu livro.





sexta-feira, 3 de maio de 2013

"Doce Vampira" (Ju Lund)

Pessoal, segue a sinopse de um livro que promete encantar os leitores e praticamente inaugura um novo gênero literário no Brasil: o 'Queer Chick'. E o Prosa Encantada, junto com o Infoescola, está promovendo um super sorteio de um exemplar autografado e com dedicatória. 
Quer ganhar? É só curtir o Infoescola no Face por meio da página  http://www.meusorteio.com/E4232; cliquem no botão "participar com facebook" ou com o twitter. 
Apenas curtir a página, mas sem clicar no botão de participar, não fará com que as pessoas participem. 

Se puderem, sigam também o Prosa Encantada e curtam sua página no Face. Serão muito bem-vindos. 




A protagonista desta obra singular é uma garota silenciosa e reservada. Mas quando conhece Ester, uma bela e sedutora vampira, a paixão desperta pouco a pouco e toma conta de seu corpo e de seu coração. Tudo começa com uma estreita amizade e quando as duas se dão conta, não há mais como impedir o crescimento desta emoção imprevisível.

Agora Eduarda é obrigada a enfrentar os preconceitos familiares, dos amigos e de toda a sociedade. Tudo para permanecer ao lado de sua Doce Vampira. Resta saber se este sentimento é intenso o bastante para suportar a terrível discriminação social que acompanha normalmente a relação entre duas mulheres.

Há nesta narrativa um clima “Queer Chick”, ou seja, uma mescla do gênero fantástico com tópicos comuns no mundo de hoje, como a aversão à homossexualidade, a hostilidade racial e o extremismo religioso. Ju confessa que a centelha criativa que gerou esta história teve origem no interior de sua mente, em trechos de sonhos e pesadelos, de uma paisagem que transcende seu imaginário.

Juliana Lund nasceu no dia 3 de novembro de 1983. Aos 30 anos é conhecida como Ju Lund, seu nome artístico. Ela cresceu ao lado dos livros, ou melhor, com eles em mãos, graças ao incentivo de seus familiares. À medida que o tempo passava, ela corria atrás de bibliotecas para matar a fome que a consumia cada vez mais.

Dos livros infantis, passando pelas fábulas e por livros de fantasia, chegou finalmente à Literatura Fantástica. Levou algum tempo para perceber que esse gênero literário seria sua paixão definitiva e guiaria suas futuras escolhas. Ela iniciou sua trajetória neste universo através das narrativas sobrenaturais, da fantasia urbana e de alguns elementos das histórias de terror.

Há três anos criou o blog Portal, pois sentia a necessidade profunda de dividir o que lia e escrevia com outros amantes da literatura. Ele também tem como meta disseminar os livros e estimular a leitura do gênero fantástico e dos autores brasileiros. Depois de algum tempo semeando seus contos no universo virtual, a autora desejou folhear um livro impresso com suas histórias.

Assim surgiu sua obra Entrecontos, com tudo que tinha publicado no site ao longo do ano. Hoje há no mercado duas edições desta obra e uma terceira a caminho. A partir daí as propostas começaram a surgir, tais como integrar as coletâneas Autores Fantásticos, da editora Argonautas, do Rio Grande do Sul, e Vampiros de Alma, coordenada de forma autônoma por Anny Lucard.

Doce Vampira, publicada pela editora Ornitorrinco, é seu primeiro romance. 

Editora: Ornitorrinco

Autora: Ju Lund

Origem: Nacional

Edição: 1

210 Páginas

Preço: R$ 33,90

Capa: Brochura

Formato: Médio






quinta-feira, 11 de abril de 2013

"O Inverno das Fadas" (Carolina Munhoz)


O leitor é convidado aqui a escalar as montanhas de Bassenthwaite e ingressar no universo dos Sídhes. A ele é permitido surpreender fadas e elfos em sua mais profunda intimidade. Em pleno Samhain, quando o véu entre o mundo dos humanos e o dos povos mágicos é rompido, é possível espiar o interior do palácio do Governador Arawn e conhecer sua neta, Sophia Coldheart, uma fada nada comum.


Cabe ao ser feérico desempenhar uma missão na esfera humana: seduzir, encantar, enfeitiçar artistas talentosos, pessoas que se destacam no meio da multidão e trazem consigo o dom de criar. Ela é, portanto, uma musa. Inspira homens e mulheres que apresentam um potencial especial, seja na música, no cinema, no teatro, nas artes plásticas ou na literatura.

Sophia os fascina em seus sonhos ou face a face. Seja como for, sua presença arrebata almas e corações. Suas caças, ansiosas por glória, fama e prazer, logo se curvam diante da fada loira e bela. Mas sua beleza é fatal; a criatura mágica sempre cumpre sua palavra e seus amantes recebem o que desejam; porém tudo tem seu preço, e o seu é alto e irreversível.

Donald, Jade, Brad, Mickey, Richard, Britney, entre outros tantos, jamais se enquadrariam em uma vida longa, todavia comum; eles aspiram algo mais e nem por um instante se permitem medir as conseqüências de seus desejos; na verdade, seriam capazes de qualquer coisa para conquistar a glória imortal, até mesmo mergulhar em um processo de completa autodestruição que invariavelmente culmina em um fim trágico.

Donald tinha, sim, um amigo imaginário, mas nunca foi louco. Ao crescer, o transformou em uma amiga e, naquele momento, no quinto dia do quarto mês, a mesma sugava sua última gota de energia. Ele perdia a alma à medida que esquecia o motivo de sua existência e, ao ter os últimos sopros de vida extraídos por ela, sentiu-se em um forte dia de inverno, mesmo sendo uma ensolarada manhã de primavera. 

Sim, compactuar com Sophia, uma Leanan Sídhe, é quase como se lançar nos braços de sua prima Banshee, a Fada da Morte. Pois não há salvação para estas almas consumidas pela febre de uma vida fora do comum. Enquanto isso, a Rainha do Inverno, famosa por seu coração de gelo e sua incapacidade de amar, se alimenta da energia destes humanos à medida que os inspira na criação de suas obras-primas, até estar completamente abastecida, como um vampiro que suga suas presas para sobreviver. Se assim não agir, Sophia morre.

Assim foi com sua mãe, que se apaixonou por um elfo. Contra todas as expectativas e riscos, eles se casaram. No entanto seu pai não resistiu ao poder da esposa e, logo após o nascimento de Sophia, partiu nos braços da morte, logo seguido por sua amada. A fada loira sabe que este será seu destino se algum dia cair nas armadilhas do amor, algo que lhe parece completamente impossível.

Até o dia em que conhece William, um escritor dotado de raro dom, mas condenado ao anonimato em uma cidadezinha do condado de Cúmbria, Keswick, um lugarejo povoado por lendas e histórias sobre os povos encantados. A princípio ele é apenas mais um doador de energias para Sophia, mas pouco a pouco o jovem intriga a fada. Há algo de diferente no inglês, sua personalidade é tecida por outra substância, distinta da que animava seus antigos amantes.

Quando se dá conta, Sophia está completamente apaixonada por William, sem saber como nem o porquê. Ele corresponde intensamente aos seus sentimentos e, ao contrário dos demais, se tivesse que escolher entre o que sente pela fada e a glória eterna, teria uma opinião bem diferente, apesar de ter perspectivas promissoras quando se candidata ao prêmio literário Helen Beatrix Potter.

Ele odiava o papo de inspiração. Aquela conversinha de sentar pela primeira vez e escrever uma historinha achando estar arrasando. Para ele, escrever era passar dias e noites em claro, lutando com as palavras para conseguir montar algo que, um dia, iria modificar a vida de uma pessoa. Naquele momento, estaria tocando o interior dela. Sua função como escritor e ser humano estaria completa. Mas, nos últimos meses, algo o perturbava. O garoto que nunca foi de fantasiar em suas histórias começou a perceber que inseria seres mágicos nas obras. (...)
Ele sempre achou tudo uma bela maluquice, só que vinha sonhando com um ser que com certeza se tratava de um Sídhe. 

Sophia nunca imaginou que um dia poderia se apaixonar por alguém. E agora, o que fazer? Como impedir que William seja também consumido por seus encantos? Até onde irá a fada para salvar o escritor? E ele, terá forças para morrer por sua amada e ao mesmo tempo preservar a integridade de sua alma? Ou terá o mesmo fim dos outros, o suicídio?

Sophia é uma personagem incomum, uma espécie de anti-heroína. Ora surpreende o leitor com atitudes heroicas e inesperadas, ora o choca com as lembranças de comportamentos sombrios e condenáveis. É capaz de atos nobres e de um desapego ímpar em alguns momentos, porém em outros revela uma postura egoísta e implacável.

Carolina entretece sua narrativa mágica com inúmeras alusões ao universo pop, críticas sutis à indústria cultural, à manipulação e corrupção das almas dos que não resistem às promessas de fama, glória e poder, e com profundas reflexões sobre a natureza espiritual do ser humano, o sentido da existência e o legado histórico e cultural do Homem.

- Eu AMO essa música!
- (...) Essa é a Cold, Cold Heart da Dinah Washington!
- (...) Eu conheço essa música pela Norah Jones.
                                    (...)
- (...) Posso ser o Harry Potter de Keswick. Não ligo. Até se eu fosse um Cullen não iria ligar para os comentários dessa cidade. 
                                    (...)
O que seria o Homem? E o seu legado?
Sophia achava que a História sempre possuiu grande importância na compreensão da humanidade (...) A Leanan achava que se os humanos abandonassem a história, poderia resultar em um rompimento grave com a própria identidade cultural e pessoal do mundo. (...)
William seria uma representação histórica para a cultura de seu povo e do povo das fadas. Ele iria reunir dois povos distintos em uma mesma história. (...) O garoto iria mudar o mundo. Essa seria sua maior herança. 

Uma ideia genial é intitular cada capítulo com o nome ou o trecho de uma música, sempre relacionado ao seu conteúdo. Ícones da cultura nerd estão também aqui e ali ao longo da narrativa, como os personagens de O Senhor dos Anéis e Star Wars, hackers, e o game World of Warcraft.

Também há referências literárias, como uma homenagem à maior autora de literatura infantil de todos os tempos, Beatrix Potter, criadora do inesquecível Peter Rabbit, e musicais: Dinah Washington, Norah Jones, entre outras. Aliás, a autora resgata a própria protagonista de A Fada, Melanie Aine, que tem uma participação especial nesta narrativa.

É divertido tentar descobrir que celebridades se ocultam sob os nomes fictícios, tentando unir as pistas oferecidas pela autora. Mickey, por exemplo, certamente se refere ao cantor Michael Jackson, enquanto Maganus deve ser o alterego de Paulo Coelho. Ao mesmo tempo, é triste relembrar o destino de tantos artistas repletos de energia e talento. Mas, como diz Sophia, sempre há esperança. E oportunidade de redenção.



Carolina Munhóz é jornalista e escritora. Fã da saga Harry Potter, ela foi um dos membros do Potterish, um dos sites mais importantes sobre o célebre bruxo; e teve a oportunidade de conhecer os protagonistas da série ao visitar os Estados Unidos. Nesta ocasião, justamente aos 18 anos, viajou por vários países, entre eles Inglaterra, França, Itália e Suíça.

Suas peripécias atraíram o foco da mídia, tais como Folha de São Paulo, Estadão, TV Cultura, Disney Channel, rádio Record de Londres e Época, revista que a comparou a autoras do quilate de Cassandra Clare e Alexandra Adornetto. Hoje a jovem escritora se dedica de corpo e alma à literatura e atua amplamente nas redes sociais. E é musa de seu próprio autor, que também lhe inspira sem cessar, o marido Raphael Draccon. 


Editora: Fantasy/Casa da Palavra

Autora: Carolina Munhóz

Origem: Nacional

Edição: 1

302 Páginas

Preço: R$ 33,00

Capa: Brochura

Formato: Médio




quarta-feira, 10 de abril de 2013

"Como Dizer Adeus em Robô" (Natalie Standiford)


Esta história tem tudo para se tornar cult também no Brasil. Ela realmente promete! Eu amei a sinopse; aliás, só se encontra algo sobre o livro em inglês. Mas a editora Record promete lançar ainda este mês a versão brasileira. É torcer e já começar a contar os segundos, como eu. 



Nesta história que já se tornou cult nos Estados Unidos, dois jovens desajustados são intensamente atraídos um pelo outro. Jonah é um adolescente solitário e sarcástico. Bea é uma garota incompreendida pela mãe, uma mulher emocionalmente instável que apelida a própria filha de robô quando ela não consegue expressar sua dor diante da morte de seu bichinho de estimação, um gerbo.

Surpreendendo os colegas, o jovem pálido e reservado, maliciosamente chamado de Garoto Fantasma por seus companheiros, se torna amigo da nova aluna do colégio. E todos ficam mais surpresos ainda quando os dois se envolvem em uma intensa relação platônica.

Imediatamente Bea se dá conta de que tem mais afinidade com Jonah do que com as garotas maliciosas e incomunicáveis que a cercam. Ela passa a confiar cada vez mais no novo amigo, mesmo quando seu passado estranho e trágico vem à tona. Certamente os adolescentes, especialmente os que vivem à margem da vida social, vão se identificar com este conto lunático e sombrio.

Além dos detalhes que permitem a este público a identificação perfeita com os personagens, a autora também tece ao longo da trama várias referências culturais, como os filmes dirigidos por John Waters e o músico ‘outsider’ Daniel Johnston. A narrativa em primeira pessoa, conduzida por Bea, vai cativar o leitor e o enredo imprevisível o manterá engajado até a última linha.

Decididamente Natalie criou nesta obra uma anti-história de amor com todos os contornos de uma narrativa cult e um sabor semelhante ao encontrado em outro livro cultuado pelos jovens leitores, As Vantagens de ser Invisível, de Stephen Chbosky. Pode-se afirmar, sem margem de erro, que ela construiu uma narrativa honesta e complexa que não passa por cima de questões perturbadoras.

Os personagens secundários, especialmente os frequentes programas de entrevistas, são retratados com um peculiar humor dissimulado. Certamente os adolescentes terão uma empatia incomum com as emoções intensas de Beatrice e Jonah, e compreenderão mais que ninguém as razões que os levaram a sentir que foram feitos um para o outro.

Natalie Standiford nasceu na cidade de Baltimore, em Maryland, nos Estados Unidos. Ela trabalhou no departamento de Livros Infanto-Juvenis da editora Random House por três anos, passando de assistente editorial a Editora Assistente. Foi um aprendizado perfeito para alguém que, como ela, já alimentava o sonho de ser escritora.

Logo descobriu que não queria ser editora, e sim autora em tempo integral. Em um período de transição, deixou o emprego efetivo e tornou-se freelancer. Iniciou sua trajetória literária escrevendo e-readers, livros de imagens e obras infanto-juvenis. Atualmente está escrevendo para adolescentes. A autora também toca baixo em uma banda chamada Tiger Beat.

Fontes: